Viajámos até Frejus, na Riviera Francesa, com o intuito de visitar a sede da Ekoï, uma das marcas com mais sucesso no setor do ciclismo nos últimos anos. A história da Ekoï começou em 2001, quando as vendas pela Internet ainda estavam a dar os primeiros passos. Nessa altura, os produtos desta marca eram vendidos em algumas lojas de desporto. Mas o espírito empreendedor de Jean Cristophe Rattel, o seu fundador, fez com que a marca começasse um crescimento imparável que ainda se mantém, tendo atualmente mais de 50 empregados e uma presença em mais de 60 países.

De 2001 a 2008, os produtos da Ekoï foram vendidos principalmente em lojas e em grandes superfícies como Decathlon, Intersport, Supersport, entre outras. O site foi criado em 2008 sobretudo como montra dos seus produtos, bem como dos patrocínios. O volume de negócio cresceu rapidamente, passando de 50.000 euros em 2008, para 500.000 euros no ano seguinte, mais de 1 milhão de euros em 2010... E foi em 2010 que decidiram abandonar a distribuição tradicional e recorrer à distribuição online em exclusivo. Desde o primeiro momento, a proximidade ao cliente e a rapidez de reação da marca nas suas coleções levaram-na a ter uma elevada taxa de satisfação entre os consumidores. O seu compromisso com a competição tem sido outra aposta da marca, bem como o crescimento empresarial. A empresa mudou-se para uma nova sede com 2.500 metros quadrados que em breve chegará aos 4.000, tudo devido a esse crescimento sustentado.

Logisticamente, a empresa conta com as mais recentes tecnologias, o que lhes permitiu, por exemplo, exceder o seu volume de negócios anual na campanha “black friday” de 2022, que organizavam apenas há cinco anos. Conseguem-no, em parte, com um armazém inteligente no qual os empregados responsáveis pelas encomendas otimizam ao máximo o tempo graças à disposição estratégica dos produtos com o maior volume de negócios. O número médio de artigos da Ekoï, incluindo têxteis, calçado, capacetes e óculos, que são os seus principais produtos, situa-se entre 2.800 e 3.000 artigos, que são renovados quase constantemente numa atualização interminável do produto, o que os levou a serem comparados com o gigante têxtil Zara no jornal francês "Echos".
Jean Cristophe, o seu fundador, gostou desta comparação: "Quando esta comparação foi feita, fiquei muito feliz porque tenho uma grande admiração pela Zara, tal como tenho uma grande admiração pelo Ikea. A Zara é capaz de estar presente em todo o mundo, é capaz de fazer coleções para jovens a preços acessíveis, e isso mostra que não é necessário ser uma marca muito cara e de luxo para ser conhecida em todo o mundo e para ter um grande sucesso global. Gostei muito da comparação, também porque fazemos muitas séries limitadas, como a Zara."


AS MULHERES TÊM UM PESO CADA VEZ MAIOR NA EMPRESA
A gama feminina da Ekoï é liderada por Celine Milan, com quem tivemos a oportunidade de conversar. Milan chegou há dois anos da empresa de moda Kaporal: "Quando cheguei à Ekoï, a parte feminina representava menos de 5% do volume de negócios da empresa, e agora representa cerca de 15%". Os mercados mais importantes nesta linha de negócio são diferentes do conjunto da empresa, com a França a liderar seguida da Alemanha, República Checa e Holanda. Há vários projetos em constante crescimento, como fez questão de mencionar: "Estamos a trabalhar numa gama de gravel, que será subdividida em duas linhas, uma para competição e outra mais casual, e para o verão estamos a trabalhar arduamente para criar uma linha de competição de pista". Em 2014, um fundo de investimento entrou em força durante 5 anos e há dois anos entrou um novo fundo de investimento minoritário para desenvolvimento do negócio nos Estados Unidos, no entanto, Jean Cristophe Rattel nunca perdeu o controlo da empresa.

MAIS DE 3.000 REFERÊNCIAS ATIVAS COMPÕEM A GAMA EKOÏ

A competição está no seu ADN. Um mural imortaliza os atletas patrocinados mais importantes.


UM VISIONÁRIO PRAGMÁTICO
5 PERGUNTAS-CHAVE A JEAN CRISTOPHE RATTEL

Com um historial em várias marcas como MBK, Oktos ou Vetta, Jean Critophe Rattel decidiu em 2001 lançar a sua própria marca em Roubaix, no norte de França. O objetivo da Ekoï desde o início é alcançar uma boa relação qualidade/preço, procurando um nicho entre as marcas topo de gama e as marcas com produtos muito básicos. A sua fórmula funcionou e continua a funcionar, sem dúvida, e hoje lideram uma empresa com presença direta na Europa, Japão e Estados Unidos, onde já possuem uma filial. Têm também cerca de vinte distribuidores. Os seus principais mercados, depois da França, são a Alemanha e Espanha praticamente ao mesmo nível, seguidos pela Itália, e outros mercados como a República Checa (onde destacam o sucesso da sua linha WOMAN), Bélgica, Polónia e Áustria.
Qual é o significado de Ekoï, de onde vem o nome e como foi concebido?
Lembro-me de ter escolhido o nome Ekoï e apesar de estar convencido desde o início que era um nome ou marca interessante, só mais tarde é que isso se confirmou, ou seja, quando a marca ficou consolidada. Nessa altura a Ikea e a Nokia eram incrivelmente bem sucedidas em todo o mundo e eu adotei a estratégia da Ikea de tornar um produto acessível a todos, e de trazer valor à sociedade, criando um produto de qualidade.
O crescimento espetacular da marca não deixou ninguém indiferente. Quais foram os anos de maior crescimento da EKOÏ?
Não medimos o sucesso pelos números do volume de negócios, que variam todos os anos. O importante é que, ano após ano, a empresa melhore ao nível do produto. O volume de negócios ou a rentabilidade acabam por vir, mas não é isso que torna uma marca importante. O que torna uma marca importante é como ela é apreciada no mercado, como consegue fazer um produto melhor, como consegue fazer um produto diferente, como é percebida pelo consumidor. Isso é o que é importante. No dia em que tivermos um grande volume de negócios, mas o utilizador não gostar da marca, será um desastre. É realmente importante ter isto em mente.

A Ekoi sempre esteve mais ligada ao mercado do ciclismo de estrada, embora tenha inúmeras histórias de sucesso no ciclismo de montanha. Será que a marca vai promover mais o BTT no futuro, com novas gamas de produtos?
Já não estamos associados à equipa BMC, mas mantemos Julien Absalon como embaixador da Ekoi. Ele já não é manager da equipa, mas continua a ser embaixador da BMC e da Ekoi no têxtil. Também mantemos duas ou três equipas de BTT, mas não estão ao mais alto nível mundial.
A marca tem fortes raízes na Europa, com uma grande parte da sua produção no nosso continente. A tendência será produzir cada vez mais produtos em solo europeu ou dependerá do produto?
É importante trabalhar com os fabricantes europeus porque nos permite desenvolver produtos mais facilmente. Acima de tudo, o fabricante europeu tem claramente a capacidade, serviços, bons engenheiros e proximidade. A produção na Europa é um mote para desenvolvermos um produto de qualidade, e também para uma questão de eco-responsabilidade. Produzir mais perto faz sentido.

Qual é o futuro da Ekoï e quais são os próximos desafios para a empresa?
No que diz respeito ao futuro, este ano vai ser um pouco mais duro. No entanto, o futuro da Ekoi é promissor, porque queremos continuar a expandir-nos por todo o mundo, queremos continuar a fazer cada vez mais produtos inovadores, procurando sempre um bom feedback dos atletas profissionais e dos utilizadores. Penso que nos próximos três ou quatro anos, mesmo que a situação económica seja difícil porque o custo das matérias-primas irá subir, o que na Europa já é uma realidade, as pessoas continuarão a praticar desporto, e a nossa posição de boa relação qualidade/preço será ainda mais importante do que num contexto sem problemas económicos, por isso, para mim, os próximos três ou quatro anos serão muito interessantes para a Ekoi. Teremos realmente a missão de fazer um bom produto a um bom preço.

NÃO MEDIMOS O SUCESSO EM NÚMEROS DE VOLUME DE NEGÓCIOS, MAS SIM NA FORMA COMO A MARCA É APRECIADA