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A creatina faz algum sentido no BTT?

A creatina é um dos suplementos desportivos (que melhoram o desempenho) cuja eficácia é corroborada pela maioria dos testes científicos. Mas será que faz sentido no BTT?

Miguel Ángel Sáez

A creatina faz algum sentido no BTT
A creatina faz algum sentido no BTT

Deve ficar claro que o benefício que a creatina pode trazer ao nosso desempenho será sempre em esforços de alta intensidade e intermitentes, porque o que a creatina faz é repor uma molécula presente nos nossos músculos que liberta uma grande quantidade de energia, mas que normalmente se esgota rapidamente. Esta molécula que referimos é a fosfocreatina, que é constituída por creatina associada ao fósforo.

Embora possa ser esgotada em apenas alguns segundos, o nosso corpo tem a capacidade de a reabastecer e, assim, ser capaz de repetir um esforço semelhante passados alguns segundos. Esta capacidade de repor a fosfocreatina é condicionada pela quantidade de creatina que circula nos nossos músculos. Quando a fosfocreatina é esgotada devido a um esforço intenso, a creatina associa-se novamente ao fósforo e produz-se de novo nova fosfocreatina, o que nos permitirá realizar um novo esforço de alta intensidade. A creatina encontra-se naturalmente no nosso corpo, mas podemos aumentar a sua presença, elevando assim a nossa capacidade de realizar esforços intensos e intermitentes, aumentando a nossa ingestão de carne vermelha ou marisco e, claro, realizando suplementação desportiva específica com creatina. 

SUPLEMENTOS, O QUE FAZEM POR NÓS? 

De facto, há inúmeros estudos que concluem que o aumento dos níveis de creatina nos músculos (através de suplementos) melhora o desempenho dos desportistas envolvidos em disciplinas de natureza marcadamente intermitente, tais como basquetebol, futebol ou andebol. No entanto, a creatina também pode ter outras aplicações, incluindo para BTT. Não esqueçamos que no nosso desporto, especialmente em disciplinas como o Downhill e mesmo o XCO, também pode haver uma componente de alta intensidade e esforços intermitentes, pelo que o uso de creatina pode ajudar a manter o betetista igualmente explosivo apesar da passagem dos quilómetros ou do tempo numa corrida deste tipo. No entanto, a suplementação de creatina também traz consigo aumentos no peso corporal, cerca de 1 kg ou 1,5 kg nas fases de carregamento da suplementação. Isto acontece devido a um aumento na retenção de líquidos causado pela suplementação de creatina.

Este ganho de peso não é considerado crítico em disciplinas como o Downhill, onde a força da gravidade tem pouco efeito no desempenho. Por esta razão, a suplementação tende a ser mais comum nesta disciplina. Mas no XCO, onde é comum ter de ultrapassar declives íngremes e onde o peso corporal do betetista é definitivamente crítico para o desempenho, não é muito utilizado. Exceto em fases em que o atleta está imerso em treinos de intervalos curtos e de alta intensidade e ainda distante das competições. Nestas situações, o atleta pode beneficiar de uma maior capacidade de treino de alta intensidade e teria então tempo para perder esse ganho de peso assim que a suplementação fosse interrompida, antes da chegada da temporada.

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