Sabias que podes ter praticamente a mesma bicicleta que os atletas profissionais usam na Taça do Mundo? Várias marcas investem muito dinheiro a testar os seus produtos em alta competição. E inevitavelmente essas tecnologias inovadoras vão passar, mais tarde ou mais cedo, dos protótipos para os modelos topo de gama e daí para os modelos de gama média/alta. É cíclico e não acontece apenas no mundo das bicicletas. Num mercado como o nosso, onde o XC é o segmento mais vendido, isto é evidente. Aliás, provavelmente até tens uma bicicleta cujas tecnologias foram desenvolvidas em alta competição e não sabias. Neste artigo mostramos uma lista das bicicletas desenvolvidas e testadas na Taça do Mundo de XCO e que estão à venda no mercado.
BERRIA MAKO
Embora a Berria não tenha a capacidade financeira de outras marcas, está na Taça do Mundo e já tem pelo menos um pódio no seu palmarés. A Mako é uma bicicleta com um sistema de amortecimento traseiro simples e funcional e no caso da BR XX SL traz suspensões eletrónicas Flight Attendant. O quadro é fabricado em carbono de alto módulo, tem 120/113 mm de curso e destaca-se pela agilidade.
Lembramos que a Berria permite a personalização de cada bicicleta. Site: berriabikes.com
BH LYNX SLS
Este modelo foi desenvolvido a partir das exigências dos atletas da equipa BH-Coloma, que pretendiam uma bicicleta mais leve e reativa do que a Lynx Race. Foi estreada nos Jogos Olímpicos de Paris - embora já a tivessemos visto antes em algumas provas - e inclui o sistema Split Pivot que melhora a eficácia dos 80 mm de curso disponíveis no amortecedor.
Site: bhbikes.com.
BMC FOURSTROKE 01
Embora seja uma marca suíça, a equipa é totalmente francesa, com atletas do gabarito de Loana Lecomte, Jordan Sarrou e Titouan Carod. A Fourstroke 01 Team é a réplica da bicicleta usada na Taça do Mundo e inclui as famosas suspensões Ohlins, com ajuste eletrónico personalizado.
Também inclui o único espigão telescópico do mercado com acionamento automático, integrado no próprio quadro (Autodrop), bem como o sistema de amortecimento virtual APS. Site: BMC Switzerland.
CANNONDALE SCALPEL
A Cannondale fez algumas melhorias na Scalpel, dotando-a de mais curso (chega aos 120 mm nas duas rodas), além de ter sofrido uma revisão geométrica, sendo agora mais capaz em zonas técnicas. Isso fez com que em 2024 ganhasse os títulos mundiais graças a Alan Hatherly, Mona Mitterwalner e Simon Andreasen. Estes corredores mudaram de equipa e toda a estrutura foi renovada, destacando-se a entrada de Jolanda Neff e Ana Santos.
A montagem LAB71 com a suspensão Lefty Ocho Carbon é a mais parecida à bicicleta usada pela equipa. O mais curioso é o seu sistema FlexPivot que proporciona uma das cinemáticas mais eficazes no segmento das bicicletas monopivô sem articulação secundária. Site: Cannondale
CANYON LUX WORLD CUP
A Canyon tem uma equipa de fábrica (a Canyon CLLCTV) a competir na Taça do Mundo de BTT e na estrada tem duas, a Alpecin-Deceuninck e a Fenix-Deceuninck. Puck Pieterse a Sam Gaze têm proprocionado à marca alemã bons resultados, tal como Mathieu van der Poel, e ainda a nova contratação da equipa, Jenny Rissveds.
A marca fez atualizações na sua bicicleta de competição em XC, aumentando o curso à frente - passa a ter 110 mm - possibilitando o ajuste do sistema de amortecimento em três posições e incluindo um cockpit integrado, espigão telescópico, direção IPU, entre outros pormenores. O conceito geométrico é clássico, mas continua apto para descidas técnicas. A versão topo de gama é fabricada no carbono mais esclusivo, o CFR. Site: Canyon.
GIANT ANTHEM ADVANCED
A Giant voltou a ter uma equipa oficial há dois anos e ainda por cima inclui o Campeão do Mundo Alan Hatherly, além de Carter Woods, Jens Shuermans e Dario Lillo. Quanto à Anthem, mantem o sistema de amortecimento Maestro, tem 110 mm de curso à frente e 100 atrás e a geometria é uma mistura do estilo clássico e moderno.
Curiosamente a marca LIV, que pertence à Giant, tem um modelo similar, mas para mulher, com mais curso, a Pike Advanced, que tem 120 mm à frente e 115 mm atrás. Site: Giant Bicycles.
LAPIERRE XR/XRM
A Lapierre fez uma remodelação completa na sua bicicleta de suspensão total de XC, estando disponível em duas plataformas: uma com 100 mm de curso e outra com 120 mm. Ambas têm sistema de amortecimento monopivô com escoras flutuantes.
No entanto, no último ano a marca misturou estas duas plataformas e concentrou-as num único segmento de XC, portanto o modelo topo de gama (XRM XE) tem 120 mm de curso e suspensões eletrónicas RockShox Flight Attendant. Site: Lapierre.
MONDRAKER F-PODIUM
A F-Podium da Mondraker é uma das bicicletas com mais personalidade na Taça do Mundo graças ao conceito Forward Geometry e ao seu sistema de amortecimento traseiro Updated Zero, atualizado recentemente. Além disso, passa a ter 120 mm de curso nas duas rodas.
A equipa Mondraker-Primaflor conta com atletas conhecidos como Mona Mitterwallner, Sebastian Fini, Nadir Colledani e Tamara Wiedmann. Site: Mondraker.
ORBEA OIZ
A equipa Orbea Factory usa a nova Alma com o seu espetacular design X Fader nas provas menos técnicas e a Oiz nas restantes competições. Este modelo tem 120 mm de curso e, desde este ano, incorpora novidades na montagem que a tornam mais leve, como um novo guiador integrado, espigão telescópico e comando remoto.
Na montagem topo de gama M-LTD inclui suspensões Fox. A equipa tem como capitão Simon Andreassen e na categoria feminina é Rebecca Henderseon quem lidera a estrutura. Site: Orbea.
ROCKRIDER XC RACE 940
A Decathlon montou a sua própria estrutura há alguns anos focada nos Jogos Olímpicos de Paris, mas o projeto não terminou após esta prova. Com o apoio da Ford, criou uma equipa sólida em que as mulheres brilham mais do que os homens. Samara Maxwell esteve bem no início desta temporada e é uma atleta a ter em conta.
A Decathlon colocou à venda - recentemente - uma versão limitada da Rockrider XC Race 940 S com as cores e parte da montagem adotada pela equipa oficial a um preço surpreendente, o que fez com que a procura ultrapassasse a oferta. Também está disponível uma montagem mais acessível com suspensões RockShox SID e transmissão SRAM GX AXS. A 940 S combina uma geometria clássica com suspensões de 120 mm. Aliás, muitos não sabem, mas a marca francesa foi das primeiras a adotar este curso em bicicletas de XC. Site: Rockrider
SCOTT SPARK RC
Esta é a bicicleta que Nino Schurter ajudou a desenvolver e que permitiu que tecnologias da RockShox e da SRAM chegassem ao mercado após testes reais nas provas mais duras do mundo. Não é por acaso que a Spark RC SL - que custa mais de 13.000 euros - seja uma das bicicletas mais cobiçadas do mundo, com transmissão eletrónica e suspensões inteligentes.
A Spark adota desde o seu início um conceito que atualmente é usado por todas as marcas: integração dos componentes. Além disso, a gama é uma das mais amplas do mercado, com quadros em carbono topo de gama HMX, mas também em carbono HMF e ainda versões em alumínio, mais baratas. Nino Schurter e Filippo Colombo venceram a Cape Epic 2025, mas também não podemos deixar de referir os jovens Bjorn Riley e Emily Johnston. Site: Scott.
SPECIALIZED S-WORKS EPIC 8
A Specialized possui duas bicicletas que disputam entre si o protagonismo não só na sua equipa de fábrica como nas lojas. E isto não acontece noutras marcas. Referimo-nos à bicicleta de suspensão total de baixo curso Epic World Cup e à Epic 8, com 120 mm de curso. Como temos visto na Taça do Mundo a Specialized tem dominado, com atletas de topo como Christopher Blevins, Victor Koretzky, Martin Vidaurre e Adrien Boichis.
Esta é a bicicleta que todos conhecemos e que os portugueses elegeram Bicicleta do Ano. Deixou de usar o sistema Brain e passou a adotar o Flight Attendant da RockShox. Site: Specialized.
TREK SUPERCALIBER
Foi com esta bicicleta que nasceu o conceito de curso reduzido, e agora com a ajuda do Flight Attendant a montagem topo de gama otimiza estas suspensões sem perder a reatividade e agilidade. No entanto, a equipa da Trek também voltou a utilizar a Top Fuel, uma bicicleta que foi renovada, para os trilhos mais técnicos.
Em todo o caso, lembramos que foi com a Supercaliber que Isabella Holmgreen (atleta que corre pela equipa de estrada Lidl-Trek) ganhou em Araxá, vencendo as quatro provas sub23 em XC e XCC. Aliás, a Trek foi uma das marcas que mais venceu no início da temporada, já que Evie Richards - neste caso com uma Top Fuel - bateu o recorde de vitórias em XCC no Brasil. Seja como for, escolhemos a Supercaliber para este artigo, porque é um modelo que tem tido uma aceitação muito boa no nosso país, como vimos nas votações BIKE DO ANO. Site: Trek.
WILIER URTA MAX SLR
A Wilier Vittoria é uma equipa que tradicionalmente se foca mais no XCM, mas tem apostado no XCO, graças à entrada de Luca Braidot, Simone Avondetto, Juri Zanotti, Gustav e Herby Pedersen, bem como Elian Pacagnella.
A Wilier Urta tem 120 mm de curso nesta versão Max. Embora a equipa use suspensões Fox, também estão disponíveis montagens com RockShox Flight Attendant e transmissões Sram ou Shimano. Site: Wilier.