A Cannondale acabou de apresentar a quarta geração da Moterra, uma gama dividida em 3 variantes: Moterra SL e as atualizadas Moterra e Moterra LT. A Moterra SL foi apresentada em 2024 e no fundo é uma ebike muito equilibrada, com um peso a rondar os 20 kg, mas com um motor "full power" Shimano EP801 de 85 Nm e uma bateria com 601Wh. Trata-se de uma mullet (roda traseira de 27,5" e dianteira de 29 polegadas), com suspensões de 160 e 150 mm. Clica aqui para veres o teste que realizámos a este modelo.

As duas novas Moterra que acabaram de ser apresentadas, herdam o ADN da primeira geração lançada em 2017. Essa bicicleta literalmente colava-se ao solo como uma lapa, graças a um excelente trabalho dos engenheiros que situaram o centro de gravidade o mais baixo e centrado possível. Para tal, rodaram o motor, para poder baixar ainda mais a posição da bateria. Essa metodologia foi adotada nesta quarta geração desenvolvida passados oito anos.
CANNONDALE MOTERRA, A OPÇÃO MAIS VERSÁTIL
A Moterra é a opção mais versátil, com rodas de 29 polegadas, incluindo no tamanho S, suspensões de 160-150 mm, motor Bosch Performance Line CX de 85 Nm e bateria de 800 Wh, que pode ser substituída por uma de 600 Wh. Além disso, pode ser adicionado um extender Bosch Power More de 250 Wh.
A geometria da nova Moterra foi revista para que seja mais fácil de conduzir e mais confortável, sem perder a capacidade em todo o tipo de terrenos. Tem um pedaleiro mais baixo, os cranques sáo mais curtos, o Stack é mais elevado, o Reach é ligeiramente mais curto, o ângulo de selim é mais vertical - para ser mais fácil pedalar - e a direção é mais lançada (64º) para maior estabilidade.
A cinemática do sistema de amortecimento, além de estar adaptada a cada tamanho de quadro, foi desenhada tendo em conta um amortecedor a ar, para a máxima tração e capacidade de ler o terreno, especialmente durante as travagens.
Vem com um display Bosch System Controller no tubo superior e um ecrã Kiox por cima do avanço Trail Headsup, desenhado especificamente para que fique totalmente integrado, sem cabos à vista. A restante cablagem entra pela direção dentro do quadro.
Há duas versões, duas cores e quatro tamanhos. A Moterra 1 vem equipada com SRAM XO Eagle AXS e Fox, enquanto a Moterra 2 vem como Shimano XT e RockShox.
MOTERRA LT, PARA OS MAIS DESTEMIDOS NAS DESCIDAS
Na Moterra LT, a versão que testámos, o objetivo principal dos engenheiros foi procurar o melhor rendimento nas descidas. Trata-se de um modelo mais robusto em termos de componentes e tem mais curso (170 mm à frente e 165 atrás), mas também traz rodas mullet e o amortecedor é de mola. Por enquanto só está à venda uma versão, a LT1, montada com Fox e transmissão SRAM Eagle 90.
Geometricamente, o reach é similar ao da Moterra, mas o Stack é maior, para termos mais controlo nas descidas mais inclinadas. A distância entre eixos também é maior. O quadro no tamanho M tem um tubo horizontal 9 mm mais alto do que a LT anterior, uma diferença que se nota, sobretudo quando temos de colocar o pé no chão apressadamente. Também notámos que a cinemática do sistema de amortecimento foi otimizada para o comportamento mais linear do amortecedor de mola.
Tal como na Moterra, traz um motor Bosch CX de 85 Nm e bateria de 800 Wh. Também podemos substituir a bateria por uma de 600 Wh ou adicionar um extender de 250 Wh. A Moterra LT só inclui o display no quadro, não traz o ecrã Kiox no avanço por motivos de segurança, dado que fica demasiado exposto numa bicicleta que tem como objetivo principal as descidas mais técnicas. A única opção para aceder à informação do ecrã é aceder à app do telemóvel, dado que no display só podemos visualizar o modo de assistência e a carga da bateria. Quanto ao comando remoto é o Mini da Bosch, sem fios.
O quadro das novas versões Moterra é mais leve e refinado, com um triângulo traseiro também em fibra de carbono, em vez de alumínio. Quanto ao peso médio, as novas versões rondam os 25 kg.
No caso da LT que testámos, pesa 25,3 kg no tamanho M com pedais incluídos.
Pesos declarados pela Cannondale:
- Moterra 1: 24,4 Kg
- Moterra 2: 24,1 Kg
- Moterra LT: 24,9 Kg
JÁ A TESTÁMOS!
Recebemos na nossa reação a nova Moterra LT, mas antes de contar como correu o teste, vamos explicar alguns detalhes do quadro. Cada tubo do novo quadro Moterra foi otimizado para aligeirar o máximo possível sem comprometer a rigidez ou a resistência. Na zona do motor, o quadro é muito menos volumoso do que no anterior e o novo protetor de alumínio é 60g mais leve, além de toda esta zona ser 6% mais rígida. Como curiosidade, desmontar o motor também é mais fácil, basta desapertar quatro parafusos.
Se olharmos para a parte traseira, vemos claramente um detalhe magnífico. Não tem o Flex Pivot. Numa bicicleta como esta, porque motivo não usaram este sistema para poupar em termos de peso extra nos rolamentos e pivôs? A resposta está na escora esquerda. Na parte interna dessa escora está um suporte para a instalação de um descanso, o que torna esta ebike incompatível com a escora flexível do Flex Pivot.
Confessamos que somos fãs do Flex Pivot, mas há mercados (como o alemão) que valorizam a opção de poder montar um descanso numa bicicleta destas, por isso é compreensível, dada a dimensão desse mercado em termos de facturação.
Para desmontar os pivôs (por exemplo, para fazer uma manutenção), basta usar uma ferramenta. E se já estás a roer as unhas porque ainda não falámos dos flip chips, lamentamos, mas nem a Moterra nem a Moterra LT possuem estas pequenas peças que permitem mudar a geometria.
O tubo diagonal é aberto, para permitir extrair a bateria e a entrada de carregamento foi desenhada especificamente para este modelo. Ao abrirmos a tampa para ligar o cabo, esta não se move. E em andamento - se estiver ligado, por exemplo, o cabo do extender - não causa ruídos parasitas.
Em andamento esta Moterra LT é muito silenciosa, graças ao motor Bosch que foi remodelado internamente em termos de insonorização. Além disso, comporta-se exemplarmente nos trilhos, passando por cima de pedras como se fosse relva.
Todos os quadros são produzidos seguindo o protocolo Proportional Response da Cannondale, o que significa que cada tamanho tem o seu próprio desenho específico. Os triângulos traseiros são diferentes, as escoras têm medidas distintas e a própria cinemática do sistema de amortecimento é diferente, para encontrar a melhor resposta em termos de comportamento e absorção. A estética também é bastante cuidada, criando uma imagem suave e fluida.
A absorção traseira é simplesmente fantástica devido à mola que filtra todas as vibrações e ressaltos. A principal limitação da mola face ao sistema a ar reside na capacidade de ajuste e afinação para distintos pesos. Esta mola equipada na nossa bicicleta tem 400 libras, sendo específica para um peso entre 70 e 80 kg.
Quanto à FOX 38 Performance na dianteira tem um cartucho hidráulico Grip de 3 posições, que permite um endurecimento quase instantâneo. É muito suave, mas sentimos que está um passo atrás do amortecedor em termos de capacidade de resposta.
Esta LT em vez de trazer uma transmissão eletrónica vem equipada com a mais recente novidade da SRAM: a transmissão mecânica Eagle Transmission 90. O desviador está fixado diretamente ao quado, dispensando o dropout e a sua afinação é mais fácil. Além disso, as mudanças entram sem falhas. Podemos alterar as mudanças mesmo em pleno esforço, sem termos de afrouxar a pressão nos pedais, algo impensável há poucos anos. Além disso, isto significa que a corrente vai durar muito mais tempo, o que é uma excelente notícia quando falamos de uma ebike. Há no entanto uma ressalva: o manípulo das mudanças só permite passar um carreto de cada vez por motivos de segurança.
Os travões TRP Evo Pro são muito potentes desde o primeiro minuto. Têm quatro pistões e um disco dianteiro de 220 mm, além disso, são ajustáveis através de dois rotores: um modifica o alcance da manete e o outro gere o curso morto (até as pastilhas tocarem no disco). São sensacionais e funcionam com óleo mineral, um líquido que danifica menos os anéis e vedantes, o que prolonga a vida útil dos travões.
A Cannondale também escolheu umas rodas melhores para a LT, se compararmos com as do ano passado. Agora traz de fábrica umas DT Swiss H1900 Spline, com cubos 370 e cepo ratchet. Os pneus são os novos Schwalbe Shredda, com a nova carcaça radial que se molda melhor ao terreno. Esta carcaça permite usar mais pressão mas manter a mesma aderência, o que na prática possibilita descer mais rápido. O conjunto (rodas mais pneus) é muito sólido, mas absorvente e previsível, acompanhando a plasticidade da nova traseira em carbono.
Sentimo-nos muito seguros a bordo da Moterra LT, tanto em zonas inclinadas como em descidas repletas de pedra. Ela "engole" tudo o que aparecer pela frente e no fundo é uma bicicleta elétrica de enduro ideal para quem prefere as descidas. É generosa em termos de dimensões e a confiança que transmite é elevada.
GEOMETRIA
FICHA TÉCNICA
- QUADRO: Carbono 165 mm
- AMORTECEDOR: Fox DHX Performance
- SUSPENSÃO: Fox Float Performance 38, 170 mm
- MOTOR: Bosch Performance Line CX
- BATERIA: Bosch Powertube 800 Wh
- DISPLAY: Bosch SystemControler
- COMANDO: Bosch Mini Remote
- CRANQUES: e*thirteen e*spec Helix Core 160 mm. prato 34
- DESVIADOR: SRAM Eagle 90
- MANÍPULO: SRAM Eagle 90
- CASSETE: SRAM Eagle 70
- CORRENTE: SRAM Eagle 70
- TRAVÕES: TRP EVO Pro 220/203 mm
- DIREÇÃO: Acros ICR
- AVANÇO: Cannondale 1 alumínio 6061 40 mm
- GUIADOR: Cannondale 3 alumínio 6061 800 mm
- PUNHOS: Cannondale Taper Ridge
- SELIM: Fizik Terra Aidon X5
- ESPIGÃO DE SELIM: Cannondale DownLow
- RODAS: DT Swiss H1900 27,5-29”
- PNEUS: Schwalbe Shreda dianteiro 29x2,5”, Schwalbe Albert traseiro 27,5x2,5”
- PESO: 25,30 Kg (tamanho M, com pedais)
- TAMANHOS: S, M, L e XL
- PREÇO: 7.000€
Poderás encontrar mais informações em Cannondale Bikes.