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Assimetrias na medição de potência: verdades e mitos

Uma das métricas interessantes fornecidas pelos medidores de potência, especialmente os que são duplos ou que medem ambas as pernas, é o equilíbrio de potência entre a perna direita e a esquerda, expresso em percentagens relativas entre as duas. Mas sabias que as assimetrias são perfeitamente normais?

MIGUEL ÁNGEL SÁEZ / FOTOS: ARTLIGHT / TOTALENERGIES

Assimetrias na medição de potência
Assimetrias na medição de potência

Muitos ciclistas ficam preocupados quando após um treino vão analisar os seus dados de potência e reparam que na perna esquerda (ou direita, tanto faz) obtiveram um dado de 48% e na outra 52%. Existe um mito que dita que a percentagem ideal é 50/50, mas isso é irreal.

SOMOS ASSIMÉTRICOS DESDE QUE NASCEMOS

Acontece, porém, que a maioria de nós é anatómica e funcionalmente assimétrica. Onde quer que esta assimetria se verifique, no alinhamento da coluna vertebral, na bacia, no comprimento ou na rotação das pernas, etc., somos, movemo-nos e manifestamos a força de forma assimétrica. Isto significa que a maioria dos ciclistas, se não praticamente todos, não geram a mesma força ou a mesma potência com as duas pernas.

Existem diferenças significativas. Na nossa experiência, os valores de equilíbrio de 49-51% a 42-58% são comuns e, na maioria dos casos, não requerem intervenção. O equilíbrio é mais desigual a baixas intensidades e, em todos os casos, tende a aproximar-se dos 50-50% a altas intensidades, porque em situações de exigência máxima os ciclistas, inconscientemente, tendem para a máxima eficiência, também biomecânica.

A maior parte destes desequilíbrios não necessita de intervenção em termos de modificações de posição, porque entre outras coisas, do ponto de vista da biomecânica, o mais eficaz é adaptar a bicicleta ao movimento do ciclista e não o contrário, pelo que em termos de rendimento e saúde é mais eficaz manter este desequilíbrio funcional do que introduzir modificações na posição do ciclista para atingir os tais 50-50%.

QUANDO É QUE DEVEMOS INTERVIR? 

Os únicos casos em que a intervenção é obrigatória é quando este desequilíbrio entre a potência gerada entre as duas pernas provoca dor, desconforto ou outras alterações funcionais no ciclista. Neste caso, o desequilíbrio pode ser um problema a ser corrigido, pois altera a saúde e o desempenho do atleta. Neste sentido, e isto insere-se no âmbito da fisioterapia e da biomecânica, é necessário fazer uma boa análise biomecânica e de posicionamento do ciclista na bicicleta, estudando os vetores de força na pedalada e outras métricas, bem como os ângulos das articulações, para saber quais os parâmetros a corrigir e assim reduzir o desequilíbrio.

Não é um processo simples, mas hoje em dia existem vários sistemas de análise e observação do movimento do ciclista que, em conjunto com a experiência de um bom bikefitter ou biomecânico, podem encontrar a solução para conseguir um equilíbrio na pedalada, quando, recorde-se, o desequilíbrio é disfuncional e prejudicial à integridade do ciclista. Pode ser necessário colocar uma palmilha diferente, mandar produzir um sapato específico, adicionar anilhas entre o pedal e o cranque e, inclusive, instalar um cranque num dos lados com uma medida diferente. 

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