Treino

Riscos associados à ingestão de anti-inflamatórios na prática de ciclismo

O uso de anti-inflamatórios para evitar o desconforto após esforços intensos ou para ajudar na recuperação em provas de fundo é uma prática que, embora comum, não deve ser recomendada, pois tem riscos colaterais.

MIGUEL ÁNGEL SÁEZ

2 minutos

Riscos associados à ingestão de anti inflamatórios na prática de ciclismo

É cada vez mais frequente ver pessoas que participaram em provas muito intensas e prolongadas tomar anti-inflamatórios não esteróides. Em alguns casos são pessoas que treinam pouco e pretendem com estes anti-inflamatórios tratar eficazmente dores musculares ou articulares.

Na atividade física, por exemplo antes ou depois de uma etapa de BTT ou de um granfondo, não é aconselhável a utilização de anti-inflamatórios. A principal razão é que este tipo de medicação afeta a flora intestinal, podendo irritá-la e alterar o seu funcionamento, o que, para além do desconforto gástrico, prejudica claramente a capacidade de recuperação do atleta.

Esta circunstância, como já referimos, não é por isso aconselhável sobretudo em provas por etapas onde é essencial recuperar bem de um dia para o outro. Isto ao nível das consequências menores do uso de anti-inflamatórios, pois há evidência científica de que os atletas que usam e abusam destas substâncias para tentar disfarçar dores ou desconfortos musculares, tendem a sofrer mais hipertensão e insuficiências renais ou mesmo cardíacas.

Para além disso, é preciso ter em conta que um anti-inflamatório não é um medicamento curativo, mas sim sintomático, ou seja, não erradica a causa do problema, mas reduz a dor, permitindo que a causa da dor continue a atuar e a prejudicar-nos. Com a dor mascarada, podemos continuar a utilizar os nossos músculos em alta intensidade, embora estruturalmente, por exemplo, os estejamos a danificar. Este é o último e talvez o mais perigoso efeito para os desportistas de um uso inadequado de anti-inflamatórios, o aumento do risco de lesões.

NÃO TOMAR IMEDIATAMENTE ANTES OU DEPOIS 

Só se devem tomar estas substâncias se forem realmente necessárias para limitar a dor, por períodos não superiores a 48-72 horas e, em qualquer caso, devemos evitar ao máximo a sua toma imediatamente após a atividade física ou em situações em que a recuperação seja essencial.

Existem atualmente várias alternativas naturais ao uso de anti-inflamatórios, como o alecrim, o eucalipto, o gengibre ou o linho, este último rico em ómega 3, por exemplo. Plantas como a curcuma, o louro ou frutos como o ananás também têm demonstrado um efeito anti-inflamatório interessante.

Concluindo, se for necessário tomar anti-inflamatórios, estes devem ser tomados apenas em doses baixas e por curtos períodos de tempo, nunca após treinos intensos ou competições, nem para evitar dores ou rigidez e, se possível, procurar alternativas naturais que não sejam prejudiciais aos nossos órgãos ou à nossa saúde.

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