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Roubaix SL8: a bicicleta de estrada mais confortável que já testámos

Tivemos a oportunidade de testar ao longo de décadas todas as gerações da Roubaix, a bicicleta de estrada da Specialized mais focada no conforto. Esta nova versão é, sem sombra de dúvida, a bicicleta de estrada mais confortável que já testámos.

CARLOS PINTO. FOTOS: LUÍS DUARTE

A bicicleta de estrada mais confortável que já testámos
A bicicleta de estrada mais confortável que já testámos

As clássicas internacionais, como o Paris-Roubaix ou o Tour de Flandres, são provas mágicas que estão no imaginário de qualquer amante de ciclismo. Mas são também provas duras, crueis, deixando sempre marcas físicas e psicológicas em quem nelas participa. Se nunca tiveste a oportunidade de assistir ao vivo a uma destas competições, sugerimos que o faças, para experienciar o ambiente único, quase visceral destas clássicas. Quem vence um Paris-Roubaix ou um Tour de Flandres, automaticamente ficará a ser um heroi - e não estamos a exagerar -, admirado por milhões de fãs.

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Esta paixão dos fãs pelo Paris-Roubaix deve-se a inúmeros motivos, alguns deles históricos, mas também tem a ver com a dureza do percurso e algumas marcas de bicicletas, sobretudo aquelas mais preocupadas com o desempenho dos ciclistas, perceberam que as equipas não podiam usar bicicletas tradicionais em provas destas, que implicam um desgaste físico muito acima da média. Não é só o empedrado que dificulta a progressão dos ciclistas, é a lama e as cosntantes mudanças de direção que obrigam travar bruscamente, curvar, sprintar novamente para atingir uma elevada velocidade e repetir isso dezenas de vezes. Além diso, para este tipo de provas a bicicleta deve ser robusta o suficiente para que em caso de queda possa ser novamente utilizada e também existe a necessidade de usar pneus e rodas mais largas. 

O objetivo é que a nova Roubaix SL8 seja a bicicleta mais suave possível, mas sem ser molengona.

A Specialized sempre teve estes aspetos em mente e ao longo dos anos foi criando versões que tentavam responder às exigências das equipas e dos ciclistas, à medida da evolução do ciclismo. As tecnologias adotadas pela indústria passaram pela utilização de elastómeros, micro-amortecedores, geometrias diversificadas, selins próprios e espigões específicos.

Tivemos a oportunidade de percorrer de bicicleta os percursos do Paris-Roubaix e do Tour de Flandres juntamente com as equipas que a Specialized patrocinava, como a Quick Step, e embora as bicicletas dessa altura fossem uma grande evolução, estavam longe daquilo que hoje presenciamos. Os materiais e as tecnologias evoluíram muito e no caso desta Roubaix, atingiu um patamar muito alto. 

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DADOS E FACTOS

Em Portugal, a Tarmac é provavelmente a bicicleta de estrada mais vendida da Specialized e é, simultaneamente, a mais apetecível. Em todo o caso, será a bicicleta mais indicada para todos aqueles que a compram? Se calhar não! A nova versão SL8 da Tarmac - que tivemos a oportunidade de testar - é uma bicicleta que respira competição. É superleve, ágil e a performance está no seu ADN. Mas para quem procura conforto, sobretudo para praticar ciclismo durante longas horas, mas sem perder agilidade e alguma performance, provavelmente a Roubaix é a melhor opção, sobretudo se pelo caminho encontrar estradas degradadas. Temos de confessar que andar em pavé com esta bicicleta é um prazer, pois não nos temos de levantar do selim, mantendo um ritmo elevado, graças à filtragem que tanto o sistema Future Shock dianteiro de terceira geração, como o espigão de selim Pavé e ainda as rodas largas com pneus de 32 mm proporcionam. 

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Tudo isto num quadro em carbono Fact 10r novo, de certa forma semelhante ao Tarmac SL8, mas com um tubo vertical ligeiramente mais largo na base superior, para permitir alguma flexão.

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O objetivo é que a nova Roubaix SL8 seja a bicicleta mais suave possível, mas sem ser molengona. Aliás, é a Roubaix mais aerodinâmica produzida até hoje, com características herdadas não só da Tarmac, mas também da Aethos.

A única diferença é que em estradas degradadas seguimos confortáveis e em grande velocidade, enquanto os nossos companheiros de treino têm de abrandar o ritmo ou deixar de pedalar.

O Future Shock foi refinado, sendo possível ser ajustado. Além disso, tem uma durabilidade superior. No nosso caso, não precisámos de fazer qualquer alteração e tirámos partido dos seus 20 mm de curso sem sentirmos oscilações indesejadas. Confessamos que quando recebemos a bicicleta pensámos que quando pedalássemos em pé o espigão iria oscilar verticalmente - como acontece numa suspensão dianteira que não esteja com o lockout ativado - mas isso não aconteceu, o que significa que é altamente eficaz.

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Além disso, funciona sem ruídos e não requer lubrificação, dado que está devidamente protegido por uma borracha de qualidade. 

Aliás, nem notamos que este sistema existe, dado que está bem alojado entre o avanço e a caixa de direção. A única diferença é que em estradas degradadas seguimos confortáveis e em grande velocidade, enquanto os nossos companheiros de treino têm de abrandar o ritmo ou deixar de pedalar. É verdade que nem todas as estradas do país estão em mau estado, mas as vantagens desta bicicleta não terminam aqui.

Como o quadro tem uma geometria de endurance, tal como o guiador, podemos adotar uma posição de condução mais neutra, o que a médio e longo prazo se traduz em mais horas com conforto, logo em maior performance. Chegámos a bater recordes pessoais com esta bicicleta, fruto precisamente dessa menor perda de energia. Ao fatigarmos menos os braços, ombros, coluna e pescoço (devido à muito menor trepidação sentida), estamos mais frescos.

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As rodas e os pneus desempenham um papel fundamental no conforto de uma bicicleta, e neste caso podemos montar pneus de até 40 mm. De origem vem com os excelentes Specialized Mondo T2/T5 na versão de 32 mm, um modelo ideal para esta bicicleta. Para além de não causarem atrito, têm bandas laterais rugosas que aumentam a aderência em curva, enquanto na banda central os dois compostos mencionados garantem baixa resistência ao rolamento e elevada proteção contra os furos. Nunca furámos ao longo dos meses em que tivemos a bicicleta na nossa posse e o desgaste da tela exterior é razoável. Além disso, notámos que estes pneus perdem pouco ar entre utilizações. 

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A nova Roubaix é tão polivalente que até tem suportes para guardalamas, além de permitir montar uma bolsa no tubo superior (para dias inteiros a pedalar), e três bidons. E se quiseres montar uns pneus para gravel - desde que seja ligeiro - a Roubaix tem tudo aquilo que precisas para te deixar um sorriso de orelha a orelha. As rodas Roval Terra C, com os seus 25 mm de largura interna e 32 mm de perfil estão preparadas para montar pneus deste tipo e têm resistência comprovada. 

COMPORTAMENTO NA ESTRADA

Como é que a conjugação de todos estes elementos se repercute em andamento? A rolar a Roubaix SL8 comporta-se tal e qual uma Tarmac, conseguindo manter velocidades elevadas, mas tem a vantagem de permitir adotar uma posição de condução ligeiramente mais erguida, o que reduz o desconforto lombar.

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Não é a bicicleta mais explosiva e em sprints ou séries não tem o mesmo comportamento de uma bicicleta mais rígida, mas também esse não é o seu propósito. 

Em descidas, é inegavelmente das bicicletas mais seguras que já testámos, fruto das suas rodas mais largas, que proporcionam mais equilíbrio e estabilidade, mas também dos pneus de 32 mm que possuem uma aderência fora de série. É daquele tipo de bicicletas em que podemos abusar e traçar curvas com à-vontade. 

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O seu ponto mais fraco é nas subidas. Os 8,23 kg desta versão Expert no tamanho 58 fazem com que as pendentes tenham de ser geridas com tranquidade. Em todo o caso, ao pedalar em pé notámos que o sistema Future Shock não oscila, mantendo a rigidez necessária e desejável. 

Ao nível dos periféricos, esta versão inclui uma transmissão eletrónica sem fios SRAM Rival eTap AXS com potenciómetro incorporado.

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Basta emparelhar com a aplicação da SRAM e tirar partido dos dados obtidos. Trata-se de uma transmissão irrepreensível em termos de funcionamento, embora algo pesada nesta gama média/baixa e com travões hidráulicos potentes que nunca deram problemas. 

De origem vem com uma desmultiplicação 46/33 à frente e 10/36 atrás, o que, do nosso ponto de vista, serve para enfrentar qualquer situação e qualquer subida, incluindo nos Granfondos com mais altimetria. 

O cockpit é formado por um guiador e um avanço em separado, ambos em alumínio da Specialized. O quadro é fabricado em carbono Fact 10r, tal como a forqueta, e o selim é o curto e aerodinâmico Power Expert. 

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CONCLUSÃO FINAL

Para quem se destina esta bicicleta? Para todos aqueles que têm como prioridade o conforto ou para todos aqueles que procuram uma bicicleta que, mais do que performance, lhes proporcione horas de prazer com o mínimo desgaste possível. E se em casa só podes ter uma bicicleta, esta Roubaix - como referimos antes - também pode ser usada em Gravel ligeiro, portanto é uma mais-valia que deves ter em conta.

AVALIAÇÃO: 8,2

  • Quadro: 8
  • Forqueta: 8
  • Transmissão: 8
  • Componentes: 8
  • Rodas: 9

FICHA TÉCNICA

  • Quadro: carbono Fact 10
  • Forqueta:Carbono Fact
  • Tamanhos: 44 a 64
  • Cores: Dove grey/chameleon lapis; Carbon/liquid silver
  • Pedaleiro: SRAM Rival AXS com potenciómetro
  • Desviadores: SRAM Rival AXS
  • Manípulos: SRAM Rival AXS 
  • Corrente: SRAM Rival, 12 vel.
  • Rodas: Roval Terra C
  • Cassete: SRAM XG 1250, 10-36
  • Pneus: S-Works Mondo 2BR, 700x32c
  • Travões: SRAM Rival
  • Guiador: Specialized Hover Expert
  • Avanço: Future Stem Pro
  • Espigão: S-Works Pavé
  • Selim: Body Geometry Power Expert
  • Peso: 8,23 kg (tamanho 58 sem pedais)
  • Preço: 5.700€
  • Distribuidor: Specialized
  • Site: www.specialized.com
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PONTUAÇÃO: 9,6

  • Estabilidade: 10
  • Travagem: 10
  • Conforto: 10
  • Ciclocturismo: 10
  • Competição: 8

 

 

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Specialized Roubaix SL8

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