Os manómetros das bombas de ar não são infalíveis, aliás os seus mecanismos internos são muito delicados e frágeis. Por isso, por vezes deixam de medir com exatidão a pressão, passando a apresentar valores que nada têm a ver com a realidade, quer por um uso excessivo, quer por um desajuste do sistema interno, ou por outro motivo qualquer.
Nos manómetros usados na maquinaria pesada, como os dos compressores de ar das gasolineiras, é possível calibrar utilizando um sistema caro que compara a pressão real da marcada pela agulha do manómetro. No caso das bombas de pé (que usamos para encher os pneus das nossas bicicletas), os componentes internos são mais frágeis, leves e simples, portanto é mais frequente haver problemas.
Muitos não sabem sequer que estão a encher a pressão errada e só quando usam um aparelho eletrónico que confirma o valor, é que ficam a saber que a sua bomba precisa de ser ajustada. O problema é que nem todas as bombas permitem esse ajuste. Obviamente, as mais baratas em regra não têm essa possibilidade.
No entanto, algumas marcas como a Lezyne, produzem muitos dos seus modelos com a possibilidade de substituir o manómetro e vendem este acessório como peça de substituição, existindo também algumas marcas que incluem um sistema de calibragem que permite fazer ajustes, como é o caso da bomba que mostramos nestas imagens.
A primeira coisa que temos que fazer para aceder ao sistema (para calibrar) é desmontar o bloco sobre o qual está instalado o manómetro, para o poder separar do resto da bomba. Depois de o retirarmos, temos de procurar um pequeno parafuso de plástico, que é responsável pela pré-carga da mola. Este parafuso está unido ao mecanismo da agulha. Não costuma estar muito à vista precisamente para evitar que se toque acidentalmente.
O seu mecanismo é bastante simples: o ar passa por este circuito e empurra a mola e a peça (à qual está unido) para dentro. Quanto mais elevada é a pressão, maior será o deslocamento da agulha. Esse movimento da agulha é feito mediante uma engrenagem. Se a apertamos, aumentamos a pré-carga, portanto a agulha aumenta a sua resistência e é precisamnete isso que devemos fazer se a nossa bomba apresentar valores excessivos (por exemplo: 2 bar quando na realidade são 1.5 bar). E se afrouxarmos a agulha, precisará de menos pressão para se mover, pelo que marcará um valor superior.
No entanto, para termos a certeza de que vamos calibrar corretamente, precisamos de um segundo elemento de medição (outra bomba que tenhamos a certeza de estar a marcar os valores corretamente ou um manómetro digital) e, claro, de muita paciência. O ideal é usarmos um manómetro digital para comparar os valores e quando estivermos a ajustar o tal parafuso de plástico da nossa bomba, devemos rodar pouco a pouco (milímetro a milímetro) e ir comparando com o aparelho digital.
Além disso, recomendamos sempre testar posteriormente em pneus de diferentes medidas. Por exemplo, sugerimos encher com uma pressão baixa (1.2 bar) e posteriormente num pneu de estrada colocar entre 7 e 8 bar. Porquê? Porque o problema do nosso manómetro pode ser mais complexo do que pensávamos e pode mesmo ser necessário trocar todo o sistema ou comprar uma bomba nova. Este processo de tentativa-erro irá confirmar isso mesmo. Se tudo correr bem, ficaremos com uma bomba devidamente calibrada.
