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Teste exclusivo da nova Trek e-Caliber

A Trek acabou de apresentar internacionalmente a nova e-Caliber, uma e-bike leve (pesa menos de 16 kg) e com a opção real de pedalar com o motor apagado ou mesmo sem motor.

Iván Mateos Fotos: Alejandro Cubino

Teste exclusivo da nova Trek e-Caliber
Teste exclusivo da nova Trek e-Caliber

A Trek acabou de incorporar no seu catálogo a nova versão elétrica da espetacular Supercaliber, uma bicicleta que, em rigoroso exclusivo nacional, tivemos o privilégio de testar em segredo durante um mês. Chama-se Trek e-Caliber e pertence a uma nova categoria de e-bikes leves, com um peso inferior a 16 kg e com a capacidade real de poder pedalar com o motor desligado ou, inclusivé, sem o motor (como veremos mais à frente). Contudo, a e-Caliber não é uma Supercaliber à qual os engenheiros da marca acoplaram um motor, é muito mais do que isso, é uma bicicleta completamente nova.

Teste exclusivo da nova Trek e-Caliber

 

A versão que testámos é a Trek e-Caliber 9.9 XTR, montada com Shimano XTR na transmissão e nos travões, e com um peso de 15,77 kg no tamanho M, sem pedais. Para conseguir esta leveza, traz de origem um quadro de fibra de carbono OCLV com o mesmo sistema de amortecimento minimalista IsoStrut da Supercaliber e com um compacto motor Fazua.

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Trek e-Caliber 9.9 XTR

 

A e-Caliber é uma híbrida. Por um lado, a sua utilização oscila entre o XC e o Trail, partilhando o curso traseiro de 60 mm da Trek Supercaliber, com o mesmo sistema de amortecimento IsoStrut e o amortecedor, e a suspensão com bainhas de 34 e 120 mm de curso da Trek Top Fuel. Por outro lado, o seu sistema de propulsão, pode ser atuado com assistência elétrica, ou cem por cento apenas e só com a força das nossas pernas.

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Amortecedor traseiro com 60 mm de curso. Suspensão com 120 mm.
 

O quadro é similar ao da Supercaliber, 100% em fibra de carbono OCLV, com escoras que flectem e com o sistema IsoStrut. Esta é uma das principais inovações da década e o que está à vista não é o próprio amortecedor (o amortecedor está dentro da barra Kashima que está ancorada firmemente pelas suas extremidades ao quadro).

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Sistema de amortecimento IsoStrut.
 

O deslizador (esta extremidade das escoras que rodeia a barra) está conetado ao amortecedor, comprimindo-o no seu deslizamento. Este eixo passante atravessa as 3 peças, o deslizador, o amortecedor e a barra, evitando assim as torções laterais e as possíveis rotações de umas sobre as outras. Mais engenhoso era impossível. O amortecedor Fox tem ajuste de recuperação e comando de bloqueio no guiador, o qual também bloqueia em simultâneo a suspensão.

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O IsoStrut faz parte estrutural do quadro.
 

Uma das chaves do sistema são as escoras achatadas e flexíveis. De lado ficou o sistema ABP entre as escoras superiores e inferiores das suas bicicletas de XC, bem como os links que comprimem o amortecedor. Como resultado, estas escoras, desde a sua posição de repouso até totalmente comprimidas, alcançam um grau de curvatura muito amplo, algo que é visível. Esta flexão permite que a força que o deslizador recebe seja o mais coincidente possível com a direção de compressão do amortecedor, reduzindo as cargas em direções não desejadas.

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As escoras, planas e flexíveis, permitem comprimir o amortecedor em linha.
 

O sag recomendado para o amortecedor é de entre 22 e 28%, ou seja, entre 13 e 17 mm. Se optarmos por 28% será mais suave e absorvente, mas esgotaremos mais rapidamente o curso. Neste caso, ou se formos um betetista pesado, convém valorizar instalar um dos espaçadores de volume incluídos, para tornar o seu funcionamento mais progressivo.

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Os espaçadores de volume para o amortecedor permitem obter um tato mais linear ou progressivo.
 

Usar um espigão telescópico nesta bicicleta é praticamente uma necessidade, porque está desenhada de tal maneira que oferece a confiança suficiente para nos metermos em verdadeiros apuros nas descidas, e nesses momentos é sempre bom poder baixar o selim. Para esta montagem, a Trek optou por um espigão rígido de fibra de carbono OCLV, visando aligeirar o máximo possível.

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Salvo as versões topo de gama, onde se procura aligeirar ao máximo, as restantes incluem espigão telescópico.
 

Se optares por instalar um espigão telescópico mecânico, juntamente com a bicicleta é fornecida uma alavanca extra para um espigão com acionamento por cabo, que poderás colocar no mesmo comando das suspensões. Anexar um espigão com comando exclusivo, como um RockShox Reverb AXS é mais complexo, pois quase não há espaço livre no guiador.

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Comando de bloqueio das suspensões com o manípulo do espigão telescópico instalado.
 

Na imagem podemos ver a curiosa ponte de conexão aparafusada entre as escoras, a qual é removível para colocar o deslizador IsoStrut dentro do triângulo dianteiro.

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A ponte de conexão entre as escoras proporciona rigidez à parte traseira e permite desmontar o amortecedor.
 

A direção Knock Block, já habitual na Trek, bloqueia a rotação do guiador e impede que as manetes ou comandos batam contra o quadro.

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Direção com limitação de rotação para proteger a integridade do quadro.
 

A pintura deste quadro é espetacular, sobretudo a parte inferior em azul escuro translúcido "Gloss Alpine Navy Smoke", que permite ver as fibras de carbono... A e-Caliber estará disponível no programa de personalização Project One.

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A pintura Gloss Alpine Navy Smoke é impressionante. Também está disponível no Project One.
 

As semelhanças com a Supercaliber acabam aqui, pois a geometria difere claramente. A Trek não desenvolveu uma bicicleta elétrica de XC igual à sua bicicleta de competição, simplesmente porque quem procura as sensações proporcionadas por uma bicicleta de XC provavelmente vai escolher uma Supercaliber. A e-Caliber foi desenhada para os fãs das bicicletas elétricas leves e rápidas, sem a habitual faceta pesada e a lentidão típica das bicicletas elétricas convencionais em certas zonas dos trilhos.

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A geometria da e-Caliber não está tão orientada para a competição em XC como a Supercaliber.
 

O ângulo de direção é de 67,5º face aos 69º da Supercaliber e o quadro também é cerca de 10 a 15 mm mais comprido, dependendo do tamanho, para a dotar de mais estabilidade em alta velocidade. Com o apoio dos 120 mm de curso na dianteira, é uma bicicleta com aptidões em XC e com elevadas capacidades em Trail. Tem reações rápidas, mas com conforto suficiente para rolar durante horas, sendo ao mesmo tempo eficiente e divertida em descidas técnicas.

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O pack do motor Fazua é outra das chaves da e-Caliber. O Fazua é, provavelmente, o mais realista dos motores atuais. É sobejamente conhecido no mundo do BTT e a Trek sabe tirar o máximo partido dele. Tem uma potência nominal de 250W e um torque de 55 Nm. É alimentado por uma bateria de 252Wh e chega a picos de 450W na assistência mais alta, um valor relativamente contido se compararmos com os 600W que um Bosch Performance CX pode alcançar.
 

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Este facto deixa claramente à vista que esta não é a típica e-bike na qual, se não quisermos, não precisamos de fazer muito esforço para superar qualquer inclinação. Apesar de nas subidas ajudar, é uma e-bike na qual terás de te aplicar a fundo a nível físico se quiseres chegar longe.
 

Teste exclusivo da nova Trek e-Caliber

O seu novo software de gestão Black Pepper torna tudo mais eficiente, natural e, além disso, personalizável através da sua aplicação. A cadência foi otimizada, entrando a assistência entre as 55 e as 125 rotações por minuto, e também responde antes da pedalada. O seu funcionamento é muito simples, tudo é controlado a partir do novo comando remoto Remote bX com botões táteis, sendo a partir daí que se liga ou apaga o sistema ou se navega entre os 3 modos de assistência: Breeze, River e Rocket.
  • Breeze: os LEDs do comando ficam de cor verde e oferece 100w de ajuda.
  • River: Os LEDs são de cor azul. Assiste até no máximo 210w.
  • Rocket: LEDs de cor vermelha. Supera os mais de 400w de potência.

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Potência de assistência (na vertical) em relação à potência aplicada pelo biker (na horizontal). Na configuração standard.
 

Além do mais, com o software Toolbox é possível personalizar individualmente os modos de assistência, modificando os parâmetros de potência máxima, a relação da assistência e o Ramp-Up ou aceleração. É muito simples e permite um ajuste muito variado e preciso. Através da app Fazua Rider também é possível fazer diferentes ajustes ou até gravar as voltas que fizemos. O sistema também pode ser emparelhado com outros dispositivos da Garmin, Sigma Sport ou Wahoo.

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A vantagem do Fazua, para além de ser compacto e da aparência de bicicleta convencional que proporciona, não é o seu baixo peso (de facto, todo o conjunto ronda os 4,6 kg, ou seja, o normal), mas sim a possibilidade de extrair o motor e a bateria, e poder continuar a utilizar a bicicleta com total normalidade. Tal como qualquer outra e-bike com a bateria integrada no tubo diagonal, a bateria e o motor Fazua saem numa só peça, ficando unicamente no quadro o pedaleiro e a engrenagem que a conecta ao motor. A bateria também pode ser separada do motor, no caso de ser preciso, por exemplo, limpar os contatos.
 

Teste exclusivo da nova Trek e-Caliber

É necessário desmontar a bateria nesta e-Caliber para a carregar.
 

O pedaleiro praticamente não tem atrito, e isto permite-nos utilizar a e-Caliber sem motor nem bateria, como uma bicicleta normal de 13 kg, com a qual podemos ir onde quisermos. Há um ligeiro som proveniente da engrenagem, mas que curiosamente desaparece quando o motor está colocado.

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O pedaleiro específico Fazua inclui o eixo e a engrenagem de conexão ao motor.
 

Já tínhamos referido em outras ocasiões que retirar a bateria a uma bicicleta elétrica é algo um pouco contraditório, mas neste caso, a verdade é que a bicicleta fica tão leve e rola de modo tão suave, que faz todo o sentido em dias nos quais, por exemplo, nos apetece sair e pedalar verdadeiramente, algo que é impensável em e-bikes de mais de 20 kg. Também permite sair num daqueles dias em que te esqueceste de carregar a bateria, ou quando por exemplo acabas sem carga a meio de um trilho, podendo chegar a casa dignamente e pedalando normalmente.

Teste exclusivo da nova Trek e-Caliber

Se a bateria porventura acabar, não há problema: tens uma bicicleta de 16 kg que não é molengona e que rola muito bem.
 

No seu lugar, e para completar a estética da bicicleta e para que não pareça que falta algo, podes montar a box Fazua, que também vem incluída com a e-Caliber, a qual permite levar o kit antifuros, comida, um impermeável ou o que quisermos no seu interior. Apenas como curiosidade, ao retirar a bateria e colocar a box, retiramos 2,75 kg ao peso total.

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Em vez do pack elétrico, é possível montar a box Fazua para transportar objetos.
 

O carácter da e-Caliber faz lembrar bastante a Trek Top Fuel 9.9 que já testámos. Com o mesmo quadro de fibra de carbono OCLV e a suspensão dianteira com 120 mm, é leve e rápida, mas com uma segurança surpreendente nas descidas. A posição de condução é ligeiramente alongada e baixa, mas não tanto como na sua "prima" sem motor Supercaliber. É a posição ideal para pedalar e rolar a alta velocidade.

Facilmente atingimos os 25 km/h legais de assistência do motor, e a partir daí conseguimos superar esse valor e mantê-lo sem qualquer dificuldade. O motor apaga-se e nem sequer o notamos, aliás o peso e o efeito da gravidade não é tão notório como noutras e-bikes, nas quais parece que estamos colados ao chão. A partir do corte da assistência, a e-Caliber flui, sem fricções, e apenas é ligeiramente audível a engrenagem. Não se trata de uma bicicleta de XC abaixo dos 10 kg, mas apesar dos seus 16 kg (pronta a rolar) é mais rápida do que qualquer outra bicicleta de Trail ou Enduro, simplesmente pela soma da postura de condução, da suspensão e das rodas.

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O sistema IsoStrut quase nem se move ao pedalar. A sua configuração de fábrica não é dura, mas sim algo "preguiçosa", ou seja, o sistema hidráulico está fechado até ao ponto em que é necessário mitigar as oscilações e moderar a sensibilidade, o que permite aproveitar muito bem os seus curtos 60 mm de curso. A sua resposta é surpreendente, e já o tínhamos referido no teste que realizámos à Supercaliber, fazendo com que a bicicleta fique rígida ao pedalar, mas nas descidas absorve bem, dentro das suas limitações, fruto dos escassos centímetros de curso, proporcionando estabilidade e controlo nas descidas.
 
Ao pedalar com a assistência adequada, quando a velocidade desce dos 25 km/h ou quando levamos o motor apagado e o ligamos de novo, demora cerca de 2 segundos a reagir, mas começa logo a empurar com uma grande naturalidade.
 

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O modo básico, o Breeze, é suave, assiste pouco, ligeiramente menos do que o Eco da Bosch, mas é mais do que suficiente para subirmos tranquilamente, a conversar (se quisermos), se estiveres com uma forma física aceitável e estiveres disposto a pedalar. Graças à leveza geral, raramente vais precisar de mais assistência do que esta. Os outros dois modos têm mais força, o mais alto, o Rocket, é mais ou menos como o modo Tour do Bosch Performance CX.
 
A autonomia pode ser mais ou menos ampla e tu é que decides, ou seja, quanto mais exigires do motor, menos longe chegarás. A Fazua anuncia que chega aos 70 km no modo Breeze, um valor que não achamos inalcançável segundo os nossos testes, já que embora sejamos fãs das e-bikes, também gostamos de pedalar e de sofrer para sentir a recompensa ao chegar ao topo da montanha, e superar metas com os nossos próprios meios, como "antigamente", quando não existiam as e-bikes. E isto é algo que a e-Caliber permite fazer.
 

Teste exclusivo da nova Trek e-Caliber

5 montagens, todas com quadro de fibra de carbono OCLV, entre os 6.799€ da e-Caliber 9.6 e os 12.999€ da e-Caliber 9.9 XX1 AXS, nos tamanhos S, M, L e XL e algumas em até 4 cores diferentes.
 

Podes encontrar mais informações acerca da e-Caliber aqui.

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Trek e-Caliber 9.6. PVP: 6.799€

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Trek e-Caliber 9.8 GX. PVP: 8.399€

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Trek e-Caliber 9.8 XT. PVP: 8.399€

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Trek e-Caliber 9.9 XTR. PVP: 11.999€

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Trek e-Caliber 9.9 XX1 AXS. PVP: 12.999€

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