Já se contam 23 anos a proporcionar grandes momentos aos muitos milhares de praticantes de BTT, que ao longo destas mais de duas décadas por aqui têm passado, nesta que é a grande festa do BTT nacional.

Esta edição contou com a presença de 2700 participantes vindos de norte a sul do país.

O Raid Alvalade-Porto Covo tem particularidades únicas, cujo principal objetivo de quem participa é sentir a essência do BTT.


Neste raid encontram-se participantes de todas as categorias, desde quem se iniciou há meia dúzia de dias até ao atleta mais experiente. Vêem-se bicicletas desde 100€ a mais de 10.000€, mas todos têm o objetivo de aproveitar cada momento deste dia. Outra das características únicas neste raid é não haver cronometragem, deste modo cada um vai ao seu ritmo, cada um a desfrutar à sua maneira.


Desta forma, todos são, os protagonistas desta festa do BTT. O principal é desfrutar da modalidade no seu estado puro, em que o convívio, a amizade, o companheirismo e a entreajuda são as palavras-chave.


Antes da partida o entusiasmo esteve bem patente nos milhares de betetistas que invadiram por completo a pacata vila de Alvalade do Sado, que se transformou por completo neste dia.

Às 9 horas deu-se início ao raid que, como é tradição, tinha duas quilometragens: 70 km ou 120 km. Dos 2700 participantes, 800 fizeram o regresso a Alvalade do Sado.


Os trilhos iniciais não apresentavam grandes dificuldades, sendo acessíveis a todos. O principal inimigo era o muito pó, mas a boa disposição era o fator dominante.



Desfrutar dos trilhos era o que todos faziam nestes primeiros quilómetros, percorridos nos tradicionais arrozais que, este ano, não tinham água, notando-se bem a seca que se sente neste ponto do país.



A diversidade das paisagens é também um dos pontos chave deste evento.



Outro dos momentos únicos é a passagem do vasto pelotão pelas aldeias e vilas, com a população a sair à rua, aplaudindo e incentivando a passagem dos participantes.

Ao quilómetro 42 estava montada a mítica zona de abastecimento da Barragem de Campilhas. Aqui vive-se a festa com milhares de familiares e amigos dos participantes. Este é o local onde são fornecidas as “não menos famosas” sandes de carne assada, uma das imagens de marca do Raid Alvalade-Porto Covo.



Restavam 30 km para se chegar a Porto Côvo, mas da Barragem de Campilhas até à zona de abastecimento do Cercal do Alentejo seguiam-se trilhos com maior dificuldade física, num sobe e desce constante.


Após o abastecimento do Cercal do Alentejo, e de se reporem energias, surgiu a maior dificuldade do dia. Um Adamastor para muitos. A temível subida da Serra do Cercal, mas todos a superaram, com maior ou menor dificuldade. Superada a subida, seguiu-se “a joia da coroa”, a “Amazónia”, que faz as delícias de todos.



Todo o esforço foi recompensado pelos sublimes trilhos percorridos na serra, com as soberbas paisagens.





Com a Serra do Cercal superada já se avistava o oceano Atlântico, com Porto Côvo no horizonte, momento sempre inesquecível para aqueles que, pela primeira vez, participaram no raid.

A chegada a Porto Côvo é épica, com a passagem pelo porto de abrigo e a mítica rampa da acesso, onde se concentram centenas de espectadores, a aplaudir a chegada dos bravos participantes. É a recompensa para muitos, a valorização do esforço de completar os 70 km do interior do Alentejo ao litoral.

O ambiente vivido neste local é espetacular! Um ambiente único, indescritível, somente vivido por todos aqueles que participam.

Este ano tivemos uma “visita” inesperada, pois a chuva começou a cair com alguma intensidade, estragando um pouco daquilo que é o ambiente em Porto Côvo, mas, mesmo assim, não demovendo todos aqueles que por lá se encontravam.

Ao mesmo tempo que a grande maioria já festejava a chegada a Porto Côvo com os seus familiares e amigos, enchendo por completo toda a restauração, muitos ainda continuavam a pedalar, fazendo o regresso a Alvalade.

O regresso que para muitos é uma superação pessoal.

Em Alvalade do Sado os 800 participantes que fizeram o regresso iam completando os 120km a “conta gotas”. Foram horas a chegar, mas todos eles chegavam satisfeitos e rendidos ao espírito do Alvalade-Porto Côvo, afirmando “para o ano cá estaremos”.
NOTA FINAL: não podemos deixar de endereçar os nossos sentimentos à família e amigos de um dos participantes (António Machado), que faleceu após se sentir mal. Aproveitamos também para desejar as melhoras a todos os que caíram - felizmente foram poucos - durante o evento.