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Testámos a Heckler SL, a primeira eMTB leve da Santa Cruz

A Heckler SL é a nova aposta da Santa Cruz para aqueles que querem ter uma elétrica, mas mantendo as sensações naturais das bicicletas convencionais e sem o peso acrescido das típicas e-bikes full power.

HÉCTOR RUIZ. FOTOS DE ESTÚDIO: HÉCTOR RUIZ. FOTOS DE AÇÃO E VÍDEO: CÉSAR CABRERA

Testámos a Heckler SL, a primeira eMTB leve da Santa Cruz
Testámos a Heckler SL, a primeira eMTB leve da Santa Cruz

Não é novidade as marcas de culto como a Santa Cruz desenvolverem as suas próprias bicicletas elétricas. E no caso específico desta marca, já são três os modelos com assistência à pedalada no catálogo. Quanto ao nome Hechler, não é totalmente desconhecido na marca californiana, aliás, é mítico e tornou-se a referência no segmento das e-bikes de Trail/All Mountain.

Santa Cruz Heckler SL (3)

E embora a Heckler e a Heckler SL tenham bastantes semelhanças, convém ter em conta que a versão SL não é uma Heckler normal na qual simplesmente foi alterado o motor, a bateria e alguns componentes. Em vez disso, a Santa Cruz criou um quadro totalmente novo com um tubo principal que tem dimensões muito mais compactas e elegantes, assemelhando-se muito a uma bicicleta não elétrica. Do nosso ponto de vista, isto faz todo o sentido, porque a intenção é precisamente passar despercebida quando andamos com outros que possuem bicicletas normais (também ajuda o facto de fazer pouco ruído). 

Plataforma de 150 mm com rodas Mullet e geometria um pouco agressiva. O resultado é uma bicicleta muito divertida

O motor e a bateria são da marca Fazua, mais especificamente o modelo Ride 60, o qual tem uma potência máxima de 60 Nm. Por sua vez, a bateria tem uma capacidade de 430 Wh e não existe a possibilidade de adicionar um Range Extender, portanto é fácil perceber as virtudes e as limitações desta bicicleta. 

Heckler SL (8)

Como referimos antes, é difícil percebermos à primeira vista de que se trata de uma bicicleta elétrica e só um pequeno display Fazua no tubo superior dá a entender que a nossa pedalada mais vigorosa do que o habitual tem uma ajuda externa. 

150-160 MM DE CURSO E RODAS MULLET

Tal como a sua irmã "Full Power", estamos perante uma plataforma com 150 mm de curso no amortecedor traseiro e 160 mm na suspensão. Se unirmos estes dois cursos ao comportamento do sistema VPP e à sua geometria super ágil, vemos que estamos perante uma bicicleta altamente eficiente e divertida.

Heckler SL y Heckler

Heckler SL (a de cor magenta) e Heckler (a verde).

Quanto às rodas, ao contrário da Heckler normal em que podemos escolher entre as versão Mullet ou com rodas 29", na SL só está disponível a versão com rodas Mullet (29" à frente e 27,5" atrás). Esta é uma decisão algo controversa, já que existem consumidores finais que preferem rodas 29" na íntegra, mas a Santa Cruz defende que esta combinação de rodas é melhor em bicicletas com cursos de suspensões/amortecedores mais compridos. Aliás, nas provas de DH e Enduro a equipa da Santa Cruz usa esta combinação, portanto tem de certa forma lógica. 

Santa Cruz Heckler SL (7)

Além do mais, como nesta bicicleta além de se procurar conter o peso pretende-se obter uma reatividade elevada no triângulo traseiro, bem como muita agilidade, este conceito faz todo o sentido, sobretudo em trilhos muito técnicos. 

Santa Cruz Heckler SL (83)

A geometria da SL é muito parecida à da Heckler normal, embora a SL seja ligeiramente mais comprida e lançada. 

Santa Cruz Heckler SL (32)

É possível modificar a geometria através do habitual Flip Chip localizado no link do sistema VPP. Na configuração mais favorável às descidas, o ângulo de direção é mais aberto, chegando aos 64 graus e o Reach - no tamanho M - mede 457 mm, enquanto o comprimento entre eixos alcança 1.240m. Por sua vez, o tubo de selim tem um ângulo de 76,9º. Convém mencionar que ao mudarmos a geometria verticalizamos os ângulos 0.3 graus e elevamos o pedaleiro alguns milímetros. 

Santa Cruz Heckler SL (82)

Santa Cruz Heckler SL (106)

Santa Cruz Heckler SL (41)

Santa Cruz Heckler SL (49)

Santa Cruz Heckler SL (36)

DOIS QUADROS E CINCO MONTAGENS

A Heckler SL está à venda em cinco montagens, e como é habitual na marca, o quadro é fabricado em dois tipos de carbono, o C e o CC. As três primeiras montagens são as mais baratas e o quadro é fabricado num carbono mais económico. Custam 6.830€, 7.790€ e 8.750€. As montagens topo de gama incluem o quadro em carbono CC e custam 10.420€ e 11.730€, respetivamente. 

Santa Cruz Heckler SL (66)

A montagem que testámos é a X0 AXS, portanto é facilmente percetível qual é a transmissão que usa. Os travões também são da SRAM, neste caso os Code Silver com discos de 200 mm, mas o grande destaque vai para as suspensões RockShox Lyrik e Super Deluxe Ultimate, ambas versões topo de gama. As rodas são as Reserve de carbono, com válvulas exclusivas Filmore. 

Pesa 19 kg e tem uma montagem adequada para um uso agressivo, embora os pneus tenham algumas limitações

Santa Cruz Heckler SL (103)

Santa Cruz Heckler SL (100)

Na nossa balança esta bicicleta acusou 19,08 kg no tamanho M (peso sem pedais). Um valor que está dentro da média nas ebikes leves, embora seja um tema discutível (há modelos ainda mais leves, mas com potências do motor e autonomias da bateria díspares). Mas tendo em conta a montagem, não temos quase nenhum ponto negativo a referir - embora exista - e convém relembrar que este modelo não está equipado com nenhum componente ultraleve, portanto está mais do que preparada para uma utilização em All Mountain, sem qualquer receio. 

Santa Cruz Heckler SL (104)

Se formos de certa forma picunhas podemos referir um ponto que não apreciámos: os seus pneus. Neste caso, vem montada de origem com os Maxxis Minion DHF e DHR, na medida 2.5 e 2.4, com compostos Maxxgrip e MaxxTerra, respetivamente. Foram bem escolhidos em termos de dimensões, compostos e desempenho em geral, mas tendo em conta o peso da bicicleta (mais de 19 kg se montarmos os pedais) e o facto de se tratar de uma bicicleta desenhada para descer rápido e em zonas técnicas, as suas carcaças EXO e EXO + parecem ser um pouco justas em termos de proteção, dependendo, obviamente, do tipo de trilhos que escolhermos. Nós optaríamos por uns pneus com proteção extra, por exemplo, uns Maxxis EXO + à frente e Double Down atrás. 

QUALIDADE ELEVADA

A geometria é tão boa que é daquelas bicicletas em que nos sentamos no selim, agarramos nos punhos e damos aos pedais como se já tivessemos nascido com aquela bike, sem ser necessário ajustar nada. Além disso, a sua agilidade e controlo são realmente muito bons. O desempenho do amortecedor e da suspensão também é elevado, graças aos novos sistemas hidráulicos da RockShox, com uma resposta muito boa tanto em alta como em baixa velocidade. Naturalmente o comportamento do sistema de amortecimento VPP ajuda, mostrando uma progressividade acertada, sobretudo neste tipo de bicicleta, proporcionando muita estabilidade em todas as situações, incluindo quando estamos a pedalar. Nem mesmo nos momentos mais tensos (impactos grandes) sentimos instabilidade. E em andamento sentimos que a bicicleta é leve e fácil de manobrar. 

Santa Cruz Heckler SL (119)

Em andamento permite-nos corrigir facilmente a trajetória, algo que as Full Power mais pesadas não permitem, pelo menos não com este aprumo. E naqueles singletracks que permitem fluir, aproveitando ao máximo o curso da suspensão e do amortecedor, ganha muita velocidade. 

Não vamos dizer aquela frase cliché "parece uma bicicleta não elétrica", porque os seus 19 kg são percetíveis, sobretudo a baixa velocidade, mas para uma bicicleta com motor, confessamos que nos faz lembrar as sensações que temos com uma bicicleta de Enduro sem motor. 

Santa Cruz Heckler SL (110)

Nas subidas é fácil de manobrar graças ao tubo de selim vertical e à posição de condução muito centrada no pedaleiro. Além do mais, o motor Fazua Ride 60 proporciona um apoio mais do que suficiente no modo Rocket, o mais forte. 

Santa Cruz Heckler SL (29)

O modo mais suave, o Breeze, proporciona uma ajuda muito básica, portanto atingimos uma velocidade muito similar à que obteríamos numa bicicleta não elétrica. É por isso que a maior parte do tempo andámos nos modelos superiores, ou seja, o River e o Rocket. 

Não permite usar um Range Extender

A Fazua alega que a autonomia da sua bateria de 430 Wh é similar a uma de 630 Wh numa bicicleta Full Power. Não nos parece uma afimação falsa, mas digamos que é de certa forma otimista e pode ser verdade quando utilizamos o modo Breeze na maior parte do tempo, mas se abusarmos dos restantes modos a autonomia não será tão prometedora. Por exemplo, numa volta de duas horas com bastante acumulado (25 km com 1.000 metros de acumulado), chegámos a casa com 1/3 da bateria. Portanto, a este ritmo de consumo, temos autonomia para cerca de 35 km com 1.300m de acumulado, embora dependa sempre de vários fatores. Como não permite montar um Range Extender, este talvez seja o maior handicap da Heckler SL, dado que alguns clientes podem considerar que a bicicleta fica assim algo limitada, caso optem por voltas mais prolongadas. 

O modo Boost pode ser ativado carregando para cima no comando durante dois segundos, proporcionando picos de potência nominal que chegam aos 450 W (50W a mais do que o modo Rocket) durante 12 segundos e que podemos usar numa subida muito inclinada, numa trialeira muito exigente ou sempre que seja necessário. Usámos várias vezes em momentos chave e acredita que vale a pena, fazendo lembrar o comportamento de motores mais potentes, embora sem o mesmo torque. 

Dispaly Heckler SL

Como não podia deixar de ser, podemos personalizar os modos de assistência através da aplicação da Fazua, ou usar os modos pré-estabelecidos. Tudo de forma intuitiva e de acordo com as nossas preferências. 

Santa Cruz Heckler SL (38)

O motor Fazua é bastante silencioso e só se ouve um ligeiro zumbido que aumenta um pouco à medida que aumentamos a assistência. Pode não ser o mais silencioso que já testámos, mas o ruído é bastante baixo e nada intrusivo. Gostámos bastante do facto de ser um motor que passa despercebido, sobretudo devido à estética da bicicleta, que não se assemelha a uma elétrica. 

Santa Cruz Heckler SL (63)

No entanto, não gostámos do comando remoto do motor. Trata-se de um comando do tipo Twist cuja funcionalidade não está em questão, bastando puxar com o polegar para cima para aumentar a assistência e para baixo para baixar. O design está muito bem integrado com os restantes comandos e com o guiador, no entanto, por vezes carregamos nele de forma involuntária, sobretudo quando procuramos o comando do espigão telescópico. Podemos resolver este problema rodando o comando da Fazua mais para cima ou afastando-o, assim as probabilidades de tocar acidentalmente com o polegar serão menores. 

Além disso, este comando da Fazua tem um tato, digamos assim, de plástico barato, e tendo em conta o preço desta bicicleta, achamos que deveria ter um material mais resistente ou com uma cobertura de borracha. 

Heckler SL (6)

Trata-se apenas de um único detalhe que não devirtua o conceito da Heckler SL, uma bicicleta que certamente vai deliciar quem a comprar, tendo em conta que se trata de uma eMTB leve, mas focada numa utilização mais agressiva. Com ela, a Santa Cruz elevou o nível desta categoria e é uma das bicicletas mais exclusivas e com mais qualidade - embora com um PVP elevado - que podemos encontrar neste segmento.

CARACTERÍSTICAS DA HECKLER SL X0 AXS RSV

  • Quadro de carbono CC. Curso de 150 mm
  • Amortecedor Super Deluxe Ultimate
  • Suspensão RockShox Lyrik Utimate, curso de 160 mm
  • Rodas Mullet. 29-27,5".
  • Motor Fazua RIde 60 - 60Nm. Potência máxima 450 W (função Boost)
  • Bateria Fazua 430 Wh
  • Sem a possibilidade de Range Extender
  • Grupo SRAM X0 AXS T-Type
  • Travões SRAM Code Silver
  • Rodas Reserve 30 HD Carbon
  • Preço: 10.420 €
  • Peso (no tamanho M): 19,08 kg

A Santa Cruz é distribuída em Portugal pela Bicimax. Poderás encontrar mais detalhes em www.santacruzbicycles.com.

 

 

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