O excesso de treino impede-nos de progredir, por isso é extremamente importante saber detetá-lo a tempo. Neste artigo referimos os quatro principais sintomas mais comuns quando padecemos deste problema.
1: FREQUÊNCIA CARDÍACA ELEVADA
Este é um dos parâmetros mais fáceis de controlar no nosso dia a dia e é um dos primeiros a surgir, indicando que algo está errado em termos de fadiga acumulada.
Vários estudos científicos demonstraram que em situações de excesso de treino (overtraining) a frequência cardíaca basal ou em repouso aumenta, ou seja, está acima dos valores habituais. Em todo o caso, salientamos que não nos devemos basear somente na medição num único dia. Para termos a certeza devemos monitorizar ao longo de alguns dias e em diferentes horas. Se a tua frequência cardíaca em repouso estiver mais elevada do que o normal durante alguns dias seguidos, sobretudo numa fase dura de treino, isto pode indicar, junto com outros parâmetros, que estamos em overtraining.
2: HRV BAIXO
O HRV (Heart Rate Variability) ou variabilidade da frequência cardíaca é outro dos parâmetros que indica se estamos ou não com excesso de treino. Basicamente, o HRV consiste no tempo que decorre entre os batimentos cardíacos. É com base nesse tempo que podemos medir a variabilidade e o estado do nosso sistema nervoso autónomo.
Se notarmos níveis baixos de HRV ou descidas no valor, isso pode significar um aumento da atividade do sistema nervoso simpático e, portanto, um predomínio de processos catabólicos, uma recuperação deficiente dos treinos e menor capacidade para reagir ao esforço intenso. Em contraste, se detetarmos um aumento do HRV, isso significa que há uma maior atividade do sistema nervoso parassimpático e um predomínio de processos anabólicos, melhor capacidade de recuperação e adaptação ao esforço.
É evidente que descidas nos valores de HRV ao longo do tempo indicam uma tendência que poderá ser coincidente com um processo de fadiga crónica ou overtraining.
3: INSÓNIAS
A nossa capacidade de conciliar o sono com o (tão desejado) efeito reparador (recuperação e assimilação dos treinos) pode diminuir quando estamos focados num período de overtraining. Esta circunstância acontece, tal como no caso da diminução do HRV, devido a uma elevada atividade do sistema nervoso simpático, que não só promove processos catabólicos (destruição de tecidos e escassa recuperação), mas também coloca o nosso organismo em situação de alerta, o que inibe a nossa capacidade de dormir e, consequentemente, de recuperar entre os treinos. Isto vai também refletir-se no nosso dia a dia (influencia o humor, o tempo de reação, a capacidade de raciocínio, etc).
4: AUMENTO DO PESO CORPORAL
Por mais paradoxal que pareça, treinar mais do que devíamos pode provocar problemas em controlar o peso corporal. Ou seja, o peso aumenta acima dos valores habituais.
A explicação reside no aumento da segregação de cortisol, uma hormona catabólica que coloca o nosso organismo sob stres, o que, por sua vez, provoca um aumento da glucose no sangue. Esses maiores valores de glucose no sangue acabam por se converter em gordura e isso explica o tal aumento de peso de alguns desportistas por excesso de treino.