Tradicionalmente, este tipo de bicicletas tem um carácter descontraído, mas há uma tendência crescente para desenvolver bicicletas de endurance com capacidades mais desportivas, dando prioridade ao conforto do ciclista. E como é que se consegue isso? O comportamento de uma bicicleta é muito condicionado pela sua geometria. Se for mais desportiva, tem ângulos quase verticais de 72 a 74º na direção e de 73 a 75º no selim, o que torna a bicicleta ágil e nervosa.
O comprimento das escoras afeta a aceleração da bicicleta: uma medida de 405 a 410 mm facilita uma grande reatividade, e de 415 a 420 mm proporciona uma maior estabilidade. A posição do ciclista também é influenciada pelo comprimento dos tubos. O tubo superior mais comprido significa pedalar mais deitado, diferença que também se nota com a variação da altura da direção. O design do quadro, a disposição das fibras de carbono e a escolha de alguns dos seus componentes afetam a sensação de rigidez e a tolerância vertical oferecida pela bicicleta, ou seja, a sensação de conforto.
A primeira impressão que a Focus Paralane proporciona é que a nível estético é bastante semelhante à Izalco Max, a bicicleta de competição da Focus. O seu novo quadro Max Technology Carbon pesa 1130 gramas, é 15% mais leve e apresenta tubos aerodinâmicos de secção truncada NACA (National Advisory Committee for Aeronautics), menos pronunciados do que os encontrados na Izalco Max. Além disso, o quadro tem escoras baixas.
Os seus atributos aerodinâmicos podem não ser os mais comuns numa bicicleta com este perfil, mas quando passamos muitas horas a pedalar, cada watt poupado vai-se acumulando ao longo do tempo, resultando em menos esforço ou na possibilidade de pedalar mais rápido ou durante mais tempo com a mesma quantidade de energia. De acordo com a Focus, na Izalco Max este design poupa 1m45 num percurso de 45 km a 45 km/h, pelo que este benefício também se aplica, em menor grau, à Paralane. O novo design com tubos perfilados também proporciona 3% mais rigidez do que a versão anterior.
"Foi concebida para rolar confortavelmente numa variedade de terrenos sem sacrificar a velocidade, graças à sua versatilidade"
A rigidez do pedaleiro da Paralane aumentou 29% igualando a Izalco Max - de acordo com a Focus -, no entanto a Paralane é mais confortável graças a um tubo de direção mais flexível que é, no entanto, 19% mais rígido, melhorando a resposta da bicicleta. O pedaleiro com rosca BSA garante um bom funcionamento, assim como a passagem interna dos cabos e o suporte do desviador amovível. Também inclui fixações de pinças de travão Flat Mount para discos de 160 e 140 mm e eixos passantes de 12 mm.
O quadro da Paralane é mais reforçado do que o da Izalco Max, pesando cerca de 300 gramas a mais, mas é capaz de suportar até 120 kg de carga e possui suportes discretos para bolsas, bem como guarda-lamas específicos compatíveis com pneus até 33 mm e que requerem eixos especiais, pelo que também convida ao Bikepacking a um ritmo elevado.
GEOMETRIA
A relação reach/stack entre 1,45 e 1,57 reflete o seu carácter de endurance, uma geometria que permite percorrer longas distâncias numa posição vertical e confortável graças a um tubo de direção alto e a uma manobrabilidade descontraída, com um pedaleiro baixo e a um ângulo de direção descontraído. No entanto, o ângulo do selim direito favorece uma pedalada ágil, que é acompanhada por escoras de 415 mm. Oferece uma condução neutra, nem extraordinariamente viva nem excessivamente estável, deixando espaço para a personalização do seu comportamento, mexendo nos componentes.
Se olharmos com atenção para os componentes notamos mais diferenças, que indicam o seu carácter mais conservador e focado na diversão. O seu espigão de selim redondo de 27,2 mm de diâmetro - ao contrário do design em D da Izalco Max - é mais versátil e tolerante às vibrações. Os pneus de 32 mm – de série em toda a gama Paralane – têm um comportamento melhor em estradas irregulares e até mesmo caminhos de terra. A transmissão compacta com pratos 50/34 e cassete 11-34 é mais tolerante para a condição física dos ciclistas com um nível físico médio e permite lidar melhor com longas subidas ou declives acentuados. O avanço, disponível em seis comprimentos - de 70 a 120 mm - é ligeiramente mais curto e pode ser substituído sem ser necessário retirar as mangueiras dos travões.
TRANSMISSÃO
A transmissão eletrónica Shimano Ultegra Di2 é precisa e personalizável com a aplicação E-Tube. As manetes são pequenas e a ergonomia é indiscutivelmente a melhor do mercado, ou pelo menos a mais amigável para o ciclista, independentemente de onde coloques as mãos. A sensação de travagem é nítida e firme e, com a maior distância entre as pastilhas de travão e o disco, a fricção é praticamente inexistente.
Os controlos enviam um sinal sem fios para o desviador dianteiro ou traseiro, que estão ligados por um cabo muito fino entre si e à bateria que os alimenta, alojada no espigão do selim. O segundo grupo na hierarquia da Shimano não fica nada atrás em termos de funcionamento ao topo de gama Dura-Ace Di2, com um desempenho muito semelhante, embora seja 300 gramas mais pesado.
TODO-O TERRENO: Aceita pneus até 35 mm de largura, o que permite circular em estradas irregulares e mesmo em troços de terra batida. O sistema Tubeless favorece a utilização de baixas pressões e beneficia de uma maior absorção e aderência.
ACESSÓRIOS: Podemos montar uma bolsa (aparafusada) no tubo superior. Esta bolsa vem de origem com a bicicleta e permite ter à mão géis ou barras energéticas. Inclui também dois porta-bidons e um suporte para o GPS.
INTEGRAÇÃO: As mangueiras dos travões - e a do desviador, se tiver uma transmissão mecânica - seguem ao longo do guiador e são guiadas para dentro do quadro através do avanço CIS, permitindo a instalação de uma bolsa de guiador sem obstáculos.
RODAS
As DT Swiss ER 1600 Spline são classificadas como rodas de endurance e têm um peso anunciado de 1664 gramas. Têm aros de alumínio tubeless com 30 mm de perfil e uma secção interna de 22 mm com rebordos, permitindo a utilização de todos os tipos de pneus. Os 24 raios DT Aero Comp de encaixe direto proporcionam rigidez e uma resposta mais enérgica, mas não beneficiam a absorção. Os pneus Vittoria Rubino Pro com composto de grafeno são rotulados como pneus de treino, mas proporcionam durabilidade e resistência e têm uma carcaça de nylon de 150 TPI.
"Está preparada para qualquer eventualidade climática, sendo possível instalar bolsas ou guarda-lamas"
ALL ROAD
A renovada Focus Paralane posiciona-se entre a recém-apresentada Izalco Max e a Atlas, para gravel, e é classificada como um modelo de endurance, que pode ser considerada todo-o-terreno devido à sua versatilidade, possibilitando ser usada tanto em asfalto como em alguns segmentos de terra. A segunda geração da família Paralane conta com mais dois modelos: 8.8 e 8.7. A Paralane 8.8 custa 4.299 euros e está equipada com uma transmissão eletrónica sem fios SRAM Rival eTap AXS e rodas DT Swiss E1800 Spline, e pesa 9,3 kg no tamanho M. A Paralane 8.7, com um preço de 2 999 euros, combina a transmissão mecânica Shimano 105 com as rodas Alexrims Boondocks 5 e pesa 9,45 kg no tamanho M.
ASPETOS POSITIVOS:
- Bicicleta de endurance versátil com um look de competição.
- Montagem homogénea e preço equilibrado.
- Inclui acessórios.
ASPETOS A MELHORAR:
- Pneus básicos e pesados.
- A inclusão de guarda-lamas teria sido um pormenor agradável.
GEOMETRIA
FICHA TÉCNICA
Quadro e forqueta Fibra de carbono Max
Tamanhos XS (48), S (51), M (54), L (56) e XL (60)
Cores Preto
Pedaleiro Shimano Ultegra 50/34
Desviador dianteiro Shimano Ultegra Di2
Desviador traseiro Shimano Ultegra Di2
Manetes Shimano Ultegra Di2
Corrente Shimano Ultegra
Rodas DT Swiss ER 1600 Spline 30
Cassete Shimano Ultegra, 11-34
Pneus Vittoria Rubino Pro, 32 mm
Travões Shimano Ultegra, discos de 160 mm
Guiador Easton EC70 SL Aero Carbono
Avanço Focus C.I.S 2.0
Espigão de selim Easton EC70
Selim Selle Royal Groove SRX
Peso 8,52 kg (tamanho S, sem pedais)
Preço: 5.299 euros
Distribuidor Derby Cycles
Site www.focus-bikes.com
