Se por norma já te deslocas diariamente de bicicleta, sabes certamente que existem cinco ou seis características que são praticamente obrigatórias: estas bicicletas têm de ser práticas, ágeis, fiáveis, robustas, devem possuir luzes e é imprescindível um sistema de segurança para além do cadeado.

Práticas e ágeis porque a "selva" urbana requer estamos atentos à duração do semáforo, e na cidade é frequente termos de desviar de uma porta de um carro que se abre sem aviso, de um buraco na estrada ou de um transeunde que se coloca à nossa frente, com os olhos vidrados no telemóvel. Também deve permitir o transporte de alforges, caso tenhamos carga para transportar (cadernos, portátil, uma muda de roupa ou o almoço).
Também tem de ser fiável e robusta porque vai estar à mercê da inclemência das condições climatéricas e nem sempre temos ferramentas para fazer reparações no local. E, como não podia deixar de ser, deve possuir luzes, dado que podemos ter de sair mais tarde do que pensamos e nem sempre os caminhos ou ciclovias estão iluminados.
Por último, mas não menos importante, deve ter algum sistema de segurança que nos permita estarmos descansados enquanto ela aguarda, silenciosamente, que o "dono" regresse.
Esta Riese & Muller inclui todas estas características e muito mais num pack discreto, mas muito bem concebido, fabricado parcialmente em Portugal (falamos do quadro e das rodas, mas já lá vamos). Esta bicicleta tem ainda a vantagem de ser elétrica, portanto dá uma ajuda extra nas nossas deslocações diárias, para que possamos chegar ao nosso destino sem suarmos e, caso o percurso tenha subidas, teremos um grande aliado para nos auxiliar: o fiável, compacto e discreto motor Fazua Ride 60, que praticamente passa despercebido.

Este motor está alojado junto ao eixo pedaleiro e tem 60 Nm de binário. Quanto à bateria, está encaixada dentro do tubo diagonal e tem uma capacidade de 430Wh, sendo o carregamento feito diretamente no quadro (numa porta de entrada localizada na parte inferior desse tubo).

No interior do motor está integrado o "cérebro" do sistema elétrico, o qual recebe as informações dos sensores e otimiza a gestão da entrega de potência consoante as necessidades. Tudo funciona de modo muito natural, sem esticões.

Basicamente proporciona quatro modos de assistência, todos eles com cores diferentes, que podemos gerir através de dois discretos e minimalistas botões situados na parte inferior do guiador na sua parte central (as fitas de guiador tiveram de ser perfuradas para que esses botões estejam salientes). Isto aumenta a discrição, portanto poucos notarão que se trata de uma bicicleta elétrica. Temos de referir que existe ainda um modo de assistência extra, uma espécie de Super Boost em que ao carregarmos ao mesmo tempo nos botões de alteração de modo de assistência, o motor trabalha na sua capacidade máxima, o que é ideal em subidas longas ou muito inclinadas.

Podemos monitorizar o modo de assistência através dos Leds situados no painel de controlo posicionado na parte superior do tubo horizontal. Aliás, este painel de controlo, além de permitir ver o estado da bateria (quantos mais Leds estiverem acesos, mais autonomia) e os modos de assistência, que vão de um apoio mais básico, para um mais forte, parecido ao Boost de marcas rivais como a Bosch, possui uma entrada USB-C para carregar, por exemplo, o telemóvel (existe um adaptador vendido à parte que permite a fixação do smartphone no guiador).


CONFIGURAÇÃO FÁCIL E PERSONALIZÁVEL
Se não temos muito jeito ou paciência para fazer configurações, a bicicleta está pronta para as agruras do dia a dia logo que a compramos. Basta carregar a bateria e voilà! Mas se quisermos podemos descarregar a aplicação da Fazua e personalizar um dos três modos principais (Breeze, River e Rocket). O Breeze é mais suave e constante, mesmo se a cadência de pedalada for diferente. O River é mais progressivo, acompanhando os inputs que lhe damos (se carregarmos com mais força nos cranques, ele entrega mais potência) e o Rocket é a potência na sua expressão máxima. Ideal para percursos com muitas subidas. Em todo o caso, como acontece em todas as bicicletas elétricas, quanto mais abusarmos dos modos mais elevados de ajuda, menos autonomia teremos.

No entanto, em ambiente urbano, maioritariamente plano, os dois modos de assistência mais básica serão os mais usados, dado que uma vez embalada, a UBN Five Commute atinge facilmente e supera a velocidade de 25 km/h, altura em que o motor fica em stand by, sendo essa transição suave e sem atrito, tal como deveria ocorrer em todas as bicicletas. Por isso, é difícil explicarmos qual é a autonomia média desta bicicleta. Nos trajetos que fizemos, maioritariamente dos subúrbios para a zona ribeinha de Lisboa, conseguimos percorrer mais de 80 km entre cada carregamento, sem grandes poupanças. É possível inclusivé percorrer mais, caso não surjam muitas subidas pelo caminho.

CARACTERÍSTICAS
O quadro desta UBN Five Commute é fabricado em alumínio no nosso país. Aliás, as rodas da Blackjack nesta bicicleta também são produzidas em Portugal.

Voltando ao quadro, tem escoras compactas, uma geometria que proporciona uma posição de condução centrada, sem ser agressiva e não demasiado relaxada. Está entre o segmento urbano puro e o racing, portanto transmite agilidade, capacidade de reação, performance e uma sensação de que estamos a bordo de uma bicicleta que não é elétrica.

O seu guiador curvo e compacto ajuda a esse sentimento, o que nos agrada, porque embora a performance não seja de todo o aspeto mais importante nesta bicicleta, conseguimos facilmente atingir velocidades elevadas.

À frente encontramos uma suspensão Suntour com 60 mm de curso, perfeita para o meio urbano e os pneus são os Schwalbe G One de 40 mm na versão tubeless. Embora esteticamente pareça uma bicicleta de gravel (devido aos pneus e ao guiador), não é esse o intuito, mas confessamos que a testámos em percursos de terra batida e comporta-se extraordinariamente bem. Em todo o caso, os guarda-lamas estragam um pouco a experiência, dado que os tacos bastante juntos destes pneus acumulam bastantes pedras minúsculas que por sua vez são enviados para estes acessórios metálicos, produzindo um ruído incomodativo. Por isso, é no meio urbano que esta bicicleta mais se destaca, como veremos mais adiante.

Voltando aos componentes, inclui uma potente luz dianteira Supernova e uma traseira, ambas de alta visibilidade. Como é apanágio na marca alemã, esta bicicleta inclui uma campainha, um descanso e um suporte para alforges traseiro, tudo de excelente qualidade e com elevada robustez.



Quanto à transmissão, neste caso inclui o grupo Shimano GRX, um sistema polivalente de 11 velocidades originalmente idealizado para Gravel, mas que faz todo o sentido ser usado em bicicletas urbanas e trekking. À frente tem um pedaleiro com 42 dentes e mesmo que andemos com o motor desligado em zonas planas temos mudanças mais do que suficientes. De um modo geral é uma bicicleta que rola muito bem, sem atrito.


Os restantes componentes são sólidos, fiáveis e indicados para esta bicicleta, embora o selim Fizik Terra Aidon tenha demorado a fazer amizade com o nosso traseiro durante as primeiras voltas.

Salientamos que existem outras versões da UBN, incluindo modelos com quadro sem tubo horizontal, outros com transmissão direta instalada no cubo traseiro ou com guiador plano e cadeado integrado. Sugerimos que consultes o site r-m.de para conheceres a gama porque vale mesmo a pena.
SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR
Embora o roubo de bicicletas em Portugal não atinja números tão alarmantes como noutros países - apesar de, como todos sabemos, a taxa de utilização destas bicicletas não se possa equiparar com o resto da Europa - nunca devemos deixar de parte a questão da segurança. Esta bicicleta, tal como outras desta marca, inclui um chip RX interno que, se ativado, permite ter acesso à localização permanente da bicicleta e inclui um alarme (gratuito no primeiro ano). Além disso, através da aplicação ConnectRide, podemos monitorizar os dados das nossas deslocações, bem como ter acesso a estatísticas. Também podemos usar a aplicação da R&M para agendar revisões da bicicleta. Há ainda um serviço extra: o ConnectCare, que permite contratar um seguro que cobre a substituição da bicicleta em caso de roubo.
COMPORTAMENTO
Como referimos inicialmente, em termos de condução é muito ágil, previsível e fiável. Como não tem nenhum componente de origem duvidosa, ou de menor qualidade, é o tipo de bicicleta elétrica ideal para as deslocações do dia a dia, sem preocupações. Além disso, parece que é mais leve do que realmente é. Pesa 19 kg e flui muito bem no ambiente urbano, ao contrário de outros modelos mais volumosos e pesados. Os botões do GRX estão na própria manete de mudanças e a comutação é audível e direta. Quanto ao sistema Fazua, apreciámos o comportamento dinâmico, o ruído reduzido e a ausência de atrito, mas notámos que por vezes nem sempre era fácil carregar nos botões alojados no guiador. Primeiro, porque são de facto muito pequenos, e segundo porque as fitas escolhidas são algo volumosas, portanto a saliência desses botões é escassa. Além disso, para alterar o modo de asssistência (do Fazua), temos de retirar uma das mãos das manetes de mudanças/travão, e procurar o botão com os dedos. Não é o mais intuitivo e prático, mas funciona.

A pedaleira tem um protetor de corrente, portanto podemos usar roupa casual sem nos preocuparmos com a sujidade, aspeto que também conta com a ajuda dos eficazes guarda lamas, que nos protegem de qualquer detrito ou água. Como curiosidade, para ligar o sistema elétrico, temos de carregar prolongadamente no botão do lado esquerdo, até vermos os Leds no controlador. Depois, para aumentar o modo de assistência, carregamos no botão do lado direito e para baixar no do lado esquerdo. Esses botões também servem para ligar/desligar as luzes e se quisermos o modo extra-boost, basta carregador nos dois botões ao mesmo tempo.

É de facto uma bicicleta especial, com um design que a torna ideal para a "selva" urbana - aliás, a cor deste modelo chama-se precisamente Selva, embora também esteja disponível em preto - e com um carisma muito próprio. Gostámos da estética, do seu funcionamento geral e da simplicidade no design. É uma elétrica que cumpre os objetivos e que nos leva do ponto A ao B eficazmente e sem receios.
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Pontos positivos: Estética, robustez, fiabilidade. Motor eficaz e potente. Travagem segura.
Pontos a rever: Botões do sistema Fazua pouco salientes.