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Opinião: a realidade do ciclismo nacional

Por vezes são necessárias situações de aperto, como esta em que estamos a viver, para nos apercebermos da fragilidade de tudo o que gira à volta do ciclismo e do BTT.

Opinião: a realidade do ciclismo nacional
Opinião: a realidade do ciclismo nacional

O que define a grandiosidade de um determinado desporto ou modalidade? O número de praticantes? O número de adeptos? As receitas diretas ou indiretas geradas por essa modalidade? A verdade desportiva e financeira? Muitos considerarão o futebol o desporto rei em Portugal, mas poucos se apercebem que uma boa parte dos clubes de topo tem passivos gigantescos. Se fosse uma equipa de ciclismo estaria o caldo entornado e provavelmente toda a modalidade estaría em risco.

O que se passa então para o ciclismo e o BTT não subirem de patamar? Todos sabemos que os lobbys falam mais alto. É verdade que o futebol atrai muitas atenções, mas também é verdade que os grandes grupos económicos que os patrocinam querem o necessário retorno do seu investimento. Num país em que o sistema passou a ser o "pay per view", gerando uma fonte de receitas incrível para a Liga e para os clubes, a modalidade tem ainda a seu favor inúmeras horas de debates e comentários em programas específicos, que não só aumentam o share dos canais, como geram retorno mediático indireto para os clubes.

Tudo isto é alimentado por interesses, como sabemos, e no caso do ciclismo e do BTT, ainda estamos na fase do "falar para dentro". Com isto quero dizer que se os outros fazem lobby, porque não havemos nós de fazer o mesmo? Muitos acusam a Federação de nada fazer, mas esquecem-se que têm de ser todos, unidos, a fazer lobby pela modalidade. Olhar exclusivamente para dentro não produz nenhum resultado, é preciso ter um olhar crítico, definir estratégias e envolver todos para um rumo comum.

Não é de hoje que a modalidade tem problemas. Mas é hoje que sentimos que ela está à beira de um precipício. A Federação muito tem feito em prol da modalidade, desenvolvendo várias iniciativas, projetos de relevo (como o Velódromo nacional), arcando com a responsabilidade de manter a Volta ao Algarve e - esperemos nós - aguentando a Volta a Portugal este ano. Muitos desconhecem, mas há muitos outros projetos em que a FPC está envolvida e que não passam exclusivamente pela competição. O BTT sente-se de certa forma abandonado, mas temos de reconhecer que a própria FPC é pequena para a quantidade de assuntos em cima da mesa.

O que é que se pode fazer? Sejamos realistas: é preciso uma task force que una todas as equipas, a Federação, os organizadores e os Media especializados para delinear estratégias. Um brainstorming com todos será muito mais proveitoso do que um artigo num jornal nacional. É necessário ter a ajuda de todos, criar responsabilidades e, acima de tudo, utilizar os contatos priveligiados para fazer lobby. Desunidos nunca chegaremos a lado nenhum.

Não podemos continuar a tapar o sol com a peneira porque as coisas não ficarão como antes, mas se todos agirmos já, podemos salvar equipas, manter organizadores e dar alguma esperança a todos os que vivem desta modalidade...

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