Notícias

TESTE: Merida Ninety-Six 9000

A bicicleta Merida Ninety Six é ideal para Maratonas (XCM), mas devido ao seu curso tanto na suspensão como no espigão telescópico permite-nos aventurar no Downcountry. Já a testámos em mais um exclusivo.

José L. Arce // FOTOS: César Cabrera

5 minutos

Testámos a Merida Ninety Six 9000

A Merida é um dos maiores fabricantes mundiais de bicicletas e não só produz a sua marca, como também fabrica para outras. Além disso, é um dos maiores acionistas da Specialized. Esta empresa taiwanesa possui as tecnologias mais recentes, e tem um catálogo de bicicletas bastante abrangente, que não ficam atrás das melhores do mercado. Além disso, embora seja uma marca com baixo nível de investimento em marketing, portanto com menos visibilidade do que outras, as suas bicicletas têm um bom comportamento e o seu preço não é excessivo. 

A sua gama de Cross Country é composta pela mais clássica ou desportiva Ninety-Six RC e pela mais neutra Ninety-Six, para downcountry. Ambas incluem o mesmo quadro com 100 mm de curso traseiro, embora os componentes sejam diferentes, sobretudo as suspensões. A versão RC traz suspensões com 100 mm de curso enquanto a Ninety-Six inclui de 120 mm, além de incluir pneus com mais aderência e um travão dianteiro mais potente. 

O quadro Ninety-Six tem ADN de competição, e neste caso as suas aptidões no Downcountry são alimentadas pela suspensão Fox 34 Float SC Factory Grip SL e pelo espigão telescópico de 150 mm de curso, pouco comum em bicicletas deste tipo. Os 20 mm de curso adicionais na suspensão dianteira também alteram subtilmente a geometria do quadro, favorecendo o seu comportamento nas descidas. A parte dianteira fica mais elevada e curta, facilitando a passagem do peso para trás do selim, o ângulo de direção é mais aberto para maior estabilidade, a distância entre eixos é maior e o pedaleiro está mais distanciado do solo, facilitando a passagem por cima de obstáculos como troncos, raízes e pedras. 

O ângulo de direção da Ninety-Six RC está mais relaxado 1,5º, chegando aos 3º nesta versão e o alcance (reach) do quadro M é agora maior do que no L anterior, sendo a altura do pedaleiro e o stack mais baixos. Estes ajustamentos em termos de geometria contribuem para uma condução mais estável, e são compensados por um ângulo de selim 1,5º a 2º mais inclinado. 

O ângulo de direção mais relaxado, o reach maior, o stack mais baixo e a altura do pedaleiro são os grandes segredos desta Merida.

Trata-se de um quadro de fibra de carbono CF5 III com um sistema de amortecimento denominado P-Flex, que dispensa qualquer articulação no braço oscilante, proporcionando uma parte traseira mais sólida. As propriedades do carbono superam a necessidade e a complexidade de um pivô com rolamento ou casquilho, tornando-o mais simples, mais leve, mais confiável e mais responsivo.

Basicamente trata-se de um eficaz sistema de pivot único gerido por uma articulação que fornece rigidez torcional e influencia o comportamento do amortecedor traseiro, proporcionando 7% mais progressividade do que no passado, em linha com as câmaras de ar de amortecedores cross-country de menor volume. No entanto, para dar a esta Ninety-Six 9000 uma sensação mais linear e absorvente na traseira, a Merida optou por equipar um amortecedor Fox Float SL Factory com uma câmara de ar maior, apoiado pelo novo controlo remoto Fox PTL que usa apenas duas alavancas para selecionar as posições de compressão da suspensão e do amortecedor ao mesmo tempo (aberta, média ou fechada) e atuar o espigão telescópico. 

A alavanca susperior atua tanto na suspensão como no amortecedor (ao mesmo tempo). Se clicarmos uma vez, passa do modo aberto para semi-fechado. Se clicarmos outra vez, bloqueia a suspensão e o amortecedor. O comando exige passar por cada ponto, ou seja não permite passar de bloqueado a aberto, sem antes passar pelo ponto intermédio. Quanto à alavanca inferior, serve para atuar o espigão telescópico. 

As escoras, que agora são 19 mm mais espaçosas do que as da anterior Ninety-Six, permitem montar pneus de até 2.35". Para garantir resistência e durabilidade nesta zona, e para possibilitar a passagem de mangueiras ou cabos, a Merida integrou um sistema com encaminhamento. À frente, os cabos/mangueiras entram através da direção Acros, excepto a mangueira que bloqueia o amortecedor, que tem um orifício específico na parte superior esquerda na testa da direção. 

O quadro Ninety-Six adota o conceito Non-Slip Technology, que foi introduzido no modelo One-Twenty. Na prática, isto significa que todos os eixos dos pivots do basculante são ajustados com uma chave Torx 30 pelo lado esquerdo. 

É o tipo de bicicleta ideal para quem pretende diversão extra nos trilhos e grande manobrabilidade em Cross Country. 

Não podemos deixar de destacar outros pormenores como o eixo pedaleiro de rosca BSA (o melhor atualmente), o suporte Flat Mount para a pinça de travão traseira (pouco frequente e em desuso), a possibilidade de colocar dois porta-bidons dentro to triângulo principal e o facto de aceitar espigões telescópicos de até 170 mm de curso. Também destacamos o sistema Trail Mount que permite fixar o kit antifuros num local acessível e a guia de corrente integrada que certifica que a corrente não saia do sítio. 

O quadro inclui um protetor de borracha que protege toda a parte superior da escora direita, prevenindo ruídos e danos estéticos, além disso, a parte inferior do tubo diagonal também possui uma borracha que protege toda esta extensão até ao eixo pedaleiro. 

MONTAGEM

A Merida equipou esta bicicleta com o novo grupo Shimano XTR Di2 M9200 sem fios, mais precisamente na versão compacta, ou seja, com a cassete 9-45, desviador de caixa média e prato com poucos dentes para poupar peso e proporcionar mais espaço em secções muito técnicas. O seu óbvio carácter Down Country também se nota nos travões, combinando as novas - e potentes - manetes com pinças de dois pistões (em vez de quatro) para equilibrar a potência e leveza. 

As rodas são um fator importante na dinâmica de qualquer bicicleta. Esta Merida Ninenty-Six 9000 vem montada com umas Reynolds TR 309 XC com aros de carbono com 30 mm de largura interna atrás e 28 mm à frente e baixo perfil (21 mm), favorecendo as acelerações e as mudanças de trajetória repentinas. Os cubos são da própria Reynolds com 10º de engate através de três linguetes para evitar pontos mortos na transmissão. Estas Reynolds pesam 1.665g o par e são hookless. 

Com a proliferação de bicicletas de XC com 120 mm de curso, a categoria Downcountry foi ofuscada, no entanto, esta Merida Ninety-Six 9000 é a definição de uma bicicleta de maratonas, uma bicicleta de cross country com uma traseira mais compacta e uma dianteira mais longa, proporcionando um comportamento equilibrado e capacidade de absorção, para aqueles que buscam diversão extra.

O DETALHE: COCKPIT INTEGRADO

Há um componente nesta Merida que temos de sublinhar: o cockpit FSA NS SIC (Stable Integrated Cockpit). É fabricado em carbono, pesa 285g, tem 460 mm de largura, 9º de recuo e 5 mm de elevação. Por sua vez, o avanço tem 60 mm de comprimento e 12º de inclinação negativa. Este componente é atrativo e sólido, ajudando a manter uma direção precisa, e está 20 mm mais elevado devido ao curso da suspensão. Lembramos que o quadro foi desenhado sobretudo a pensar numa geometria com 100 mm à frente. No fundo, a posição do guiador é moderada, e de acordo com o carácter Downcountry que a Merida pretende. 

O melhor: Preço justo e competitivo.

A melhorar: Peso não muito leve numa montagem topo de gama. 

FICHA TÉCNICA

  • QUADRO: Fibra de carbono CF5 III. 100 mm de curso.
  • AMORTECEDOR: Fox Float SL Factory. Volume extra. 45 x 190 mm.
  • SUSPENSÃO: Fox 34 Float SC Factory Grip SL. 120 mm de curso.
  • PEDALEIRO: Shimano XTR M9200. BSA.
  • PRATO: 32 dentes.
  • CRANQUES: 170 mm.
  • DESVIADOR: Shimano XTR M9250. Caixa média.
  • MANÍPULO DE MUDANÇAS: Shimano XTR M9200.
  • CASSETE: Shimano XTR M9200 9-45 dentes.
  • CORRENTE: Shimano XTR M9200.
  • TRAVÕES: Shimano XTR M9200.
  • DIREÇÃO: Acros.
  • GUIADOR: FSA NS SIC. 60 x 760 mm. -12º.
  • PUNHOS: Merida.
  • SELIM: Prologo Nago R4 PAS. 137 x 245 mm.
  • ESPIGÃO DE SELIM: Fox Transfer Factory. 30,9 x 150 mm.
  • RODAS: Reynolds TR 309 XC.
  • PNEUS: Maxxis Recon Race. 2,40”/2,25”.
  • PESO: 11,08 kg (tamanho M, sem pedais).
  • TAMANHOS: S / M / L / XL.
  • PREÇO: 7.269 €.

Podrás encontrar mais informações em www.merida-bikes.com.

Etiquetas:

Relacionados