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Cancro da próstata e ciclismo: mitos e verdades

Neste artigo aprofundamos esta complexa questão ("há alguma relação entre ciclismo e cancro da próstata?") recorrendo a médicos especializados em urologia.

Revista Ciclismo a fundo

Cancro da próstata e ciclismo: mitos e verdades
Cancro da próstata e ciclismo: mitos e verdades

Este tema não é novo, aliás na revista Ciclismo a fundo e mesmo aqui no site www.mountainbikes.pt já publicámos um artigo precisamente acerca deste assunto. Contudo, decidimos aprofundar ainda mais e para tal tivemos a ajuda da médica Elena Castro, a qual aborda neste artigo vários temas acerca deste tipo de cancro, nomeadamente a prevenção, diagnóstico, tratamento e estado da investigação atual. 

  • Porque é que o cancro da próstata surge e como é que podemos reduzir o risco de o contrair? 

- Estão claramente identificados alguns fatores que incrementam o risco de cancro da próstata, como a idade (é raro antes dos 50 anos), a raça (é mais frequente em homens de raça negra) e o historial familiar. Quanto ao historial, os homens cujo pai ou irmão tiveram cancro da próstata têm duas vezes mais possibilidades de desenvolver a doença, subindo para quatro vezes no caso de os familiares terem contraído a doença antes dos 65 anos. Outros fatores de risco associados como a dieta ainda estão a ser avaliados, embora se tenha concluído que parece haver uma associação com o alto consumo de produtos lácteos, bem como de carne vermelha ou hábitos tabágicos. 

Como os principais fatores de risco não são modificáveis (idade, raça e história familiar), é difícil prevenir o cancro da próstata. Por isso é recomendável fazer um exame PSA a partir dos 50 anos ou antes, no caso de homens de raça negra e/ou com antecedentes familiares. 

  • É verdade que os ciclistas têm mais risco de contrair cancro da próstata? 

- Quando falamos de PSA, referimo-nos a uma proteína produzida pelas células normais, mas também pelas células malignas da glândula prostática. A concentração de PSA no sangue é frequentemente elevada em homens com cancro da próstata. Quanto ao ciclismo, a pressão exercida sobre a próstata aumenta os níveis de PSA, simplesmente porque a massagem próstática supõe a libertação de PSA. Isso em si mesmo não é mau, não produz cancro, mas pode fazer com que nas análises sanguíneas o valor do PSA apareça mais elevado, fazendo com que o médico recomende uma biópsia e identifique um tumor que já poderia estar ali e que se não tivesse sido identificado pelo valor elevado de PSA não saberíamos que o paciente tinha a doença. 

ciclismo e cancro da prostata
 
  • Quais são os avanços mais notáveis em investigação contra o cancro da próstata? 

- Nos últimos anos avançámos muito na correta definição do estádio da doença através de novas técnicas de imagem. Deste modo é possível estabelecer melhor a extensão da doença e pode-se atingir melhores resultados com os tratamentos. As técnicas cirúrgicas e de radioterapia foram aperfeiçoadas para ter menos efeitos secundários e na última década foram desenvolvidos muitos tratamentos para a gestão da doença em estado avançado que conseguem prolongar a duração e a qualidade de vida destes doentes. 

Um dos avanços mais significativos foi a descoberta de que as formas mais agressivas destes tumores, muitas vezes são associadas a alterações genéticas que podem ser hereditárias. Graças a estas investigações recentes, recomenda-se que todos os doentes com cancro da próstata metastisado sejam submetidos a exames para comprovar certas alterações genéticas, relacionadas com um diagnóstico pior, não só para tratar melhor os doentes, mas também para diagnosticar de forma prematura outros tumores em membros da família. 

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