Nova geração da Santa Cruz Megatower acabou de chegar

Apesar de a nível estético ser bastante parecida à versão original de 2019, a verdade é que é uma bicicleta completamente nova. Mantém as rodas de 29 polegadas sem a possibilidade de adotar o conceito Mullet, o que na verdade não é um problema, pois a Santa Cruz tem outros modelos que o possibilitam. Quanto às alterações feitas, visam sobretudo tornar a Megatower num modelo mais evoluído e compatível com as exigências atuais nos circuitos do Enduro World Series. 

Fomos testar esta nova bicicleta nos Pirenéus Franceses, nos trilhos que acolheram o Enduro World Series de Lounderville.

MAIS CURSO

Provavelmente o primeiro aspeto que distancia esta nova versão da Megatower da anterior é o curso disponível: atrás em vez de ter 160 mm passa a ter 165 mm e à frente passa dos 160 mm para os 170. Quanto aos modelos de suspensões e amortecedores utilizados, a Santa Cruz optou pela Fox 38 e RockShox ZEB, bem como pelo Fox X2 e RockShox Super Deluxe. 

Os engenheiros da Santa Cruz salientaram durante a apresentação que a nova versão desta bicicleta de Enduro não cresceu apenas em termos de curso disponível, mas tabém em termos de comportamento. Como nos confessou Kiran MacKinnon (especialista em suspensões na Santa Cruz), a principal diferença é o aumento do Leverage Ratio, ou seja, há mais curso traseiro e também mais capacidade, e isso significa que o comportamento é mais controlado do início ao fim, fazendo com que o sistema hidráulico trabalhe no curso intermédio.

Embora continue a ser uma bicicleta muito sensível e suave - nos saltos, quando ela aterra praticamente não ressalta -, transmitindo no terreno a sensação de que estamos colados ao solo, notamos que podemos abusar mais da parte traseira, movendo-a lateralmente sem que o amortecedor "coma" a nossa energia. A traseira afunda menos, salvo quando é necessário, e quando acontece, faz o seu trabalho, sem esgotar o curso disponível. 

Esgotar os 165 mm de curso não é uma tarefa fácil, já que a curva de progressividade é bastante boa, com a pressão bem ajustada. 

SUBTILMENTE MAIS LANÇADA

Quanto à geometria, como é lógico cresceu. O Reach cresceu cerca de 10 mm em todos os tamanhos - apesar de a primeira geração de 2019 ter sido uma das bicicletas mais lançadas nessa altura -, e o ângulo de direção está 1 grau mais relaxado (63,5º na posição mais baixa do Flip Chip e 63,8º na mais vertical). O ângulo do tubo de selim agora ronda os 78º, o que faz com que a posição de condução seja mais centrada. 

Como se vê na imagem, o Flip Chip está localizado no eixo inferior do amortecedor. Além disso, gira sobre rolamentos selados em vez dos típicos casquilhos de fricção para maximizar a suavidade e a sensibilidade do sistema. 

Nas descidas, a posição também é mais centrada, o que beneficia a agilidade em situações mais complicadas e técnicas, já que o peso fica mais equilibrado e não temos a tendência a colocar o centro de gravidade mais na roda traseira. 

O comprimento das escoras é variável em função do tamanho do quadro (dos 436 até aos 447 mm). Existem 5 tamanhos de escora para 5 tamanhos de quadro. O objetivo é que a resposta seja sempre mais equilibrada, independentemente do seu tamanho ou peso, já que umas escoras muito curtas podem provocar uma resposta imprecisa em alguém muito alto. O mesmo se passa ao contrário, ou seja, um biker pequeno com umas escoras muito grandes. 

A FAMOSA CAVIDADE

A nível estrutural, esta é a principal alteração do quadro. Ou seja, a Megatower agora inclui uma cavidade debaixo do portabidon para alojar objetos (kit antifuros, câmara de ar, um impermeável, etc), tal como já existe noutras marcas concorrentes (Specialized, Trek, Orbea...). 

A Santa Cruz apelidou este compartimento de "Glovebox", o qual conta com duas bolsas interiores. A superior, que fica alojada no sentido da direção, é mais comprida e permite levar dentro uma câmara de ar, uma bomba, ou outro objeto. 

A segunda é mais pequena e inclui espaço para multiferramentas, bomba de CO2, remendos, tacos, dinheiro, etc... Por ser mais pesada fica escondida perto do pedaleiro, onde afeta menos o comportamento dinâmico da bicicleta. 

Um pormenor interessante desta cavidade da Santa Cruz é o facto de que, quando retiramos a tampa e as bolsas, é possível ver a qualidade de construção no interior do quadro. A cablagem está escondida e integrada na estrutura do tubo de carbono fruto de umas guias internas (tubos rígidos) de modo a manter tudo limpo e silencioso. É uma autêntica obra de arte. 

ENDURO AO QUADRADO

Apesar de ser uma bicicleta para competir nas provas de Enduro, após os nossos primeiros testes ficámos com a sensação de que também pode ser usada em circuitos de Downhill não demasiado agressivos. Como tem uma posição de pedalada mais centrada - não tanto sobre a roda traseira - e como é mais comprida, a estabilidade e o controlo são muito elevados, perdoando qualquer falha em termos de condução e permitindo andar sempre no limite. 

Como é óbvio, sendo uma bicicleta de Enduro, destina-se a quem não tem medo das inclinações e dos trilhos mais técnicos e, diga-se em abono da verdade, também é para aqueles que usam pouco os travões. 

Logicamente esta Santa Cruz não é uma bicicleta desenhada para bater "KOMs" nas subidas nem é um modelo superleve, no entanto as alterações em termos de cinemática fazem com que se defenda bem quando a pendente assim o exige. Há um facto que ajuda: os novos amortecedores SuperDeluxe da RockShox têm uma alavanca que permite endurecer a compressão, fazendo com que quase não haja oscilação atrás. Mas isto acontece mais num trilho tranquilo do que em zonas com piso degradado. 

Apesar de a termos experimentado nos Pirenéus, gostávamos de a poder testar nos nossos trilhos habituais para comparar sensações. Em todo o caso, durante as jornadas em solo francês ficámos com boas impressões desta nova versão. 

7 MODELOS

A Megatower estará à venda em Portugal em 7 montagens diferentes: as quatro primeiras com o carbono "básico" C e as três seguintes com o CC mais leve. 

A Santa Cruz tem duas montagens com transmissão SRAM GX Eagle AXS, mas com quadro diferente. E há mais uma novidade, um quadro topo de gama com o novo sistema eletrónico das suspensões RockShox Flight Attendant. 

Há duas cores disponíveis: azul metálico com letras verdes (que testámos) e este cinza/laranja cobre. 

Os preços ainda não estão disponíveis, mas logo que estejam atualizaremos esta notícia. 

Poderás saber mais detalhes em www.bicimax.pt e em www.santacruzbicycles.com.