A Manitou não foi apenas uma das marcas de referência no mundo da competição durante uma das épocas mais lendárias do BTT. Se não conheces esta marca, procura no Google pelo grande John Tomac e verás qual é a suspensão que aparece montada nas suas bicicletas mais emblemáticas (com a autorização da Tioga), bem como modelos lendários que vieram depois, da Answer Manitou, como a Mars, para XC ou a Dorado, para DH. Esta marca, nascida no Colorado pelas mãos do construtor de quadros Doug Bradbury, foi também uma fonte de inovação e desenvolvimento durante anos (tubos de direção de 1,5", cubos mais largos, câmaras de ar duplas...) e, embora já não ocupe o mesmo lugar nas corridas que ocupava na altura, a marca está a dar passos importantes para voltar a estar na vanguarda (ganhando popularidade novamente com a Rockrider Racing Team). Desde 2007, ano em que foi adquirida pelo grupo Hayes, a Manitou passou a fazer parte de um grupo de marcas bastante conhecidas e enraizadas na história do BTT, oferecendo o mesmo nível de desenvolvimento e qualidade em todos os seus produtos. Estamos a falar dos seus próprios travões Hayes, rodas Reynolds, componentes ProTaper e também da sua outra marca de rodas, a Sun Ringlé. Neste teste tivemos a oportunidade de ter uma bicicleta Rockrider XC Race com 120 mm de curso montada com marcas do Grupo Hayes, para demonstrar que estão à altura das exigências atuais e que são uma verdadeira alternativa.
- Suspensão Manitou R7 Pro: 1.648 g. 1.030 €.
- Amortecedor Manitou Mara: 275 g. 510 €.
- Travões Hayes Dominion T2: 354 g. 360 € (cada um).
- Rodas Reynolds Black Label Pro XC: 1.376 g. 2.300 € o par.
- Guiador ProTaper Hyperlite: 760 mm/125 g.
- Potencia ProTaper ATAC: 80 mm/90 g.
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Espigão de selim Manitou Jack: 80mm/380 g.
Procurem no Google pelo grande John Tomac e vejam qual é a suspensão que está nas suas bicicletas mais emblemáticas
SUSPENSÃO MANITOU R7 PRO
É a suspensão de XC da marca... mas é muito mais do que apenas isso! De facto, o seu chassis tem bainhas de 32 mm de diâmetro, um tamanho que atualmente vemos especialmente em modelos focados em bicicletas mais leves. Em contrapartida, no interior encontramos tecnologias hidráulicas e pneumáticas trazidas dos seus modelos de Enduro e DH. Aqui referimo-nos à câmara de ar Dorado e nesta versão Pro ao sistema Incremental Volume Adjustment (IVA), que lhe confere um comportamento muito sensível e suave no início do curso, mas que se torna muito estável e com grande apoio na zona intermédia, sendo também muito progressiva no último quarto do seu curso. O cartucho VTT Pro tem um seletor de compressão de três posições, que é firme e muito metálico, embora não seja o mais preciso quando se trata de encontrar a posição intermédia. Também tem um seletor para ajustar a compressão em modo aberto, para que possamos ter um comportamento mais livre ou mais controlado - se dermos muitos saltos ou drops altos - e, juntamente com a progressividade já mencionada, o resultado é uma frente muito estável a altas velocidades. Não existe, por enquanto, a opção de bloqueio remoto.
Achamos que é uma suspensão com a qual podemos pedalar a subir com um desempenho bastante bom e com o qual podemos mergulhar de cabeça em trilhos muito técnicos sem muitas hesitações. Mesmo com bainhas de 32 mm, a rigidez do seu design tradicional (com a ponte na traseira) é muito elevada, ao nível do que uma bicicleta moderna de 120 mm exige. A este respeito, o curso pode ser modificado a partir dos 80 mm, em incrementos de 10 mm.
AMORTECEDOR MARA
O seu comportamento é bastante semelhante ao da R7, com alguns toques de amortecedor de Enduro quando as coisas ficam difíceis. Gostámos particularmente da qualidade do seu sistema hidráulico, com uma mistura de sensibilidade inicial e apoio no curso intermédio. Faz literalmente com que uma bicicleta como esta, orientada para o XC, desenhe o terreno de uma forma a que não estamos habituados, sensível e controlada ao mesmo tempo, sem balanços parasitas, e puxa muito bem nas subidas em terreno solto.
Tem quatro posições de compressão, sendo o bloqueio uma verdadeira “pedra”. Também tem algo em comum com a R7, que é o facto de o botão de compressão carecer de um pouco de nitidez nas posições intermédias no que diz respeito à colocação da patilha, apesar de esta ser muito sólida e não ter qualquer folga. O botão de rebound também carece de cliques, algo de que sentimos falta.
TRAVÕES HAYES DOMINION T2
Já conhecíamos bem o modelo A4 de duplo pistão, um dos nossos travões preferidos em Enduro/DH devido à sua boa ergonomia da manete (pequena, ao estilo Shimano), à sua construção robusta e à sua grande potência. Na verdade, são bastante populares no DH atualmente (vejam quantos atletas da Taça do Mundo usam travões roxos). Mas será que conseguiriam manter este nível na sua versão mais leve para XC? Surpreendentemente sim, e a característica que nos chamou a atenção foi novamente o seu elevado poder de travagem, mesmo com um disco dianteiro de apenas 160 mm (para uma bicicleta com 120 mm de curso). A “mordida” é tão grande que, inicialmente, temos de nos habituar à sensação e ter um pouco mais de sensibilidade do que o habitual ao carregar na manete. De facto, conseguimos uma melhor sensação da manete se a aproximarmos bastante do punho, algo que nos lembra ainda mais a sensação de um travão de DH, pois se a afastarmos exercemos demasiada alavanca e perdemos alguma da capacidade de ajustar a pressão às condições do terreno com precisão.
Na sua construção encontramos também materiais de primeira categoria para tornar estes travões excelentes, como as ferragens totalmente em titânio - até os parafusos dos discos -, a cobertura da tampa do depósito em compósito ou as manetes em fibra de carbono, desenhadas e fabricadas pela sua marca irmã Reynolds (estão assinados na traseira). Também têm pastilhas de travão revestidas a alumínio e o corpo foi maquinado mais extensivamente do que os outros modelos para reduzir alguns gramas do peso da bicicleta. No total, o peso foi reduzido em 50 gramas por travão em relação ao outro modelo de 2 pistões da marca, o Dominion A2. O seu peso é de 254 gramas por travão (tubo de 180 mm). Apesar de ser um travão mais leve, utiliza o sistema QuickBite double bleed port (dois sangradores na pinça), que permite remover facilmente qualquer bolha de ar que possa permanecer na pinça, e também a regulação lateral Crosshair, que permite alinhar a pinça com o disco de forma muito precisa. São travões para quem procura um peso leve, mas sem sacrificar a fiabilidade ou a potência.
O HAYES DOMINION T2 É UM TRAVÃO LEVE PARA BETETISTAS QUE DÃO PRIORIDADE À FIABILIDADE E À POTÊNCIA.
RODAS REYNOLDS BLACK LABEL PRO XC
Curiosamente, a marca Reynolds é bastante popular em duas frentes muito diferentes: na estrada, onde são uma peça exótica e muito elegante, e no lado mais agressivo do BTT: o Enduro e DH, muito visível em algumas equipas como a Pivot Factory Racing. No segmento XC também têm rodas espetaculares como estas Black Label Pro XC (Black Label, ou simplesmente "BL", o seu topo de gama), um conjunto de rodas que pesa apenas 1.376 gramas com válvulas UST e fitas de aro Tubeless Ready instaladas, as rodas mais leves que fabricam para BTT. Os aros de carbono são Hookless, sem ganchos de aro, e tem aros assimétricos para distribuir melhor a tensão dos raios. O seu perfil é de 26 mm, bastante discreto para quem gosta de aros oversized e vistosos e a sua largura interna é de 25 mm (30 mm de largura externa).
Este tamanho começa a ser um pouco limitado para uma utilização moderna de Cross Country ou Down Country, embora seja verdade que as utilizámos em combinação com uns pneus Vittoria Agarro com balão de 2,35", um modelo muito orientado para o Trail, e não tivemos qualquer problema nem de instalação, nem de instabilidade ou desencaixe em apoios fortes. No entanto, a sua gama de utilização é melhor quando combinada com pneus entre 2.20-2.30" ou larguras até 56-57 mm.
Os cubos são uma verdadeira joia, fabricados pela Reynolds, e utilizam um mecanismo interno infalível e muito procurado, o sistema Hydra, da Industry Nine, que se destaca pela rapidez de engate, com um movimento de apenas 0,52º.... Quem o consegue bater? Por este engate das suas seis linguetas e pelo seu som, praticamente todos os nossos colegas que nos acompanharam nos nossos testes adoraram e invejaram estas rodas.
GUIADOR PROTAPER HYPERLITE
A ProTaper é outra marca comum nas bicicletas de muitos riders dos anos 90, especialmente nas bicicletas de DH como a da Campeã do Mundo de 95, Leigh Donovan. Esta marca enraizada no mundo do Motocross e que lançou e patenteou o primeiro guiador oversized elevado sem crossbar, tem no seu catálogo de BTT guiadores fantásticos como este Hyperlite. Pesando apenas 125 gramas, este guiador é um dos mais leves do mercado com uma largura de 760 mm, valor conseguido com um processo de fabrico próprio chamado PFL (plastic foam lamination) que reduz a quantidade de camadas de resina e carbono.
AVANÇO PROTAPER ATAC
O nível de acabamento deste avanço é tão hipnótico que teríamos de comprar duas unidades, uma para a nossa bicicleta e outra para exibir numa prateleira da nossa sala de estar. O ATAC, um modelo que também foi muito popular há alguns anos na gama da ProTaper, é agora produzido nesta versão menos endureira, mas mais versátil, com uma construção robusta, mas muito leve (em CNC). Como novidade, utiliza também titânio nos seus dois parafusos, proporcionando exclusividade e um peso mais leve. 112 gramas é o que pesa a unidade testada em 80 mm, com pesos que variam de 90 gramas no tamanho mais curto de 50 mm, todos para 31,8 mm de diâmetro (como o guiador). Para além desta cor cromada, está também disponível em azul e preto.
PROTAPER, A MARCA ICÓNICA DE MOTOCROSS E DOWNHILL DOS ANOS 90, TAMBÉM TEM PEÇAS LEVES E MUITO ELEGANTES PARA XC E DC
ESPIGÃO DE SELIM TELESCÓPICO MANITOU JACK
É fabricado nos tamanhos 185 e 160 mm, para as bicicletas com mais curso, mas também numa versão vocacionada para o XC, com apenas 80 mm de curso. Em termos de tecnologia, a Manitou não deixou os seus créditos em mãos alheias e recorreu à marca BikeYoke e à maior parte do seu mecanismo, sendo praticamente o mesmo espigão, aliás, nem sequer escondem o logOtipo Divine, o modelo em que se baseia esta versão de 80 mm. Destaca-se não só pelo seu peso, mas também pelo seu sistema hidráulico, um dos mais fiáveis que podemos encontrar no mercado, e pela sua facilidade de manutenção.