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Novo motor da SRAM tem mudanças automáticas

Finalmente a SRAM revelou todas as informações sobre o seu motor Powertrain para e-bikes desenvolvido em cooperação com a Brose. Tem mudanças automáticas, comandos sem fios e já o testámos em exclusivo!

TEXTO HÉCTOR RUIZ. FOTOS CÉSAR CABRERA

Novo motor da SRAM tem mudanças automáticas
Novo motor da SRAM tem mudanças automáticas

A SRAM finalmente lançou no mercado o seu motor para ebikes. Durante meses vimo-lo nas provas do Enduro World Series e tudo indicava que herdaria a parte tecnológica da marca Amprio (adquirida pela SRAM em Janeiro deste ano), no entanto o novo Powertrain afinal foi produzido em cooperação com a Brose. 

A Brose tem uma crescente legião de fãs e é uma das marcas que se tem consolidado no mercado e neste motor da SRAM encontramos várias partes que também vemos, por exemplo, no modelo Drive S da marca alemã, mas com algumas especificações de funcionamento diferentes. 

SRAM Powertrain (7)

Testámos o novo motor SRAM numa Gas Gas que ainda nem sequer foi apresentada ao mercado

O Powertrain tem um torque de 90 Nm e consegue chegar aos 680 Wh, o que o coloca automaticamente entre os motores mais potentes que podemos encontrar. O peso está em linha com a maioria das marcas rivais, ou seja, pesa 2,9 kg. 

SEM CABOS... E SEM SER PRECISO TOCAR NOS BOTÕES!

A SRAM desenvolveu o Powertrain com uma ideia em mente: a integração. E neste caso conseguiu algo impressionante. Graças ao seu ecossistema AXS - cuja fiabilidade está mais do que provada - todas as partes que compõem o motor e a transmissão, bem como o espigão telescópico (de funcionamento eletrónico) estão emparelhados e sincronizados. 

SRAM Powertrain (3) copia

E como não há cabos à vista, a possibilidade de "trilhar" ou danificar um fio diminui, o que aumenta a sua longevidade. Isto significa que já não encontrarás uma montanha de cabos no guiador, como acontece em muitas eMTB à venda no mercado.

SRAM Powertrain (20)

Uma das mais-valias do Powertrain é a função de mudanças automáticas Auto Shift, uma característica que foi estreada pela sua rival nipónica Shimano. 

SRAM Powertrain (25)

SRAM Powertrain (24)

Esta função conta com um algorimo interno que faz a gestão do sistema, decidindo por nós a altura ideal para fazer alterações nas mudanças, tudo isto desenvolvido em consonância com as novas transmissões AXS T-Type da SRAM. Por esse mesmo motivo, o Powertrain foi desenhado para funcionar perfeitamente com as transmissões AXS mais recentes da SRAM. Estávamos na dúvida se funcionaría tão bem com as versões anteriores do AXS, e entretanto já recebemos resposta da marca: sim, sem qualquer problema. Mas neste caso, perderíamos a função de mudanças automáticas. Em todo o caso, não é compatível com os comandos AXS anteriores, só funciona com os Pod Controller. 

SRAM Powertrain (2)

A ideia é que a própria transmissão ajude a transmissão a mudar de carreto de forma suave e controlada, sem esticões, movimentos bruscos e entradas de corrente imprecisas. Isto graças ao desenho das novas transmissões, as quais permitem que essa suavidade não seja afetada mesmo quando estamos a fazer força nos pedais.  

Este é o primeiro motor da SRAM e a Brose foi a marca escolhida para ajudar no seu desenvolvimento

O Powertrain permite-nos configurar o momento em que queremos que a passagem de mudanças ocorra, em função da nossa cadência, para adaptar ao nosso estilo de pedalada. Há 7 posições disponíveis: as negativas são aquelas nas quais a bicicleta muda de carreto em diferenças de cadência menores, portanto as mudanças passam de carreto antes e com mais frequência. E as postivas nas quais temos um pouco mais de margem de cadência, por isso podemos aumentar ou reduzir um pouco a cadência até acontecer essa passagem. 

SRAM Powertrain (10)

SRAM Powertrain (19)

O íman e o sensor estão perfeitamente integrados na ponteira do quadro e no disco SRAM HS2. Na realidade possui vários ímans para melhorar a precisão. 

Para além do Auto Shift, a SRAM integrou neste motor outro automatismo que a Shimano também já tinha apresentado e que permite mudar de carreto sem dar aos pedais (neste caso a SRAM apelidou a este sistema Coast Shift). A ideia é antecipar a passagem da mudança após uma paragem prolongada, deste modo quando voltarmos a pedalar, a mudança engrenada será a correta sem termos de clicar nos comandos. 

SRAM Powertrain (5)

Esta passagem da mudança é feita em função da nossa velocidade (e se estamos a acelerar ou a travar). Nesse preciso momento, o motor roda independentemente a cremalheira para mover a transmissão e engrenar os carretos mais pequenos ou maiores em função da situação. Desta forma, quando voltarmos a dar aos pedais estará engrenada a mudança mais adequada para a velocidade a que nos estamos a mover. E caso a mudança que estiver engrenada não seja a ideal, a própria transmissão corrige em andamento, para não ficarmos atrapalhados. E se acharmos que mesmo assim não é a mudança ideal, podemos sempre usar o comando e subir ou baixar um carreto de forma normal. 

Altera a mudança sem precisarmos de pedalar, graças à leitura da nossa velocidade

POSSUI DOIS MODOS: RANGE E RALLY

Uma das características do novo Powertrain, e que certamente vai dividir opiniões, é o facto de este motor possuir somente dois modos de assistência: Range e Rally. O primeiro é o mais económico, pensado para prolongar ao máximo a autonomia da bateria e é o mais "estável" na entrega de potência. O segundo é mais potente, o que nos permite pedaladas mais vigorosas e ágeis, tirando partido de todas as mais-valias do sistema. 

SRAM Powertrain (4) copia

De série ambos estão configurados a 250 Wh e 600 Wh de pico máximo (respetivamente), sendo a aceleração a 30 e 80%. No entanto, ressalvamos que os dois modos podem ser totalmente configurados através da App AXS, que foi renovada. 

DUAS BATERIAS: 630 E 720 WH

Quanto às baterias, a SRAM lançou dois modelos com opções distintas: uma de 630 Wh (pesa 3 kg) e uma de 720 Wh (pesa 4,1 kg). 

Usam células 21700, e o tipo de fixação é diferente. A primeira tem um sistema de instalação basculante enquanto a segunda é do tipo deslizante. Os tempos de carga (total) são de 4,5 horas na bateria mais pequena e de 5 horas na maior, sendo necessário usar o carregador próprio 4A. 

Estudio SRAM Brose  (27)

A bateria da SRAM tem um botão e Leds que indicam o nível de carga. 

Obviamente também é possível adicionar um Range Extender de 250 Wh. Neste caso, o carregamento total demora 2h e tem um sistema de fixação próprio. 

SRAM Powertrain (10)

TESTE NO TERRENO

Tivemos menos de uma semana para testar o novo motor, por isso não conseguimos confirmar a médio/longo prazo as capacidades deste sistema nem aproveitar todas as funções em terrenos diferentes e em condições climatéricas distintas, mesmo assim tivemos a oportunidade de experimentar em várias voltas, portanto já chegámos a algumas conclusões. A primeira é que ficámos surpreendidos... pela positiva!

SRAM Powertrain (1)

As sensações proporcionadas pelo motor não diferem em nada com as que sentimos quando testámos o Brose S Mag. É silencioso e a entrega de potência é muito natural, sem arranques bruscos ou imprecisões. 

SRAM Powertrain (9)

O sistema de passagem automática das mudanças - tal como nos confessaram os engenheiros da marca - requer um período de adaptação até nos acostumarmos. Por vezes, notámos que muda de mudanças antes de pretendermos e isso faz com que seja difícil mover os cranques. Noutras ocasiões, quando estamos com uma cadência excessiva, engrena uma mudança mais pesada numa altura que não é a que pretendemos. 

É fundamental não termos medo de configurar ao nosso gosto o momento ideal de comutação das mudanças, explorando ao máximo as sete posições oferecidas, pois só assim podemos corrigir e tirar partido das mais-valias do motor. A diferença de extremidade a extremidade (entre -3 e +3) é enorme e nota-se muito a forma como afeta a relação entre a nossa cadência e a pedalada. A SRAM recomanda começar entre a posição intermédia - MID - e a +2. 

SRAM Powertrain (000)

Do nosso ponto de vista - e ressalvamos este facto - quem costuma pedalar com cadências altas (entre 80 e 95 rpm), as posições positivas são as mais adequadas, porque nos permitem andar nestas cadências antes de haver uma alteração de mudança. Pelo contrário, se formos fazer um uso mais Racing, ou seja, estar constantemente a acelerar (por exemplo, numa especial de uma prova de Enduro), as posições negativas parecem ser as mais adequadas, já que sobem ou descem de carretos de uma forma mais sensível (lendo a nossa cadência), portanto a passagem de mudança ocorre antes. 

SRAM Powertrain (1)

No entanto, e como referimos antes, o importante é explorar e encontrar a posição que mais se adequa a nós. A configuração é muito simples e pode ser feita em andamento (e em segundos), basta manter premido durante alguns segundos o botão inferior do comando (R2) do lado direito para entrar no menu e clicar no mesmo botão ou no superior (R1) para oscilar entre os valores apresentados. E se não quisermos usar as mudanças automáticas, basta pressionar o dedo alguns segundos no botão R1 e desliga-se. 

SRAM Powertrain (6)

Quanto à função Coast Shift, mesmo que não sejas grande fã dos automatismos encontrarás mais vantagens do que pensas. Se, por exemplo, estivermos numa rampa muito inclinada a subir em grande velocidade, o sistema (mesmo sem pedalarmos) ajusta a velocidade e coloca a mudança correta. Isto retira-nos algumas preocupações da cabeça que de facto são desnecessárias, assim basta desfrutarmos dos trilhos. Outro exemplo: numa descida não precisamos de estar sempre a colocar mudanças e a pedalar até termos engrenadas mudanças pesadas pois o sistema faz isso por nós. Genial, não é?

Há momentos, sobretudo em zonas muito técnicas, em que não é possível pedalar para evitar bater com os pedais ou cranques em pedras ou raízes e o Coast Shift sozinho engrena a mudança ideal, portanto quando voltar a ser possível pedalar estarás com a mudança mais adequada. Quando nos habituamos a estas alterações, veremos como são úteis. 

As funções Auto Shift e Coast Shift permitem-nos percorrer os nossos trilhos favoritos sem tocar uma única vez no manípulo das mudanças... e inclusive sem termos de pedalar para alterar de carreto. 

Mas há uma altura crucial em que vislumbramos de imediato as vantagens: nas curvas. Como em curvas não convém pedalar e passar de carreto (pois corremos o risco de bater com o pedal no solo devido à inclinação), esse handicap faz com que por vezes a saída dessa curva seja feita com uma mudança mais pesada do que deveria, perdendo assim velocidade durante alguns segundos (até conseguirmos engrenar a mudança ideal), mas com este sistema isso fica resolvido. 

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O motor Powertrain não está à venda avulso (aftermarket), ou seja, só está à venda para as marcas como componente OEM (para fabricantes). Até agora, só quatro marcas confirmaram que vão montar este motor, a Gas Gas, a Transition, a Propain e a Nukeproof. 

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Certamente mais se seguirão, mas fica atento ao nosso site e às nossas revistas pois iremos revelar mais novidades da SRAM em exclusivo. 

 

Poderás obter mais informações em sram.com.

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