A Zipp é uma das marcas mais conceituadas na produção de rodas de elevada qualidade. Esta marca que pertence ao grupo SRAM criou um departamento interno que desenvolve e testa uma nova geração de rodas que estão a chegar ao mercado, como estas 454. Este modelo é apenas um dos que a marca norte-americana desenvolveu em segredo, rompendo todos os standards que a indústria impôs ao longo dos anos. O aro não tem gancho interno, as paredes do aro não são em linha reta nem uniformes e na prática estas rodas só estão disponíveis nesta versão tubeless, acabando de vez com as câmaras de ar. Se ainda não as conheces… bem-vindo ao futuro!
A gama NSW é composta por três modelos (353, 454 e 858), todos eles com altura de perfil do aro diferenciada e todos eles para travões de disco e tubeless. Testámos as 454 pois consideramos serem a melhor opção para uma grande variedade de condições e terrenos onde andamos, que mesclam estradas planas (80%) com algumas subidas e descidas (20%), com vento - sobretudo lateral - em zonas específicas.
O aro destas Zipp é fabricado em fibra de carbono de elevada qualidade e não é uniforme. Ou seja, a superfície tem pequenos desnivelamentos ao longo de todo o aro e a junção na zona dos raios é ondulada. Possui detalhes gráficos gravados a laser, incluindo os logotipos e de origem já traz a fita e válvula. Como curiosidade, uma boa parte das rodas Zipp é montada precisamente em Portugal na mesma fábrica que produz as correntes da SRAM e onde também é feita a montagem dos pedais TIME.

SISTEMA HOOKLESS
Podes não saber, mas é provável que as rodas do teu automóvel ou mota tenham este sistema. Aliás, os pneus dos aviões também adotam este sistema. Basicamente, este tipo de construção sem gancho interno é mais simples e a transição entre o pneu e o aro é mais aerodinâmica. Essencialmente o pneu mantém-se no sítio devido à pressão de ar e é um sistema muito seguro e fiável. Obviamente, nem todos os pneus tubeless são compatíveis com estas rodas, por isso sugerimos consultar o site https://www.sram.com/en/zipp/campaigns/hookless-tire-compatibility e ver quais são os pneus de cada marca que podem ser usados.

AERODINAMISMO ASSUMIDO
Um dos pormenores que salta à vista nestas rodas é o seu aerodinamismo. O formato em “V” está ultrapassado, e em vez disso, a Zipp adota quatro pormenores que contribuem para um comportamento aerodinâmico: o aro tem um formato em “D” invertido, com um perfil de 58 mm; as extremidades (junto aos raios) são onduladas para não prejudicar a fluidez do vento; a superfície do aro inclui reentrâncias que, segundo a marca, asseguram que em ventos laterais, o aro não oscila em demasia e, por último, os próprios cubos e raios foram alvo de um cuidado especial, tendo também um design e construção com detalhes aerodinâmicos. No interior do cubo traseiro, um sistema de ímans em vez de molas em aço assegura consistência e permite mais leveza do que os tradicionais modelos. Além disso, os 36 pontos de engate do cepo atribuem a este cubo segurança e uma engrenagem de elevada qualidade.
A marca desenvolveu tecnologias específicas para diferenciar cada uma das mais-valias referenciadas em termos aerodinâmicos. Por exemplo, o aro adota a construção Sawtooth (com perfil que varia entre 55 e 58 mm), tecnologia Hyperfoil e as pequenas reentrâncias (ou covas) na superfície do aro são denominadas Hexfin ABLC (as quais ajudam a desviar os vórtices de vento no aro). Tudo isto testado em túnel de vento, bem como em alta competição pelas equipas que a marca patrocina.

COMPORTAMENTO
Uma das primeiras coisas que salta logo à vista é o seu baixo peso. A dianteira pesa somente 670g e a traseira 710g (pesos sem os discos montados e sem pneus), o que perfaz uns incríveis 1.380g. Embora sejam umas rodas superleves, são robustas e têm uma distribuição da resina mais eficiente. Estamos a usá-las há quatro meses consecutivos, com alguma chuva pelo meio e em estradas degradadas, incluindo alguns buracos, empedrado, sarjetas e mesmo secções de terra batida e ainda estão em bom estado. Naturalmente, os aros são fabricados em carbono de elevada qualidade e convém ter cuidado com a sua utilização (até porque o seu preço é elevado), por isso ressalvamos que apenas as sujeitámos a estas condições para verificar a sua fiabilidade, o que não quer dizer que se as tivéssemos comprado faríamos o mesmo. Em todo o caso, estiveram à altura das exigências e nenhum raio partiu, não empenaram, o cepo continua a funcionar exemplarmente e os rolamentos, pelo menos aparentemente, estão em bom estado.
Tendo em conta o pormenor de serem rodas hookless, a pressão dos pneus não pode exceder 5 Bar, o que na prática significa que com os pneus 700x28 que montámos, o conforto foi claramente superior ao de umas rodas com pneus 25 c e com uma pressão de ar maior. Como o pneu dilata mais em contato com o solo, aumenta a segurança e a capacidade de travagem, mas também o comportamento geral. A pedalar em pé não notamos aquela tradicional apatia gerada pelas rodas de perfil médio ou alto quando balanceamos a bicicleta, nem mesmo em sprint, fruto – provavelmente - da leveza dos aros e do pormenor de não usarmos pneus demasiado volumosos (30 mm, por exemplo). A rolar são exímias e é sobretudo acima dos 30 km/h que notamos as mais valias da sua construção, permitindo-nos manter velocidades elevadas sem grande dificuldade.
E quando temos vento a favor, são imparáveis. Em ventos laterais ou frontais, são estáveis e previsíveis, minimizando as perdas, mas nunca nos colocam em perigo ou nos atiram para as sarjetas da estrada, como outras rodas que já testámos (as rodas mais nervosas, com perfis em “V” têm essa tendência). E como os aros são tubeless, não nos temos de preocupar com os furos, podendo usar pressões mais baixas, o que diminui a resistência a rolar e filtra as vibrações da estrada.
É também no cubo traseiro Cognition V2 que reside uma parte da tecnologia presente nestas Zipp, sobretudo no cepo com o sistema atualizado Axial Clutch V2, com uma engrenagem dos linguetes rápida, mais duradoura (segundo a marca) e com menos fricção. Não testámos a versão anterior deste sistema, portanto não podemos confirmar se de facto houve uma melhoria, mas comparando com rodas de outras marcas de topo que já testámos, como Bontrager, Mavic, Roval,, Shimano, entre outras, estão ao nível das melhores.
CONCLUSÃO
O que é que torna umas rodas eficientes? Será o peso? Ou o design? Ambos, mas não só. O comportamento de umas rodas é definido não só pelo seu design e características gerais, mas sobretudo pela sua conexão com os pneus e se essa conexão não for perfeita e aerodinâmica, de nada vale serem leves ou terem rolamentos cerâmicos. Estas 454 NSW da Zipp têm essa preocupação e no fundo o aerodinamismo é isso mesmo: uma conjugação de fatores que, isolados, de nada valem. Devido ao design do carbono laminado, à grossura do aro e aos pormenores aerodinâmicos que referimos, os principais “pontos quentes” de uma roda são resolvidos: dissipação das vibrações, resistência ao rolamento, comportamento perante o vento e efeito da gravidade. Acresce o facto de serem tubeless, o que elimina grande parte dos furos, um dos principais flagelos dos ciclistas.
Na estrada estas rodas têm um comportamento homogéneo, são previsíveis, estáveis e suaves. Como o seu peso ronda os 1.300g, nas subidas não notamos atrito e rolam muito bem. Como são hookless e tubeless, as válvulas são fornecidas de origem e são de elevada qualidade. Não tivemos problemas a montar os pneus e até agora, passados alguns meses desde o início do teste ainda não sofremos qualquer furo nem notámos perda de líquido selante pelos rebordos do aro, o que atesta a fiabilidade do sistema. O sistema tubeless tem tendência para perder paulatinamente algum ar com a passagem dos dias, por isso de 3 em 3 dias controlámos a pressão, não ultrapassando os 5 Bar (73 psi) recomendados como valor máximo. São das rodas mais eficientes a rolar – das que já testámos – acima dos 35 km/h e como ajudam a dissipar as vibrações da estrada, isso significa que o desgaste é menor, o que potencia voltas maiores e mais confortáveis. Não são umas rodas baratas, mas para quem participa em Granfondos ou outros eventos de caráter amador, com algum grau de competição, são uma excelente opção. Além do mais, têm garantia vitalícia, o que é uma excelente notícia. O único ponto negativo, na nossa opinião, é a ausência de rolamentos cerâmicos numas rodas que custam mais de 3.000 euros.
FICHA TÉCNICA:
Aro: Carbono com sistema hookless
Medida: 700c
Compatibilidade: pneus tubeless
Perfil: entre 55 e 58 mm
Raios: Sapim CX
Sistema de travagem: discos (Center Lock)
Cepo: SRAM XRD/ Shimano/SRAM, 10, 11 ou 12 vel.
Largura interna: 23 mm
Largura externa: 28 mm
Peso máximo permitido: 114 kg
Pressão máxima: 5 Bar (73 psi)
Eixos: 12x100 / 12x142 mm
Peso: 1.380g o par; Dianteira (670g) e Traseira (710g)
Preço: 3.513,25€