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Alain Prost, a lenda da Fórmula 1, é um grande entusiasta do ciclismo

Alain Prost, uma verdadeira lenda da Fórmula 1 desde a década de 80, fala-nos da sua paixão pelo ciclismo e especialmente pelo equipamento. Conhecido como "o professor" ao longo da sua carreira no automobilismo, esta alcunha seguiu-o até ao mundo do ciclismo.

Alain Prost, a lenda da Fórmula 1, é um grande entusiasta do ciclismo
Alain Prost, a lenda da Fórmula 1, é um grande entusiasta do ciclismo

O ex-piloto de Fórmula 1 é um ávido praticante de ciclismo e nesta entrevista explica-nos como é que a modalidade entrou na sua vida e passou a fazer parte da sua rotina. 

Atualmente ainda está presente no desporto automóvel. De que forma? 

Nunca me afastei do mundo automóvel. Atualmente, estou a concentrar-me nas minhas funções como Embaixador da Renault Alpine e Diretor Executivo da Alpine Fórmula 1. Não usei muitos "chapéus" ao longo dos anos. É um mundo fascinante que está em constante evolução, e quando se tem muita experiência é sempre interessante ficar no mesmo ambiente. Além da Fórmula 1, até tive a oportunidade de dirigir uma equipa de Fórmula E.

É conhecido pelo seu historial em desportos motorizados, no entanto, há uma modalidade que está próxima do seu coração há muitos anos, e que é o ciclismo. Como surgiu essa ligação ao ciclismo, e desde quando?

Foi em 1992, durante o meu ano sabático, que comecei a pedalar quase por acaso. Sempre fui apaixonado pelo desporto em geral, corria muito para me preparar fisicamente nas minhas épocas anteriores, mas comecei a sentir desconforto no joelho. Como alguns sabem, correr às vezes pode ser traumático para os membros inferiores. Foi a conselho do meu osteopata, e amigo, que eu relutantemente fui com ele comprar a minha primeira bicicleta de estrada que, a propósito, foi uma Trek 5500, uma das primeiras a ser equipada com um quadro monocoque em carbono. Uma bela máquina com um equipamento que achei tecnicamente incrível para a época. Finalmente, alguns meses depois, com amigos, abraçámos o desafio de fazer o L’Etape du Tour. Após cerca de quinze participações, o ciclismo tem permanecido o meu desporto favorito, uma vez que é uma modalidade sociável e permite manter-me em forma. Acrescentaria que se trata de um desporto bastante mágico, uma vez que quando o praticas suficientemente a sério, podes sempre ter um bom nível, e é especialmente menos exigente para o corpo do que correr.

O ciclismo fazia parte da sua preparação física durante a sua carreira de piloto?

Não propriamente, já que comecei a andar de bicicleta no final da minha carreira. No entanto, o ciclismo permitiu-me ficar rapidamente em grande forma para o meu último ano de competição na Fórmula 1. Além disso, o ciclismo é para mim como uma terapia, uma vez que trabalhamos certamente o lado físico, mas especialmente também o lado mental. É uma sensação boa e é por isso que acho a bicicleta mágica.

Isto aplica-se também diariamente. Quando temos um problema, fazemos um passeio de bicicleta e já não pensamos mais nisso, ou os problemas ficam menos importantes. Este grande desporto é que te faz desligar um pouco do que se passa na tua vida.

No paddock era conhecido como “o professor”. De onde veio esta alcunha?

Esta é uma história muito bonita que remonta ao campeonato de 1983. Na altura estava a trabalhar com engenheiros da Michelin e estávamos a tentar encontrar uma solução para resolver um problema de desgaste dos pneus. Então comecei a misturar as diferentes durezas das borrachas à frente, atrás e dos lados, contra as opiniões dos engenheiros. Mas no final funcionou e foi assim que surgiu a alcunha. No início, quase fiquei envergonhado porque achei que era pretensioso, mas ao fim de quase 40 anos, a alcunha ainda persiste e hoje fico muito orgulhoso. Acho isso simpático.

Devo também dizer que sempre tive uma sensibilidade em termos de material, gosto de analisar, testar e, em especial, dar a minha opinião para tentar melhorar o que já foi feito. Na minha opinião, esta é a chave para o sucesso.

Alain Prost 2
 
Na sua opinião, o material tem uma influência importante na performance?

Para mim sim, mas há também outros fatores que entram em jogo. Há certamente o aspeto psicológico, mas sobretudo o aspeto técnico. Assim que comecei a andar de bicicleta, ouvi dizer “não há más bicicletas, tudo está nas pernas” e discordo totalmente disso. De acordo com a prática, a morfologia, dependendo da potência, nem todas as bicicletas são adequadas para todos, na minha opinião. Quando se tem o equipamento certo, a posição de condução certa que garante conforto e eficiência de pedalada, estes fatores irão automaticamente trazer-lhe performance e prazer sobre a sua máquina. Foi também o caso da Fórmula 1, pedia aos meus mecânicos que limpassem bem o carro sempre que voltava às boxes porque para mim era imperativo entrar num carro que me desse prazer.

Os desportos motorizados e o ciclismo têm isto em comum?

Isto é completamente verdade! Claro que ainda não podemos comparar a F1 e o ciclismo em termos de tecnologia, mas eu diria que a filosofia é a mesma. Especialmente se destacarmos os incríveis avanços tecnológicos feitos nos últimos anos no mundo do ciclismo. Podemos constatar que há sempre algo a melhorar e, felizmente, que os regulamentos dos organismos internacionais estabelecem regras, porque, caso contrário, continuaria a evoluir em todas as direções sem parar.

Diria que atualmente pratica ciclismo com o objetivo de vencer?

O ciclismo não é igual à Fórmula 1. Comecei a andar de bicicleta aos 38 anos, por isso não tenho a mesma abordagem competitiva. Embora tenha um espírito muito competitivo e sinta a competição no coração, a minha relação com o desempenho já não é, portanto, a mesma. Já participei em muitas provas amadoras e outras como atleta federado na Federação Francesa de Ciclismo como os Campeonatos de França, Campeonatos Mundiais de Masters, mas tento sempre relativizar esse desempenho porque o que mais conta para mim é o prazer que sinto nessas ocasiões. Esse é o prazer de viver a competição.

Sublinhe-se que hoje o nível do ciclismo amador, mesmo na minha idade, é extremamente elevado. Há cada vez mais pessoas com tempo para pedalar, ex-profissionais ou pessoas que seguem um programa específico de preparação que respeitam à risca. Têm um andamento muito forte e vejo uma grande diferença entre os ciclodesportistas dos anos 90 e os de hoje. Há um ritmo competitivo muito maior.

Em que bicicletas já andou e que bicicletas tem atualmente? Qual é o seu modelo favorito e porquê?

Já tive muitas bicicletas ao longo dos anos, e ainda tenho a minha primeira bicicleta, uma Trek 5500 azul. Até recentemente, pedalei muito com a Trek Madone SLR, mas atualmente ando em exclusivo com a mais recente Émonda SLR, que na minha opinião é uma bicicleta fantástica graças à sua versatilidade. Trabalhei muito na minha postura, no meu FIT, com um ajuste cuidado do guiador, do selim, porque é importante ter uma bicicleta na qual me sinto perfeitamente colocado. Sou muito exigente e acho que tenho muita sensibilidade aos pequenos pormenores e às variações quando testo um novo componente ou pedalo numa nova posição. Em relação à montanha, atualmente tenho uma Trek Supercaliber. É uma máquina à imagem da Émonda. É leve, precisa e passa por todo o lado. Esta bicicleta é realmente perfeita aqui para os trilhos da Provença.

alain prost 3
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Quem lhe dá apoio técnico?

Há uns anos, tive muitos problemas nas costas. Já não conseguia sequer andar de bicicleta, e quando te acontece este tipo de dor é muito difícil para a moral. Até segui as indicações dos médicos que me aconselharam a parar com todas as atividades durante 3 semanas. Isto é algo que eu nunca aconselharia a ninguém porque depois, retomar é terrível e ainda mais doloroso tanto física como psicologicamente. Um dia, quando estava na minha casa de férias na Provença, conheci por acaso o Eric durante uma saída de grupo. Ele é o dono de uma loja de bicicletas chamada Provence 2 Roues em Saint-Remy-de-Provence.

Contei-lhe sobre os meus problemas nas costas e começámos a identificar diferentes fatores na bicicleta, a minha postura, as minhas configurações. Todos os meus problemas foram analisados com muita preocupação e cuidado. O Eric está habituado a trabalhar com ciclistas profissionais e foi para mim reconfortante saber que ele tinha muita experiência com este tipo de problema. Finalmente, depois de muitos estudos de FIT e alguns meses de trabalho, a minha dor nas costas parou.

Devo dizer que somos uma boa equipa, gosto muito de trabalhar com pessoas tão especializadas que sabem ouvir e partilhar a sua experiência. Continuo convencido de que podemos sempre evoluir fisicamente, e é isso que há de bom no ciclismo. É um processo de aprendizagem constante.

Tem objetivos pessoais e/ou desafios para um futuro próximo?

Acabei de passar por um período um pouco desagradável, com alguns problemas no joelho e fadiga, mas gosto de me concentrar num objetivo. Este ano quero participar nos Campeonatos Mundiais em Outubro. Estou a pensar em fazer algumas corridas da Federação Francesa de Ciclismo e participar em alguns eventos de ciclismo amador para me preparar para a qualificação que vai ter lugar na Suíça.

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