Apesar de sermos ensinados desde tenra idade que o ritmo cardíaco regular é sinal de saúde, existe uma ligeira irregularidade entre cada batida cardíaca e isso pode dizer muito mais do que pensas sobre a tua saúde física e mental. E é precisamente esse o papel da Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC ou HRV em inglês). Aliás, já há vários relógios desportivos que fornecem este dado.

O CORAÇÃO COMO ESPELHO DO SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso autónomo é a chave para perceber a utilidade da VFC, dado que regula funções automáticas como a respiração, a digestão e, claro, o ritmo cardiaco. Este sistema está dividido em dois:
- Simpático: o que nos prepara e alerta, ou seja, o clássico "ação/reação".
- Parassimpático: o que nos ajuda a relaxar e a recuperar, conhecido como "repouso e digestão".
Uma boa variabilidade implica que estes dois "ramos" funcionem com agilidade e se alternem consoante as necessidades do corpo. Por isso, uma VFC alta indica flexibilidade fisiológica (ou seja, o teu corpo responde bem ao stress e recupera eficazmente). Muitos relógios desportivos medem esta variabilidade usando sensores óticos de pulso ou tecnologia HRV, o que permite monitorizar inclusive enquanto dormes.
O QUE É QUE A VFC ME DIZ SOBRE O MEU ESTADO FÍSICO E A MINHA SAÚDE?
- Fadiga ou excesso de treino. Se estás a treinar em carga há alguns dias e a tua VFC baixa de forma sustentada, pode ser sinal de que o teu corpo precisa de descanso. Ignorar este facto pode levar a lesões, fadiga crónica e falta de evolução.
- Recuperação noturna. Muitos dispositivos mostram como a tua VFC muda durante a noite. Uma boa recuperação implica uma VFC elevada durante o sono, sinal de que o teu sistema parassimpático está a fazer o seu trabalho.
- Stress emocional. Nem tudo depende de fatores físicos. Elevados níveis de stress mental também afetam a VFC. Se notares que a tua variabilidade está baixa apesar de descansares e treinares bem, podes estar a ser afetado por problemas mentais e não físicos.
- Deteção precoce de doenças. Uma descida brusca da VFC pode indicar sintomas iniciais de uma gripe, infeção ou outra patologia.
COMO INTERPRETAR OS VALORES DA VFC?
Esta é a parte mais interessante: a VFC não deve ser medida de forma universal. Ou seja, cada pessoa tem um limiar ótimo individual. Por isso, o ideal é observar a tua tendência pessoal em vez de olhar para os valores dos outros. Existem várias métricas, mas o mais fiável é usar os relógios desportivos que analizam os dados em função do nosso histórico.
CONSELHOS PARA MELHORAR A TUA VFC
- Dormir bem (entre 7 a 9 horas).
- Reduzir o stress: meditação, yoga, ou simplesmente caminhar na natureza.
- Treino equilibrado: alterna dias mais duros com dias suaves.
- Boa nutrição: adota uma dieta saudável e equilibrada.
- Evita o álcool e o tabaco: reduzem a VFC de forma significativa.
Alguns relógios possuem uma funcionalidade denominada "body battery" baseada na tua VFC diária. Analisa esses dados e toma decisões consoante esses valores.
É UMA MODA PASSAGEIRA OU UMA VERDADEIRA FERRAMENTA DE SAÚDE?
Podes pensar que se trata de mais uma moda, mas a verdade é que a VFC está a ser usada em hospitais, treinadores de elite e fisioterapeutas há décadas. A grande diferença é que agora estes dados também já estão disponíveis nos relógios inteligentes. A VFC não substitui um médico, mas pode ser uma espécie de bússola do teu corpo. Quando algo não está bem, muitas vezes este é o primeiro valor a dar o alerta.











