O SRAM GX é apontado como o grupo que tem uma das melhores relações qualidade/preço do mercado, colocando à disposição de um grande número de betetistas a sua melhor tecnologia.
Lembramos que a SRAM lançou no mercado a transmissão eletrónica sem fios GX Eagle AXS há dois anos e hoje acaba de apresentar uma versão totalmente nova que inclui a tecnologia SRAM Transmission.
Esta transmissão para BTT foi construída com base num elemento muito importante, centrado na zona traseira, eliminando elementos desnecessários e frágeis (como o droupout), permitindo que todo o sistema trabalhe em harmonia.
O novo GX Eagle Transmission possui quase todos os atributos dos grupos superiores XO, XX e XX SL que apresentámos em exclusivo nacional aqui.
Quais são os principais benefícios? Mudanças precisas, mesmo se estivermos a fazer força nos pedais, um sistema muito robusto e quase indestrutível, e uma transmissão que é muito fácil de montar e que não requer ajustes ou manutenção.
DRIVETRAIN VS TRANSMISSION
Antes de entrar nos detalhes, convém clarificar e diferenciar os dois sistemas de transmissão eletrónica sem fios que a SRAM atualmente tem no mercado: o Drivetrain e o Transmission.
O Drivetrian diz respeito a um sistema no qual o desviador é fixado ao quadro através de um droupout ou patilha. É um método mais convencional e compatível com qualquer bicicleta.
Por sua vez, o Transmission é a grande novidade deste ano. O desviador fica diretamente fixado ao quadro, sem a patilha (ou dropout, como quisermos chamar). No entanto, o quadro deve ter uma ponteira do tipo UDH (Universal Derailleur Hanger), presente em muitas bicicletas, mas ainda não em todas as marcas.
Se a tua bicicleta tem uma ponteira UDH compatível podes montar qualquer um dos dois sistemas (Drivetrain ou Transmission). Se a tua bicicleta não tem uma ponteira UDH então só podes instalar o sistema Drivetrain. Caso tenhas dúvidas, a SRAM oferece a possibilidade de comprovar no site sram.com.
É importante ter em conta que os componentes do sistema Drivetrain não são compatíveis com os Transmission (que apresentam o nome T-Type gravado, para serem facilmente identificados), mas são todos compatíveis entre si. Portanto, a nova GX Eagle Transmission pode ser atualizada com peças ou componentes XO, XX ou XX SL.
Todos os componentes T-Type do novo SRAM GX Eagle Transmission são, sem restrições, compatíveis com bicicletas elétricas. Aliás, as e-MTB são as grandes beneficiadas deste sistema, dado que tolera grandes cargas/tensão, mesmo em esforço.
Outra virtude do GX é o seu processo de instalação. É fácil e muito rápido. Basta ver o vídeo:
DESVIADOR GX T-TYPE EAGLE AXS
Uma das principais características do sistema Transmission é a fixação Full Mount, que fixa o desviador diretamente ao quadro, proporcionando mais resistência. A bateria fica imediatamente abaixo, sendo o seu alojamento diferente dos restantes desviadores Transmission, ficando mais integrada e menos exposta aos elementos. Do nosso ponto de vista, é uma boa solução e até é melhor do que nos grupos superiores. Uma bateria completamente carregada pode funcionar 25 horas e pode ser substituída por qualquer outra bateria AXS.
É extremamente resistente e dificilmente o conseguirás avariar. O mecanismo Overload Clutch previne que o desviador se danifique em caso de impacto, podendo rodar sobre o seu eixo para cima, de forma a minimizar os impactos.
Caso aconteça algum azar, como uma queda muito grande, é possível substituir alguns elementos, como as capas exteriores ou as placas externas. Convém lembrar que estas peças não são compatíveis com os outros desviadores T-Type. Seja como for, em caso de arranhões ou de o desviador ficar danificado, pode ser reparado sem ser necessário ter de ser totalmente substituído.
A caixa das rodanas também possui um design Inline. É ligeiramente angulada para que a roldana inferior esteja sempre alinhada com o prato em qualquer carreto e também para favorecer uma passagem suave e silenciosa das mudanças.
A roldana inferior do GX é convencional (tal como a do XO) e não é como a Magic Wheel dos desviadores XX e XX SL, que tem a capacidade de rodar sobre si mesma, impedindo que fique bloqueada caso um pau ou ramo se coloque no meio. No entanto, a Inline Cage também tem um design que envolve a roldana inferior para impedir que algum objeto fique preso.
A placa externa da caixa das roldanas do GX é de alumínio e a interna é de aço, em vez de alumínio ou carbono como é o caso dos outros modelos. No fundo, é um pouco mais pesada, mas também mais robusta. Em todo o caso, tanto a caixa das roldanas como a própria roldana inferior do GX, podem ser atualizadas com as dos outros desviadores T-Type. É tão fácil que não precisamos de ferramentas.
CASSETE XG-1275 T-TYPE EAGLE
A cassete com tratamento em níquel de 12 velocidades (com um rácio de 520%) tem o mesmo design dos dentes das outras cassetes T-Type, com um salto mais homogéneo nos três carretos superiores. As três primeiras velocidades traseiras passam a ser de 52-44-38 dentes, para um salto menos brusco.
Os oito carretos superiores da cassete GX Eagle Transmission estão unidos através de pinos e os quatro menores são fabricados numa só peça. Entre os carretos 21 e 22 está um indicador vermelho que é necessário no processo de montagem da transmissão. Todos os carretos são de aço, salvo o 52 que é de alumínio.
O design X-Sync é primordial para o seu funcionamento, já que juntamente com a corrente e com a programação do desviador, permite alterar de mudança aplicando a força que quisermos nos pedais.
CORRENTE GX T-TYPE FLATTOP
A corrente possui o design FlatTop associado ao sistema Transmission, ou seja, é plana na parte exterior e curva na interior. Os elos e os links são sólidos, ao contrário das correntes das outras transmissões Transmission T-Type. Além disso, tem um revestimento com níquel para aumentar a durabilidade.
POD
O manípulo do desviador é o único componente que é compatível entre todos os sistemas e modelos SRAM AXS, quer seja do sistema Drivetrain, quer seja com manípulos de estrada e inclusivé com os botões Blips.
Neste caso recebemos o Pod Ultimate, cujos botões são substituíveis, e cuja capacidade de colocação é espetacular. Embora o GX corresponda à versão básica, que só se diferencia por ter botões fixos, um pouco maiores e menos ergonómicos, as possibilidades de ajuste são exatamente as mesmas.
Os botões dos Pod são claramente diferenciados e com uma acionamento mais visível, em comparação com o atual sistema AXS, que funciona com um oscilante que tem um menor grau de personalização. Escolher um manípulo ou otro é uma questão de gosto pessoal.
CRANQUES GX EAGLE
O novo SRAM GX Eagle Transmission tem dois conjuntos de cranques: um para eBikes e outro para bicicletas convencionais. O primeiro tem um eixo ISIS Drive, um sistema de eixo estriado que a SRAM adotou em 2022 que fica perfeitamente integrado com motores Brose e Bosch, graças à capa Gap Cap.
Estes cranques requerem um prato de quatro parafusos 104 BCD, enquanto o prato dos cranques convencionais fica fixo diretamente ao cranque direito através de oito parafusos. Os pratos incluem de série dois protetores de prato (ou BashGuards) em resina, mas podem ser retirados, permitindo montar só um (o que fica mais próximo do solo quando a nossa perna dominante está adiantada), ou nenhum. E podemos substituí-los em caso de se partirem.
De origem traz um prato de 32 dentes com uma deslocação lateral (ou Offset) de 3 mm para conseguir uma linha de corrente de 55 mm, o standard na SRAM Transmission. Também estão disponíveis pratos de 30 ou 34 dentes.
Os cranques convencionais rodam sobre um eixo sobredimensionado DUB Wide com um factor Q de 174 mm (separação entre os cranques). Em ambas as versões, os cranques são de alumínio forjado e estão disponíveis em 165, 170 e 175 mm de comprimento.
O conjunto de cranques SRAM GX Eagle Transmission não possui um potenciómetro próprio, mas é compatível com um do tipo Spindle (sensor no eixo), como o do XO.
O outro componente da SRAM Transmission que podes usar num SRAM Drivetrain são os pratos T-Type, mas o inverso não é possível.
PREÇO E PESO
Já a seguir vamos mostrar-te os pesos reais (na nossa balança) e os preços de todos os componentes SRAM GX Eagle Transmission e dos restantes modelos, para poderes comparar.
(1) O par de cranques SRAM XX SL não tem protetores BashGuards. Os Bashguards do SRAM XX são de alumínio e os do SRAM XO e GX são de resina.
(2) Incluindo a abraçadeira de alumínio para MatchMaker.
Tabela de preços:
(1) Pod no GX. Pod Ultimate no XO, XX e XX SL.
(2) Inclui prato. O par de cranques SRAM XX SL não inclui protetores Bashguards.
(3) Par de cranques com medidor de potência SRAM XX Spindle e SRAM XX SL Spider.
O GX Eagle é pelo menos 600€ mais barato do que qualquer outro modelo SRAM Transmission e somente 100 gramas mais pesado do que o XO. Logicamente estes dois valores vão crescendo à medida que subimos na gama, alcançando diferenças de mais de 430 gramas e 1.300€. Obviamente o GX opta por materiais e acabamentos menos sofisticados, e, portanto, mais baratos e pesados, mas será que afetam o seu desempenho?
Os principais componentes do sistema SRAM Transmission são o desviador, a cassete e a corrente, os quais foram desenvolvidos para funcionar sincronizadamente segundo a tecnologia Cassette Mapping.
O design dos dentes da cassete X-Sync possui 44 pontos de engate programados com o desviador, fazendo com que seja feito um alinhamento com a corrente, passando de um carreto para outro sem perder o contato.
A central de comando conhece estes pontos e faz com que a passagem das mudanças ocorra nesses locais, por isso em andamento é percetível que por vezes o desviador atrasa um segundo a comutação das mudanças à espera do momento apropriado.
Podemos, por exemplo, estar quase parados numa subida e alterar uma mudança. O sistema vai esperar que esteja no momento apropriado e mesmo que estejamos a colocar carga, passa a mudança.
De facto, é impossível distinguir a diferença de funcionameno entre os diferentes modelos e andar com uma SRAM GX Eagle Transmission é tão impressionante como andar com os restantes modelos. As diferenças principais residem principalmente no peso, nos acabamentos e nos materiais (bem como no preço, claro).
Com esta nova transmissão eletrónica sem fios, a SRAM continua a marcar o ritmo e a oferecer tecnologia de ponta e com preços cada vez mais acessíveis, num sistema robusto, fiável, preciso e prático, sem grandes complexidades.
