TESTE EXCLUSIVO: 6 GPS de ciclismo

Depois de termos testado um dos melhores GPS à venda no mercado nacional (o iGPSPORT IGS800), decidimos aprofundar mais o tema e testar 6 GPS de outras marcas, comparando as mais-valias, os pontos a melhorar e, sobretudo, a fiabilidade e facilidade de utilização.

A navegação atual na era dos dispositivos GPS, das aplicações para smartphones e de plataformas como o Komoot tornou-se uma brincadeira de crianças. Atualmente, e em poucos minutos, o GPS está pronto para nos levar onde quisermos. Só precisamos de ter conhecimentos técnicos médios. Não admira que os GPS continuem a ser muito populares entre muitos entusiastas do BTT, apesar de também ser possível recorremos ao GPS do telemóvel.

Para testar os seis GPS para bicicleta aqui mencionados, em duas categorias de preço, foram recolhidos dados técnicos de todos os aparelhos, foi montada uma configuração básica com vários perfis de utilizador, sensores ligados e rotas preferidas. Os duelos entre fabricantes, em termos de preço, revelaram-se interessantes. Isto porque os modelos mais caros, pelo menos no caso da Garmin e da Sigma, dificilmente podem ser comparados com os seus concorrentes mais baratos da mesma marca. Um maior conjunto de funcionalidades, especialmente em termos de opções para treino, bem como a questão do “mapa ou seta”, separam claramente as categorias de preço da Garmin e da Sigma.

Na Garmin, o Edge 130 Plus oferece funcionalidades relativamente limitadas, enquanto o Edge 540 (Solar) tem um manuseamento complicado, tornando preferível o Edge 840 com ecrã tátil, embora este último custe mais de 470 euros. A Sigma oferece um excelente desempenho para o preço em ambos os casos, ganhando tanto a recomendação de compra ideal como a classificação geral no teste.

Quanto à Wahoo, a situação é diferente: o Bolt mais pequeno aproxima-se muito do conjunto de funcionalidades do Roam, mais até do que a diferença de preço poderia sugerir, e também ganha uma recomendação de compra. Configurámos os dispositivos através da aplicação, do PC e diretamente no próprio dispositivo, sempre que possível. Além disso, avaliámos a forma como registam e captam o mesmo percurso, como reagem quando se desviam do mesmo e a eficácia com que navegam até ao destino pretendido. Embora este teste tenha sido originalmente planeado como um duelo entre dispositivos baratos e caros do mesmo fabricante, surgiram diferenças claras, como veremos.

GARMIN EDGE 130 PLUS

Se estiveres à procura no segmento de preço mais baixo dos GPS Garmin, encontrarás o discreto 130 Plus. No entanto, o seu chassis extremamente compacto, protegido contra a água e a sujidade de acordo com a norma IPX7, não esconde um navegador completo, uma vez que não oferece um ecrã com mapas e não mostra os cruzamentos de estradas. Em todo o caso, no seu ecrã em escala de cinzentos super legível, é possível seguir percursos previamente importados, com indicações de viragem fornecidas pela aplicação. Isto funciona muito bem e de forma fiável, embora demore um pouco a habituarmo-nos.

O tempo de resposta para virar, fazer zoom e tirar o zoom é muito baixo, e o manuseamento é extremamente intuitivo e claro. Ainda assim, o 130 Plus não pode competir em termos de orientação de rotas com “verdadeiros GPS” como o Rox 12.1 Evo ou o seu “irmão” mais caro. Também não beneficia de uma maior duração da bateria devido ao ecrã de rotas reduzido. As 12 horas de duração da bateria indicadas pelo fabricante são de certa forma realistas, mas no nosso comparativo, o dispositivo durou cerca de dez horas, o que é suficiente para treinos e percursos normais, mas sugerimos que o carregues depois de cada viagem. Felizmente, só precisas de 1,5 horas para carregar totalmente a bateria.

Em termos de funções, para além dos dados habituais, como a velocidade e a distância, também apresenta e regista os valores de treino relacionados com os sensores de frequência cardíaca, cadência e potência. Não dispõe de funções específicas para bicicletas elétricas. A função “Climb Pro” deteta subidas, mas apenas em percursos pré-planeados. Também mede valores de BTT, como saltos. Além disso, permite o emparelhamento com rolos inteligentes e possui um acompanhamento em tempo real. Se um salto correr mal, o pequeno Garmin pode detetar quedas e enviar uma notificação de emergência para contactos predefinidos.

CONCLUSÃO: Se a simplicidade de funcionamento é o que mais valorizas, vale a pena ponderar comprar este Edge 130 Plus, que é bastante leve. O ecrã monocromático é legível, embora não inclua mapas.

FICHA TÉCNICA

• As rotas pré-planeadas são apresentadas no ecrã do Edge 130 Plus com uma linha com uma margem preta. A navegação só funciona com a aplicação Garmin Connect emparelhada. 

• A apresentação dos dados de ciclismo é perfeitamente legível, apesar de o ecrã medir apenas 37 x 27 mm. As informações também podem ser transferidas para um relógio de fitness.

GARMIN EDGE 540 (SOLAR)

A tecnologia solar do topo de gama Edge 1040 GPS também se encontra em aparelhos mais baratos. A entrada na energia solar, fornecida pela “mãe natureza”, está incorporada neste Edge 540 Solar, que tivemos a oportunidade de testar. Embora atualmente ainda esteja presente em outros modelos, a opção solar estará em breve disponível apenas no Edge 840 Solar, mais caro. O 540 continuará sem painel solar, custando 370 euros e oferecendo 26 horas de autonomia. Para garantir a comparabilidade das nossas medições, cobrimos os painéis solares. Assim, a bateria, tal como o mais pequeno Sigma Rox 11.1 Evo, conseguiu cerca de 22 horas de gravação de trajetos (com energia solar seriam mais de 32 horas), o que é um recorde para um GPS com um ecrã grande e fácil de ler.

Quanto ao manuseamento, a disposição dos botões e a navegação através dos menus para um controlo sem erros foi considerada por vários dos nossos colegas de redação como difícil de aprender e por vezes confusa. Esta complexidade poderia ser tratada mais facilmente com o ecrã tátil do Edge 840, que a Garmin oferece por 470 euros sem a função solar como dispositivo autónomo. Mesmo a aplicação, que, embora abrangente, parece um pouco sobrecarregada após a última grande atualização, não facilita muito a configuração do dispositivo.

No que diz respeito à navegação, é muito boa. A representação dos percursos nos mapas, que não são nem demasiado detalhados nem demasiado simples, é impecável, como é habitual na Garmin. Oferece também uma grande quantidade de análises para os treinadores, com características de destaque como as recomendações de treino adaptativas, que permitem criar planos de treino personalizados com base no teu nível de fitness, bem como a análise pré-percurso em termos de carga física. Também é possível emparelhar com bicicletas elétricas compatíveis, e o 540 permite a configuração individual dos campos de dados habituais, bem como mensagens de erro.

CONCLUSÃO: A longa duração da bateria, mesmo sem a função solar, é um forte argumento de compra. No geral, o Garmin 540 é um excelente dispositivo de navegação e companheiro de treino, com ligeiras fragilidades no seu manuseamento.

FICHA TÉCNICA

• A visualização em coluna permite ver vários parâmetros ao mesmo tempo. Esta função é prática e evita a procura constante nos vários submenus disponíveis.

• Nos submenus, as mensagens “pop-up” no ecrã do Edge 540 ocultam elementos importantes do ecrã. As entradas de menu selecionadas são claramente marcadas com uma moldura azul.

SIGMA ROX 11.1 EVO

O pequeno Rox oferece navegação GPS a um “preço de entrada de gama”. Leva apenas dez segundos para começar a funcionar, duas vezes mais rápido do que o seu concorrente direto, o Garmin Edge 130 Plus. No entanto, ao procurar um sinal GPS estável, demorou mais tempo durante os nossos testes, embora apenas quando partiu de uma posição desconhecida. Uma vez estabelecida a ligação ao satélite, destaca-se pelo seu baixo consumo de energia.

No nosso comparativo com todos os dispositivos, conseguiu 22 horas de utilização, partilhando o primeiro lugar com o Edge 540, sem considerar a função solar deste último. Devido ao seu formato, o ecrã parece um pouco limitado, mas a representação das cores oferece uma boa estrutura e visibilidade, e é pouco refletor, pois é mate. Do ponto de vista visual, tudo está bem coordenado: a estrutura clara dos menus permite uma utilização muito intuitiva e rápida, e os botões grandes e bem concebidos são fáceis de premir, mesmo em estradas esburacadas. Dada a sua relação preço/desempenho, que começa nos 170 euros, é compreensivelmente limitado em termos de funções de navegação. Embora a navegação por setas para seguir percursos pré-carregados funcione muito bem, oferece pouco mais do que isso. A aplicação fácil de utilizar permite carregar o itinerário no dispositivo, que depois aparece como uma linha a seguir. Mostra também o percurso efetivamente percorrido.

Em termos de conectividade com sensores externos, cobre quase todas as necessidades. Para além de padrões como o ritmo cardíaco, a cadência, a potência e a seleção de velocidades em mudanças eletrónicas, também é compatível com os “smart trainers”. A integração de funcionalidades e-MTB, como a visualização do nível da bateria e outros dados, é exemplar, embora a profundidade da informação dependa do fabricante da bicicleta e do sistema utilizado.

CONCLUSÃO: O Rox 11.1 tem um design compacto e a sua utilização é muito intuitiva. Tem uma bateria duradoura e uma grande conetividade com sensores externos. A navegação por setas, em vez de mapas, é simples, mas funcional.

FICHA TÉCNICA

• Tal como o Garmin mais barato, o Rox 11.1 Evo permite a navegação GPS através de uma aplicação vinculada. Seguir as rotas preparadas com antecedência é simples graças à visualização das bifurcações ou cruzamentos.

• O Rox mais barato é melhor do que o mais caro e o manuseamento é mais fácil graças aos botões sobredimensionados e com rugosidades. Além disso, estão etiquetados com símbolos claros e compreensíveis.

SIGMA ROX 12.1 EVO

Por menos de 400 euros, o Rox 12.1 EVO é um GPS com ecrã tátil e funções inteligentes. Pesa 109g e é o mais pesado deste comparativo, embora por pouco. Desde que o ligamos até estar pronto para gravar o percurso demora cerca de um minuto, um valor aceitável. O corpo do aparelho é robusto e o seu chip inclui muitas funcionalidades. Destaca-se a elevada compatibilidade com sensores, incluindo rolos inteligentes, medidores de potência, bicicletas elétricas e mudanças eletrónicas. Tem seis perfis desportivos pré-instalados, mas é possível adicionar mais 20, para a máxima polivalência. Inclui treinos, sistema de deteção de quedas com alarme, mas não tem Live Track. Este GPS recorre aos três principais sistemas de geolocalização e é compatível com todos os standards em termos de conetividade, incluindo Wi-Fi.

As funções de navegação estão a um nível muito elevado e toda a navegação por GPS é bastante simples, mais ainda do que na marca líder de mercado, a Garmin.  Embora o ecrã seja ligeiramente refletor, é legível. Além disso, a função “Draw my route” é uma característica única e divertida.

O maior ponto forte do Rox 12.1 é a interface extremamente intuitiva, e não nos referimos somente à funcionalidade tátil. Os menus estão bem estruturados, com um design ordenado e todas as funções são fáceis de encontrar. No entanto, os botões “sem nome” poderiam ter alguma inscrição ou símbolo. A aplicação Sigma também é muito boa, com uma estrutura clara, precisa e simples. Mas nem tudo é perfeito, dado que a bateria tem uma duração de 16 horas, não chegando aos valores de outros GPS aqui testados, incluindo alguns da mesma marca.

CONCLUSÃO: Em termos de facilidade de utilização, o Rox 12.1 Evo supera a concorrência. Graças ao seu excelente ecrã de mapas, a navegação é muito fácil e a aplicação, o ecrã e a conectividade são igualmente impressionantes.

FICHA TÉCNICA

• Com um movimento do dedo, podes desenhar uma rota aproximada no ecrã e o Rox converte-a num track. A função “Desenha a minha rota” quebra a rotina e oferece ideias para novos passeios.

• Com cinco botões para controlar o menu, é fácil perderes-te. Felizmente, o Rox 12.1 tem um ecrã tátil que responde muito rapidamente.

WAHOO ELEMNT BOLT V2

Ecrãs mate, altamente legíveis com 64 cores, a melhor conectividade de sensores e um manuseamento simples tornaram os dispositivos Wahoo populares. No entanto, o aparelho da empresa americana requer definitivamente um smartphone como parceiro, uma vez que algumas funções só podem ser configuradas através da aplicação. O menu de configuração do próprio aparelho é minimalista, mas claro e organizado. Para os “veteranos” que aprenderam a fazer percursos baseados em mapas, a dependência do smartphone pode parecer estranha, mas para a grande e maioritariamente jovem comunidade de utilizadores, a quem a empresa chama carinhosamente “Wahooligans”, este é precisamente um argumento de compra. Partilhar percursos, gostar ou competir uns com os outros é uma parte essencial dos dispositivos Elemnt. Por isso, a Wahoo não oferece a sua própria aplicação para a criação de percursos. Isto só é possível através de software de terceiros, como Komoot, Strava e outros, cujos percursos são depois importados para a aplicação Elemnt e transferidos sem fios para o dispositivo. No entanto, o método clássico de transferência com fios a partir do PC, que também é oferecido pela Garmin e pela Sigma, é possível com o Elemnt Bolt. A aplicação para PC da marca, “Systm”, centra-se inteiramente na gestão personalizada do treino e também pode ser cobrada (150 dólares por ano).

O desempenho de ambos os dispositivos Wahoo é muito semelhante: o arranque demora cerca de 45 segundos e a duração da bateria estabiliza nas 15 horas. A diferença mais notável é o ecrã mais pequeno do Bolt, embora todas as métricas de treino possam ser ampliadas consideravelmente. No entanto, na vista de mapa, é muitas vezes difícil distinguir os pormenores, mesmo no modo de zoom. Ainda assim, a navegação é muito mais clara do que com uma simples representação de setas.

CONCLUSÃO: O Bolt destaca-se pela sua lógica de funcionamento intuitiva, aplicação poderosa e excelente conectividade. É necessário fazer algumas concessões no planeamento de rotas, mas o Bolt oferece navegação por mapas a um preço justo.

FICHA TÉCNICA

• O menu de configuração do aparelho limita-se às funções essenciais. Tens à tua disposição mais opções de configuração através da aplicação para smartphone associada. 

• Se quiseres manter a visualização minimalista, podes ampliar o ecrã a qualquer momento para o tamanho máximo em ambos os dispositivos Elemnt utilizando os botões de zoom, sem ter de aceder aos menus de configuração.

WAHOO ELEMNT ROAM V2

Este grande ciclocomputador, que com 99 g não é demasiado pesado, recorre a sete sistemas de satélite, o que tem um impacto positivo na estabilidade do sinal. Mesmo em locais remotos e áreas densamente povoadas, a ligação quase nunca se perdeu durante o teste. A duração da bateria na medição comparativa foi de 15 horas. Com uma memória de 32 GB, o Roam faz jus ao seu nome e convida-nos a vaguear e a registar atividades extensas, enquanto o Bolt oferece apenas metade dessa capacidade. Além disso, o Roam oferece algumas funcionalidades adicionais em relação ao seu irmão mais pequeno.

Tem duas barras LED em vez de uma para apresentar os dados, bem como um giroscópio, uma bússola e um acelerómetro. Graças ao seu ecrã maior, a orientação com o Roam é mais fácil do que com o Bolt, uma vez que o ambiente que rodeia o utilizador é apresentado em tamanho maior em cada nível de zoom. Isto é especialmente útil quando se trata de encontrar uma rota ou de navegar para um ponto de interesse (POI). Quando se trata de competições virtuais, o Wahoo oferece uma funcionalidade muito fiável e reconhece imediatamente todas as subidas de um percurso carregado, de forma ainda mais precisa e rápida do que a concorrência. No entanto, tal como o Bolt, o Roam não permite o planeamento de percursos diretamente no dispositivo ou na aplicação: tens de recorrer a serviços de terceiros, como o Komoot ou o Strava.

Em termos de conectividade, o Bolt e o Roam estão em pé de igualdade, e ambos são reconhecidos como os melhores neste aspeto. Destaca-se a compatibilidade com mudanças eletrónicas, avisos de radar de proximidade via ANT+ e, claro, funções de e-bike. Até os sistemas de monitorização da pressão dos pneus ou os sensores de oxigénio muscular podem ser apresentados para os ciclistas mais conectados. 

CONCLUSÃO: O Roam, como é típico da Wahoo, é especialmente interessante para os entusiastas do treino e dos dados. Mas graças ao seu ecrã maior em comparação com o Bolt e à sua potente receção GPS, é também um navegador sério.

FICHA TÉCNICA

ASPETOS A TER EM CONTA

• Uma característica única do Roam são as barras de LED, que representam visualmente os valores de desempenho e podem ser personalizadas. O Bolt oferece apenas uma barra.

• Por vezes, a representação do mapa no dispositivo carece de contornos, o que dificulta a visão global. Só quando aumenta o zoom é que os pontos de referência se tornam muito mais claros.