A União Ciclista Internacional anunciou que está a fazer uma análise profunda da normativa que regula o desenho e uso dos capacetes de contrarrelógio, após o debate gerado em torno do modelo específico usado pela equipa Visma-Lease a Bike na Tirreno-Adriático e na Paris-Nice.
Segundo o comunicado da UCI, "a procura constante por ganhos marginais e uma atenção cada vez maior aos detalhes está a levar as equipas profissionais e os fabricantes que as patrocinam a desenvolver equipamentos com cada vez maior frequência e com desenhos cada vez mais radicais".
A UCI quer clarificar a sua posição e em primeiro lugar relembra que informou recentemente a Specialized acerca de uma alteração que fez ao capacete TT5. Foi analisado o artigo 1.3.033 do Regulamento da UCI para ver se o capacete seguia as regras e a marca norte-americana foi informada de que é proibido o uso de componentes não essenciais que não sejam exclusivamente para fins de de vestuário ou segurança.
Após um minucioso processo que incluiu um diálogo com a Specialized, bem como a análise de documentação vinculada à certificação do capacete, instruções de segurança e informação de fontes públicas, concluiu-se que havia um componente, o tecido que envolve o pescoço do ciclista, que não é essencial. Desse modo, já não é permitido o uso desse tecido no capacete TT5 em provas do calendário internacional da UCI a partir do dia 2 de Abril de 2024.
A revisão das normas pretende garantir que se estabelece um quadro claro e coerente e qualquer modificação destas regras será comunicada rapidamente depois da sua adoção pelos órgãos competentes da UCI.
O ALVO DE TODA A POLÉMICA: O CAPACETE DA VISMA - LEASE A BIKE
Na primeira etapa da Tirreno-Adriático os motivos de interesse não foram somente a vitória do espanhol Juan Ayuso, mas também o capacete de contrarrelógio que a Visma-Lease a Bike estreou.
Este capacete foi criado pela marca Giro e chama-se Aerohead II, tendo o seu desenvolvimento durado mais de um ano.
"O objetivo é criar um capacete de contrarrelógio ainda melhor do que o do ano passado", afirmou Mathieu Beijboer, diretor de desempenho da equipa Visma. Estes novos capacetes de contrarrelógio originaram um conjunto de comentários entre fãs de ciclismo e personalidades ligadas à alta competição. A verdade é que os resultados até agora com este capacete foram muito discretos.
Por exemplo, o líder da equipa e duplo vencedor da Volta a França, Jonas Vingegaard, ficou a 22 segundos de Ayuso e acabou na nona posição. Após a etapa, a Visma explicou os motivos do uso deste capacete e todo o trabalho envolvido. "No passado inverno testámos exaustivamente o capacete. Usámos protótipos e scans da posição de vários ciclistas, incluindo Jonas Vingegaard e Wout van Aert. Este capacete está especialmente desenhado para ser usado numa posição aerodinâmica. Não é uma casualidade que tenhamos alcançado grandes avanços neste campo".
Uma das vantagens deste capacete é a maior visibilidade, dado que a viseira deste capacete é muito maior do que a anterior. Portanto, segundo Heijboer, os comentários dos ciclistas são predominantemente positivos.
Heijboer admite que quando os ciclistas viram o capacete pela primeira vez olharam para cima, mas "depois de alguns testes e de ver os benefícios, todos ficaram rapidamente convencidos. Os capacetes são feitos à medida para cada ciclista e cumprem a normativa da UCI".
Depois de utilizar este inovador capacete, Jonas Vingegaard referiu que os comentários acabararão quando as pessoas "virem como é bom e rápido. Trabalhámos muito nele o ano passado e é um capacete muito útil. O futuro será assim, e estou muito contente", referiu o dinamarquês. Além disso, Vingegaard considera que o novo capacete é inclusivé mais confortável do que outros capacetes de contrarrelógio que já testou.