Dicas e Truques

Como reparar uma avaria grave em plena estrada

Quem anda de bicicleta sabe que pode sofrer em qualquer altura um furo ou um problema nos travões e mudanças. Saber resolver no próprio local estes problemas pode ser a salvação e evitar estragar um dia de aventura. 

José V. Gisbert. // Fotos: Álvaro Palomar

4 minutos

Como reparar uma avaria grave em plena estrada

FERRAMENTAS NECESSÁRIAS

1. Pedaço de pneu velho 

Para evitar que a câmara de ar rebente nessa zona rasgada do pneu podemos colocar um pedaço de pneu antigo, ou como último recurso um pedaço de cartão. O pneu não ficará perfeito, mas vai permitir chegar a casa. Devemos encher o pneu com menos pressão do que o habitual, caso contrário não funcionará. 

2 - Furo ou corte na câmara de ar  - quando não temos remendos ou câmara extra -

Dá dois nós bem apertados precisamente na zona do corte ou furo usando um objeto afiado como uma pedra ou metal, puxando pouco a pouco a partir do corte. Não enchas muito a câmara de ar, caso contrário os nós poderão desapertar. Depois, evita andar rápido. 

3 - Raio ou cabeça do raio partidos

Se um dos raios se desapertar, caso tenhas travões de aro podes abrir a ponte do travão para que não roce nas pastilhas. No entanto, se for mais grave e o raio estiver completamente partido e solto, podemos desapertar ligeiramente os dois raios adjacentes no sentido dos ponteiros do relógio, para compensar. Será necessário usar uma braçadeira ou corda para atar o raio solto a outros, de modo a não se encaixar noutros elementos da bicicleta, o que poderia provocar mais danos.

4 - Cabo do desviador partido

Quando nos esquecemos de trocar de cabos, geralmente quando eles começam a desfiar, por vezes partem-se, fazendo com que a transmissão deixe de ter tensão e a corrente fique no carreto mais pequeno. Para podermos voltar a casa com uma desmultiplicação mais confortável, devemos apertar (no sentido dos ponteiros do relógio) o parafuso limitador do desviador. Isto fará com que a corrente suba alguns carretos. 

5 - Cabo do desviador dianteiro partido

Neste caso, que é menos grave do que o anterior, podemos optar por deixar a corrente no prato grande ou no pequeno, dependendo do perfil da estrada que falta percorrer até chegarmos a casa. Para continuar no prato grande, devemos apertar o parafuso do limitador inferior até oferecer resistência. Para o pequeno, apertamos pouco, de modo a não roçar nos carretos pequenos. 

6 - Patilha, polia das roldanas ou desviador torto

Devido a uma queda ou pancada, a patilha do dropout, a polia das roldanas ou o próprio corpo do desviador podem ficar tortos. Para resolver este problema, devemos segurar com firmeza o desviador com uma mão e endireitar com a outra. Depois, temos de ajustar tensão do cabo e não devemos usar os carretos grandes, caso contrário o desviador poderá entrar na zona dos raios, provocando um problema ainda maior. 

7 - Corrente partida ou dobrada em vários sítios

Se a corrente partir num elo, deve ser retirado e fechado, mas se for em vários sítios o método é distinto. Nesse caso, temos de retirar a zona afetada e deixar o comprimento adequado para que passe pelo prato e carreto escolhidos, mas sem que fique com uma tensão excessiva (o que poderá fazer com que se parta outra vez ou danifique os rolamentos). 

8 - Dropout ou desviador partidos

Tal como no caso anterior, temos de cortar a corrente e deixar a combinação prato/carreto que quisermos, mas se o dropout estiver partido temos de retirar o desviador (com o seu cabo e bicha) para que não fique pendurado e danifique a transmissão. Caso o próprio desviador esteja muito danificado, temos de o retirar, desapertando o parafuso que o une ao quadro. Devemos deixar a corrente com a tensão justa. 

9 - Se sair uma roldana do desviador

Se nos esquecermos de rever os parafusos das roldanas, podem soltar-se e, se não dermos conta, podem sair em pleno andamento. Se não encontrarmos a roldana perdida, podemos usar um parafuso que segura os bidons - ou uma braçadeira - como substituto temporal. Se perdermos a roldana superior, temos de a substituir pela inferior e colocar o parafuso correspondente.

10 - Se perdemos um parafuso do avanço (1)

Nunca devemos usar uma bicicleta sem um dos parafusos que seguram o avanço ao tubo da suspensão. Uma das soluções passa por usar um dos parafusos que segura o porta-bidon, mas apenas como solução de último recurso. 

11 - Se perdemos um parafuso do avanço (2)

Se os parafusos dos porta-bidons não servirem (por serem curtos ou terem uma medida diferente) podemos usar - como medida excecional e temporária - um dos parafusos que prende o guiador ao avanço, desde que esse sistema use quatro parafusos para o efeito e nunca se usar somente dois. Deves ter cuidados extra em estradas em mau estado, para evitar que o guiador se mova. 

12 - Fissura ou quebra no espigão de selim

Devido a um binário de aperto excessivo do parafuso que prende o espigão ao quadro, há espigões de carbono que se partem ou apresentam fissuras. O mesmo acontece em caso de queda. Uma solução passa por desapertar ligeiramente o parafuso e baixar o espigão, para que a fissura fique dentro do quadro. Cuidado ao apertar o parafuso, usa sempre uma chave dinamométrica para evitar problemas. 

13 - Carris do selim tortos

Um aperto excessivo, uma pancada, queda ou defeito de fabrico podem provocar a quebra de um ou dos dois carris do selim. Se adiantarmos ou recuarmos o selim - fazendo com que a zona partida fique dentro da área de fixação - podemos chegar ao nosso destino, desde que evitemos fazer demasiada pressão no selim. 

14 - Falha nos linguetes do cepo

Se estivermos a pedalar e a corrente fizer rodar os carretos, mas não sairmos do mesmo sítio, quase de certeza os linguetes do cepo não estão a engrenar corretamente. Para resolver temporariamente este problema, podemos unir a cassete aos raios da roda com braçadeiras de plástico ou atacadores, evitando pedalar com força até o sistema ser reparado. 

 

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