A região de Jura e dos três lagos pertencem ao cantão que faz fronteira com França na zona noroeste da Suíça, com destinos menos conhecidos mas onde descobrimos paisagens impressionantes! É aqui se situam as montanhas Jura que são as “irmãs” mais pequenas dos Alpes Suíços e o Creux de Van, o “Gran Canyon” Suíço.

Na Suíça há um total de 12.000 quilómetros de rotas de bicicleta divididas entre BTT e estrada! Este tour de três dias levou-nos por destinos menos conhecidos, mas não menos impressionantes! Pedalámos em estradas de alcatrão rodeadas por floresta e quintas agrícolas, onde o trânsito praticamente não existe! Podes consultar e inspirar-te no site do turismo da Suíça onde também encontras uma agenda de eventos de ciclismo a decorrer em todo o país.

Caso tenhas interesse numa empresa que realiza este tipo de tours para não teres que te preocupar com nada, recomendamos a Out&About Switzerland – Trekking: https://www.switzerlandtrekking.com.


Chegámos de comboio a Saint Ursanne, uma aldeia medieval junto ao rio Doubs com centenas de anos de história, rodeada de floresta e perfeita para pernoitar. A igreja de estilo barroco e gótico datada do século XII destaca-se entre as casas de paredes e portadas coloridas. Saint Ursanne teve em tempos um castelo, mas como esta aldeia fica muito próxima da fronteira com França, não escapou às invasões napoleónicas que destruíram o castelo pedra por pedra e usaram-nas para fazer estradas em França!
PRIMEIRO DIA: 38 KM (550M DE ACUMULADO POSITIVO E 540M NEGATIVO)
No primeiro dia do nosso tour, destacamos o início da volta em Saignelégier, município onde se localiza o Etang de la Gruère. Este é um lago inserido numa reserva natural numa zona de beleza ímpar, extremamente calma e onde pouco se nota a presença humana. O reflexo de toda a paisagem nas águas do lago torna ainda mais evidente a beleza deste espaço formado nos últimos 12.000 anos.

Chegámos até aqui pela estrada número 7 e seguimos sempre pela mesma, passando pelo planalto das montanhas francas, apreciando paisagem campestre. Não faltam prados, cavalos e gado a pastar. O verde é a cor predominante e as quintas rurais como paisagem de fundo levaram-nos até ao topo do Mont Soleil, para depois descer até La Chaux de Fonds.

SEGUNDO DIA: 42,5 KM (400M DE ACUMULADO POSITIVO E 660M NEGATIVO)
Na Suíça há 13 locais que são Património Mundial da UNESCO, La Chaux de Fonds é um deles e estivemos lá! Cresceu pelo fabrico de relógios e, tal como Lisboa, teve um grande incêndio (em 1794) tendo sido reconstruída em 1830 com as ruas retas e perpendiculares tal como temos na baixa da capital portuguesa.

Esta reconstrução do desenho das ruas tinha como objetivo aproveitar o maior número de horas de sol possível para facilitar o fabrico dos relógios e manuseamento de peças pequenas. La Chaux de Fonds foi também a cidade berço da Chevrolet no ano de 1878. Curiosamente antes de enveredar pelo ramo automóvel foi mecânico de bicicletas!


Nesta cidade, recomendamos ir ao topo do edifício do turismo apreciar a maravilhosa vista. Seguimos para a nossa volta de bicicleta, sempre na estrada número 7 com o alcatrão a rasgar o verde dos campos e das quintas. Passámos por La Sagne e parámos numa das quintas para comer um maravilhoso gelado que se vende numa loja “self service”. Simplesmente tirámos da arca e deixámos o dinheiro num mealheiro!


Em Les Ponts-de-Martel o rio (Le Grand Bied) acaba de uma forma repentina! A nossa viagem é que não acabou nessa altura e ainda seguimos até Môtiers em Val de Travers, onde passámos a ter outro rio ao nosso lado, o L’Areuse. Môtiers é onde podes conhecer a história da famosa bebida absinto (originário daqui desde 1797) e claro, degustar!

TERCEIRO DIA: 52 KM (900M DE ACUMULADO POSITIVO E 1.160M NEGATIVO)
A melhor paisagem desta viagem: o Creux du Van a 1380 metros de altitude! Inserido numa área de reserva natural, trata-se de uma formação rochosa natural circular com paredes de 160 metros de altura e cerca de um quilómetro e meio de comprimento! É uma espécie de Gran Canyon, mas na Suíça. A vista panorâmica é deslumbrante e ao mesmo tempo impressionante! Se a fome ou sede apertar, podemos contar com o restaurante Le Soliat. Há 22 mil anos, existiam aqui glaciares de gelo...

Descemos a partir do Creux du Van e seguimos em direção a Noiraigue usando agora a estrada 412, a mesma que também usámos para subir. Em Noiraigue estávamos a 729 metros acima do mar e foi aqui decifrámos o mistério do dia anterior (de o rio Le Grand Bied ter “desaparecido”). Este rio reaparece em Noiraigue, numa pequena mas ruidosa queda de água. Percorre apenas 700 metros e desagua noutro rio que já no dia anterior vimos e que nos acompanhou também: o L’Areuse.

A viagem prosseguiu, mas antes fizemos uma paragem, na reserva natural Gorges de l’Areuse, para mais uma vez ficarmos encantados com este estreito desfiladeiro ao longo do Rio Areuse. Há rochas gigantescas por cima de nós e pontes de pedra no meio da vegetação.

E quando começámos a ver o enorme lago de Neuchâtel, que fica no sopé do lado sul das montanhas Jura, conseguimos também vislumbrar ao longe, os Alpes Suíços cobertos de neve! A viagem estava perto do fim com o grupo a pedalar por ciclovias à beira deste enorme lago durante algum tempo, tal é a dimensão deste recurso de água. É o maior lago inteiramente suíço e tem 38 quilómetros de comprimento e 8 de largura. Juntamente com o Lago Léman e o Lago Bienne são os maiores lagos da Suíça e os três situam-se no sopé das montanhas Jura.

Já Neuchâtel é uma cidade grande de 32.000 habitantes e sede de muitas empresas relojoeiras. Apetece ficar aqui mais tempo para conhecer o castelo, os hotéis, cafés, ou simplesmente repousar nos inúmeros paredões junto ao lago. É uma cidade turística com charme, com muitos museus, universidade e ótima rede de transportes!
