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Já testámos o novo Shimano XTR Di2

Finalmente e após vários meses de espera, tivemos a oportunidade de testar o novo Shimano XTR M9200 Di2 e se tivéssemos de o descrever numa só palavra seria... extraordinário!

Sergio Lorenzo. Fotos: César Cabrera

Já testámos o novo Shimano XTR Di2
Já testámos o novo Shimano XTR Di2

Não há dúvida de que um dos produtos mais esperados nos últimos anos (no mundo do BTT) acabou de ser lançado: o novo XTR Di2. Todos sabiam que, mais tarde ou mais cedo, a Shimano iria responder ao rápido crescimento do sistema AXS da SRAM e há cerca de dois meses tivemos a oportunidade de ver durante a apresentação oficial todos os detalhes deste novo grupo. Além disso, recebemos um grupo para testar em exclusivo. 

Como mostrámos no nosso artigo, a nova versão do XTR é totalmente eletrónica, sem cabos e fios e inclui novos travões, rodas e pedais. 

XTR Di2 9200 (25)

DUAS VERSÕES

O novo XTR é composto basicamente por duas versões: uma robusta para enduro e bicicletas elétricas e outra mais leve, focada no Cross Country. Foi precisamente esta mais leve que testámos. Trata-se do XTR mais versátil de sempre, abrangendo um espectro de utilização ainda maior, desde o puro XC ao DH. 

O desviador traseiro está disponível em duas opções, uma de caixa longa para cassetes de até 51 dentes e uma de caixa média - precisamente a que testámos - para cassetes de até 45 dentes. É 45 gramas mais leve e destina-se, como não poderia deixar de ser, a 12 velocidades. 

A Shimano mantém a tradicional fixação ao quadro através de uma patilha, no entanto o seu design é mais compacto e está menos exposto. Além disso, se por azar batermos com o desviador num objeto, o motor é capaz de voltar à posição automaticamente. As roldanas têm 13 dentes e não possuem aberturas volumosas, para evitar acumular sujidade. Isto também evita que um ramo fique preso, bloqueando o seu funcionamento. 

XTR Di2 9200 (7)

Esta zona é composta por uma placa externa de carbono e interna de alumínio com um sistema de duas molas que atua com duas frequências diferentes, para uma resposta mais homogénea e menor manutenção. A alavanca que permitia modificar a tensão desapareceu nesta nova versão, dado que este novo mecanismo é mais estável. 

O corpo do desviador possui um Led que se ilumina de três formas diferentes, dependendo da carga da bateria: verde (mais de 50% de carga disponível), verde intermitente (entre 20 a 50%) e vermelho (menos de 20%). A bateria poder ser retirada e está bem protegida dentro do desviador. Para a retirar, temos de abrir uma pequena tampa de carbono na parte inferior. Esta bateria é muito compacta e tem uma capacidade de 310 miliamperes hora, e a sua autonomia chega aos 340 km. Parece pouco em teoria, mas na prática dura muito e para recarregar a bateria, demora uma hora e meio. Segundo a Shimano, a autonomia é 40% superior à da SRAM. Como é óbvio, depende do tipo de utilização e das condições. Nós usámos e abusámos e confirmamos que aguenta mesmo bastante tempo. 

A nova cassete XTR 9200 de 12 velocidades está disponível numa versão que todos conhecemos de 10-51 dentes, mas também existe na 9-45, que é mais compacta e leve. Tem quase a mesma desmultiplicação que a 10-51, mas neste caso o carreto mais pequeno também desempenha o papel de aperto da cassete, sendo necessário usar uma ferramenta específica. Do nosso ponto de vista, a 9-45 vai ser a mais usada por quem compete regularmente, dado que é mais leve.

Quanto aos cranques, são espetaculares e continuam a ser fabricados em alumínio. Estão disponíveis em comprimentos que variam entre os 165 e 175 mm, têm eixo de 24 mm de diâmetro e o seu factor Q é de 168 mm, com uma linha de corrente de 55 mm e pratos de 28 a 36 dentes. 

XTR Di2 9200 (3)

CONFIGURAÇÃO TOTAL

O comando remoto Rapid Ever Shift pode ser totalmente ajustado em vários ângulos, portanto podemos colocá-lo na posição que preferimos. O tato é o mesmo que sentimos ao usar um comando mecânico e o botão de mudança de velocidade mais próximo é maior do que o outro. Tem um parafuso na parte inferior que permite configurar vários acionamentos e a velocidade de comutação do desviador. Podemos fazer com que se mova rápido ou extremamente rápido. 

Além dos dois botões habituais, possui um botão auxiliar que pode controlar o Auto Shift ou o Free Shift de uma bicicleta elétrica, o ciclocomputador ou afinar as mudanças sem termos de parar. Além disso, e embora a Shimano não o divulgue, tudo indica que estão a ser desenvolvidas mais funcionalidades para este botão. Quem sabe, eventualmente, se poderá ser compatível com um espigão wireless?

XTR Di2 9200 (18)

Em andamento, a transmissão demonstra ser robusta e fiável, precisa e muito suave. E no caso da cassete que testámos - a 9-45 - proporciona mais segurança em terrenos muito técnicos devido à sua maior distância ao solo. 

A passagem das mudanças é realmente muito rápida, quase surreal. Se deixarmos o dedo no botão é capaz de mudar do primeiro ao último carreto em dois segundos, sempre com precisão e suavidade. Notámos, no entanto, que quando estamos numa subida muito inclinada e temos de rolar com pouca cadência é necessário acompanhar a mudança, pedalando de modo a compensar, caso contrário o desviador não funcionará de modo tão suave. Neste aspeto é parecido ao funcionamento do XTR com fio, embora a precisáo agora seja maior, bem como a velocidade de passagem das mudanças. 

Se compararmos com a SRAM, podemos de certa forma dizer que o Shimano é extraordinariamente rápido e suave e o SRAM é mais eficaz sob pressão. Brevemente vamos fazer um comparativo mais a fundo entre estas duas transmissões, em mais um exclusivo nacional. 

MAIS NOVIDADES

Além da transmissão, o novo XTR tem novos travões de quatro pistões. Quanto à versão de dois pistões - foi a que testámos - destina-se a Cross Country e mantém o design minimalista, com a particularidade de agora adotar óleo mineral de baixa viscosidade que resiste melhor às mudanças de temperatura, para maior estabilidade, previsibilidade e para um tato mais homogéneo. Além disso, estes travões requerem menos manutenção. Salientamos que este novo óleo não é compatível com os modelos de travões anteriores.

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A versão de 4 pistões - a que sofreu mais alterações - tem pistões assimétricos, novas pastilhas, um depósito na manete mais "colado" ao guiador e foram testados em competição, mesmo em provas de Downhill. Apesar disso, vão ser usados sobretudo em provas de XC. Também iremos testar estes travões mais a fundo nos próximos tempos - estamos a esperar pela chuva para tirar algumas dúvidas - e depois publicaremos um teste mais extenso. 

Quanto aos pedais de XC, também sofreram alterações. A superfície de contato com o sapato é maior e são ligeiramente mais leves que a versão anterior, mantendo os dois comprimentos de eixo, 52 e 55 mm. 

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As rodas XTR são uma das grandes apostas da Shimano. Existem duas versões, a XC e a Trail. Testámos a XC, com aros em carbono, 24 raios de titânio e rolamentos selados. São das mais leves do mercado - pesam 1.175 gramas - e das mais polivalentes. 

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Têm 30 mm de largura interna - a medida mais usada atualmente - e os cubos levam pela primeira vez rolamentos. A roda livre tem um ponto morto baixíssimo: somente 3,5 graus. O seu design assimétrico e o baixo perfil são características próprias, permitindo uma maior adaptabilidade ao terreno e, claro, mais leveza. São uma excelente opção tanto para o mercado do Cross Country como de Maratonas e mesmo Trail ligeiro.  

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A HISTÓRIA CONTINUA...

Desde que foi apresentada a primeira versão do XTR em 1991, este grupo passou por uma grande evolução ao longo dos anos, adaptando-se às exigências do mercado. Este ano, finalmente ficou livre de fios e cabos, mas mantém a fiabilidade, suavidade e precisão que todos conhecemos nesta marca nipónica. Só lamentamos a inexistência de um medidor de potência nos cranques ou no eixo - algo que os seus rivais oferecem - ou eventualmente uns pedais SPD com medidor de potência incorporado. Será esse o próximo passo? Veremos...

COMPATIBILIDADE TOTAL: PESOS E PREÇOS

Uma das coisas que mais gostámos é a compatibilidade entre a nova versão com a anterior mecânica, ao contrário do que acontece com o rival SRAM Transmission. 

Isto significa que podemos adotar o novo XTR às peças. Aliás, a Sociedade Comercial do Vouga, importadora da Shimano para Portugal, colocou à venda um kit de atualização que é composto pelo novo desviador, bateria, manípulo de mudanças e carregador. Deste modo, podemos adotar o novo XTR wireless recorrendo a peças do anterior, como a cassete, corrente, pedaleiro, etc. 

Quanto ao peso, passar para o sistema wireless implica um ligeiro aumento se compararmos com a versão com cabo. Este aumento depende, obviamente, da versão do novo XTR. Para termos uma ideia, nesta tabela de pesos e preços indicamos o peso da versáo nova e da com cabo (só dos componentes da transmissão que passam de cabo para wireless). 

COMPONENTE PESO  PREÇO
Desviador com bateria
415g
(240g com cabo)
597,90€
Bateria 23g 45,90€
Manípulo de mudanças
97g
(117g com cabo)
194,99€
Cranques e eixo sem cremalheira 524g 255€
Cassete 9-45
327g 
(357g na 10-45)
414€
Rodas 1.175g 2.030€

Também iremos testar o novo XT Di2 em breve, por isso fica atento ao nosso site, Facebook, Instagram e Youtube

Entretanto, poderás encontrar mais informações em bike.shimano.com e em scvouga.pt.

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