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Como organizar a tua viagem de sonho e enfrentar as subidas míticas da Volta a França

Galibier, Izoard, La Bonette, Alpe D´Huez, Granon... estas são as férias de sonho de qualquer ciclista! Neste artigo mostramos a nossa experiência e damos algumas dicas.

Fran Chico, Carles Valles, José Antonio Maroto e Javier Chico.

Como organizar a tua viagem de sonho e enfrentar as subidas míticas da Volta a França
Como organizar a tua viagem de sonho e enfrentar as subidas míticas da Volta a França

Este ano, para não fugir à regra, decidimos passar as férias a pedalar e o destino escolhido foram os Alpes franceses, no final de Junho. O objetivo era subir algumas das principais subidas míticas da Volta a França. Fomos de carro e a primeira paragem para dormir foi em Barcelona. Quando chegámos a Briançon, aproveitámos para subir e descer o Col du Granon, cujo topo está a 2.404 metros de altitude. Foi nesta subida que Vingegaard mudou o rumo do Tour de 2022, deixando Pogacar completamente vazio de forças. Nesta primeira grande subida, apanhámos 12 km a 9% de inclinação e não tivemos muito tempo para apreciar aquilo que tínhamos feito, dado que o frio não dava tréguas e mesmo com o cortavento vestido na descida sofremos um pouco. 

alpes case deserte

Um pequeno almoço bem abastecido com croissants acabados de fazer deixou-nos com as energias no máximo para mais uma jornada de montanha no dia seguinte. Tínhamos pela frente 100 km com partida e chegada em Briançon e com uma das subidas mais carismáticas: Izoard. Este percurso está muito bem marcado e tem zonas espetaculares, como Gorges du Guil, um desfiladeiro que nos leva até às primeiras rampas da subida pela vertente sul.

São 14 km sempre a subir com uma inclinação média de 7,5%. Embora nos primeiros quilómetros não passe de 5% de inclinação, foi a zona onde mais sofremos. O calor era imenso e felizmente encontrámos duas fontes de água que nos salvaram a vida. O cenário ficou mais difícil a partir de La Chalp, com rampas que superam os 10% de inclinação. Perto do topo, após uma curva, a paisagem é estranha e ao mesmo tempo fascinante: Casse Déserte. Este local, com enormes monolitos, evoca um universo lunar único nos Alpes. Nesta zona há uma descida de 400 metros um pouco antes do monumento que homenageia duas lendas do ciclismo: Louison Bobet e Fausto Coppi. Depois, faltam somente 2 km até ao topo do Col d´Izoart, a 2.360 metros de altitude. Estes 2 km têm três magníficas curvas com uma pendente que ronda 9%. No topo está um pequeno museu do ciclismo. Não tivemos muito tempo para o ver nem para tirar fotografias, porque a chuva fez questão de marcar presença, acompanhando-nos toda a descida até chegarmos a Briançon. 

alpes detrale (4)

No dia seguinte, tivemos de passar a primeira hora numa loja de bicicletas, para instalar uma cassete "mais generosa" numa das nossas bicicletas. Todos, excepto um dos elementos do grupo, traziam uma cremalheira pequena de 34 dentes e uma cassete com o carreto maior também de 34 dentes. Tendo em conta a quantidade de subidas, é bom precaver e ter uma desmultiplicação destas para os momentos de maior sofrimento. Como tínhamos de ir buscar os dorsais do Granfondo La Marmotte - no qual iríamos estar presentes no dia seguinte - aproveitámos a manhã para subir o Col Angel. Foi precisamente nesse dia que reabriu o tráfego após o Inverno. Aos 2.744 metros está a fronteira com a Suíça. É uma subida espetacular, mas com muito vento. E os ultimos 20 km são mais duros (a 6,6% de média). 

MARMOTTE

O grande objetivo da viagem era fazer o Granfondo Marmotte, um dos mais famosos em toda a Europa. São 177 km com 5.000 metros de desnível, portanto é mesmo muito duro, sobretudo porque há um tempo limite para chegar ao sopé do Alpe d´Huez. Felizmente, nos últimos anos a organização criou uma opção adicional - denominada Rando des Marmottes - em que é possível dividir o percurso em dois e a própria organização encarrega-se de levar a nossa mochila para passarmos a noite em Valloire. 

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Encontrámos um grupo de 500 ciclistas que também optaram por esta segunda opção (no domingo partiram mais de 4.000). No sábado percorremos 97 km desde Bourg d ´Oisans a Valloire, subimos o Glandon (21 km a 5,5%), e os restantes 79 km ficaram para domingo. Em cada dia o acamulado foi de mais ou menos 2.700 metros. No segundo dia a jornada começa com a subida do interminável Galibier, o meu favorito pela paisagem, com o topo situado a 2.642 metros de altitude, após subir 17,5 km a 6,9% de desnível e o Alpe d´Huez. É lá que se situam as famosas 21 curvas com as placas que indicam os nomes dos ciclistas que ganharam uma etapa. Após superarmos os 14 km (com 7,5% de desnível médio), recebemos a medalha de finisher e depois fomos comer. A inscrição custa 85 euros e vale mesmo a pena, com abastecimentos variados e de boa qualidade. No site www.marmottegranfondoalpes.com/en/ encontrarás mais informações. 

Também aproveitámos para subir o Col de la Bonette pela estrada mais alta da Europa, com os seus 2.804 metros de altitude (a de Veleta é a mais alta, mas não está transitável). Ficámos alojados na casa de uma família que mora mesmo no local perfeito, no sopé da subida (Maison Familiale des Gueyniers). Sentimo-nos em casa e é baratíssimo. 

alpes la bonette

O Col de la Bonette tem 23 km a 6,8% de inclinação e é preciso guardar forças para a dura parte final. No topo, ficámos impressionados com a quantidade de motas que encontrámos. Por isso, também recomendamos cautela em todas as descidas, devido à quantidade de carros, motas, autocaravanas e ciclistas. 

Foi assim a nossa "Volta a França entre amigos". Não percorremos uma imensidão de quilómetros de bicicleta - foram só 381 km - mas com 10.899 metros de desnível positivo acumulado. Ficámos com as pernas cansadas, mas com muita vontade de repetir a dose, desta vez no Tourmalet e a outro colosso dos Pirenéus. 

Esperamos que tenhas gostado das dicas e se possível faz esta viagem em grupo. É mais seguro e caso surja um problema, tens quem te auxilie. 

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