O prodígio britânico Tom Pidcock ganhou ontem a prova de XCO nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Mas sabias que antes de partir para o Japão estava fechado no quarto do seu apartamento em Andorra (onde vive atualmente) com o aquecedor ligado no máximo (em pleno mês de Julho) para simular as condições encontradas na prova?
Obviamente o britânico fez isto com a autorização da sua equipa, a Ineos Grenadiers, que o dispensou de algumas das provas onde já estava escalonado para se concentrar na sua preparação olímpica.
Pidcock é treinado por um ex-atleta que todos os portugueses conhecem: José Antonio Hermida. O espanhol (medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas), atual embaixador da Merida e comentador das provas da Taça do Mundo, não só deu dicas específicas em termos de treino e preparação, como forneceu aconselhamento técnico e em termos de material.
Ao contrário do que se pensa, a preparação de Pidcock não passou muito pelo treino na bicicleta de estrada. O treino foi feito totalmente na bicicleta de BTT para o corpo criar automatismos e para que as sensações fossem sempre semelhantes às que iria encontrar em Tóquio, por isso treinou bastante a explosividade, a técnica e as mudanças constantes de ritmo.
Pidcock é um betetista de baixa estatura (mede menos de 1,70m) e é bastante leve, mas tem uma relação peso/potência impressionante.
Lembramos que a preparação de Pidcock ficou marcada por uma grave queda no início de Junho enquanto treinava, o que fez com que partisse a clavícula. Contudo, logo que foi autorizado a treinar, voltou logo com o objetivo bem definido.
Contudo, o futuro do atleta dificilmente passará novamente pelo BTT. A Ineos Grenadiers quer transformar este jovem talento no novo Chris Froome ou Bradley Wiggins, com o objetivo de ganhar o Tour. Este ano está escalonado para a Volta a Espanha, indo imediatamente a seguir de férias. Depois, começará um trabalho incessante de preparação física e psicológica que visa transformá-lo numa máquina capaz de ganhar uma grande volta. Numa geração onde também pontificam jovens de altíssimo nível como Pogacar e Evenepoel, bem como o nosso João Almeida, será que Pidcock chegará ao nível dos seus compatriotas Froome e Wiggins?