Conselhos de compra

TESTE: Trek Fuel+ EX 9.8 Eagle 90

A Trek renovou uma das suas lendárias bicicletas de Trail, dotando-a de mais potência, autonomia e com a possibilidade de alterar a geometria.

7 minutos

Testámos a Trek Fuel+ EX 9.8 Eagle 90

Quando falamos de trail, uma das bicicletas que nos vem imediatamente à memória é a Fuel, uma suspensão total polivalente que está no mercado há 20 anos, que se destaca pelo baixo peso e grandes aptidões tanto a subir como a descer. A versão elétrica deste modelo chama-se Fuel + e deriva da Fuel EXe. Atualmente podemos encontrar ambas no catálogo da marca, e embora a Fuel + seja a opção mais leve, esta é a altura ideal para comprar a Fuel EXe devido ao preço. 

A nova Fuel+ tem uma bateria de 580 Wh e um motor HPR60 de 60 Nm, quadro em fibra de carbono ou alumínio, ângulo de direção ajustável, curso entre 145 e 160 mm e está disponível em três versões distintas: EX, MX e LX. No total, a gama é composta por 15 modelos, com preços que começam nos 4.449€ até aos 10.239€. A que testámos é a segunda da gama EX, a Fuel+ EX 9.8 Eagle 90, que custa 7.569€. 

Cada versão da Fuel+ (EX, MX ou LX) está marcada com uma pequena chapa no link principal. Os links são de alumínio.

OCLV MOUNTAIN

Não é só a parte estética que é diferente, o desempenho também. Primeiro, porque é 200 gramas mais leve no quadro de carbono OCLV. Na parte frontal, como a direção tem ângulo ajustável, a cablagem entra dentro do quadro pelas laterais, uma configuração menos bonita esteticamente, mas totalmente funcional e mais fácil de gerir quando é necessário fazer uma manutenção. O triângulo dianteiro tem uma grande amplitude, deixando espaço para um bidon de até 750 ml ou um extensor de bateria. Na parte inferior do tubo horizontal, possui furações para fixação de uma bolsa. O tubo vertical é reto, o que permite instalar espigões telescópicos longos, como é o caso do que vem de origem de 170 mm (no tamanho M). 

As junções entre as escoras e os links são do tipo sanduíche, para maior robustez. A zona do pivot de rotação principal também tem um aspeto cuidado, com um guarda-lamas de borracha que desliza numa segunda proteção, para evitar o desgaste direto do tubo. Tem também uma guia de corrente e a escora inclui uma proteção robusta e eficaz que reduz ao máximo os ruídos. 

Graças a tudo isto e à ausência de ruído do motor HPR60, a bicicleta é muito silenciosa, por mais esburacado e agressivo que seja o terreno. O tubo diagonal também possui duas proteções de borracha, uma na parte inferior e outra na superior. A zona menos protegida do quadro mesmo assim inclui uma película resistente aos impactos (Carbon Armour). E se olharmos para trás, junto às escoras encontramos as clássicas ponteiras ABP da Trek (Active Braking Pivot). Um pormenor que não podemos deixar de destacar é a espetacular pintura do quadro, embora também esteja disponível em outras três cores.

As junções ABP reduzem a influência da travagem no sistema de amortecimento. A direita também inclui a patilha de fixação direta do desviador traseiro. 

Geometricamente há poucas diferenças. Cada tamanho de quadro tem comprimentos de escoras específicos e no tamanho L o Stack (altura da direção do quadro) é 17 mm maior para melhorar a manobrabilidade. Quando ao Reach (comprimento do quadro), é 5 mm mais comprido, o que significa que a posição de condução é menos erguida e mais estável em descidas. 

PRONTA PARA COMPETIR

As suspensões são do melhor que existe no mercado em termos de RockShox, ou seja, ambas são da série Ultimate (tanto a suspensão dianteira como o amortecedor). Têm mais regulações, o que permite ajustar ao nosso gosto pessoal e é possível variar a progressividade através de espaçadores de volume internos. Para além disso, é possível alterar a fixação inferior do amortecedor, para uma resposta mais linear (vem de fábrica apoiado na fixação dianteira), ou mais progressiva, sem alterar a geometria. 

O comportamento deste sistema de amortecimento permite uma pedalada firme e direta e quando aplicamos potência nos pedais notamos de imediato a resposta, portanto não balanceia como alguns modelos. A tensão da corrente empurra a roda contra o solo, mantendo a geometria estável. Também tem um comportamento exemplar nas descidas e tanto o amortecedor como a suspensão são rígidos a baixa velocidade, mas em velocidades mais altas ou quando andamos em terrenos mais irregulares, mostram a sua capacidade de absorção. 

PEQUENO, MAS EFICIENTE

Um dos pontos mais interessantes desta Fuel+ é o seu sistema elétrico TQ. Inclui o novo motor HPR60 com 60 Nm de binário, ou seja, mais 10 Nm do que o HPR50 da Fuel EXe. É muito silencioso, tanto em aceleração como em repouso, e praticamente não há atrito ao rodar os pedais para trás. No entanto, notamos que quando a bicicleta descai para trás ela de certa forma trava e a cassete faz com que a bicicleta queira avançar, algo que parece ser um modo de apoio e que raramente afeta o nosso dia a dia. O HPR60 é tão compacto que se olharmos de longe não aparenta ser uma bicicleta elétrica. Isso também aumenta a distância livre ao solo. Isto é possível graças ao seu funcionamento baseado em dois anéis dentados que giram concentricamente, em vez de possuir cremalheiras ou transmissões por correia.

O pequeno motor TQ HPR60 ocupa pouco espaço e pesa 1.924g. Tem 350W de potência. 

Tem três modos de assistência, Eco, Mid e High, que podem ser personalizados em quatro parâmetros na aplicação da TQ: potência máxima, assistência, resposta nos pedais e velocidade máxima de assistência. Também podemos escolher que informações queremos ver no ecrã. O pequeno comando (com cabo) tem dois botões de borracha com um tato pouco nítido e, por vezes, temos de carregar mais do que noutras. A assistência do motor é muito natural, silenciosa, sem ruídos estranhos e o início do seu apoio é mais imediato do que a versão anterior. A partir de 50 rpm já conseguimos notar essa potência. Quanto à sua performance, está ao nível de outros motores leves. Os utilizadores mais pesados notarão logo as suas limitações e tu também se costumas andar em zonas com subidas muito inclinadas.

Se a bateria de 360 Wh da EXe te parece pequena, vais gostar desta. A nova bateria de 580 Wh oferece mais 125% de autonomia e também é possível adicionar um extensor de 160 Wh nas tuas voltas épicas. Gerindo bem a assistência conseguirás obter até 80 km de autonomia. Um dado interessante é que a Fuel+ é compatível com a bateria pequena de 360 Wh, caso não precises de mais energia e preferes baixar o peso da bicicleta. Para retirar a bateria, basta desmontar com uma chave sextavada de 4 mm. 

O ecrã TQ é a cores e fica perfeitamente integrado no quadro. O sistema TQ não tem porta de carregamento USB, portanto não podes recarregar outros dispositivos, mas tem emparelhamento Bluetooth e ANT+. 

Gostámos do tamanho compacto do comando TQ. Por ser tão compacto não atrapalha a posição da manete de travão ou do espigão telescópico. 

MONTAGEM ESCOLHIDA A DEDO

A Fuel+ EX 9.8 Eagle 90 que testámos está montada com componentes topo de gama. Para além do quadro ser fabricado em carbono OCLV Mountain, está equipada com um pack completo SRAM, incluindo suspensões RockShox, transmissão Sram Transmission 90 e travões Sram Maven. Também poderás encontrar à venda uma versão com suspensões Fox e transmissão Shimano Deore XT pelo mesmo preço e se preferes uma montagem personalizada dos componentes podes aceder ao Programa Project One. 

Não temos nada negativo a apontar à montagem desta Trek e embora numa bicicleta que custa mais de 7.000 euros custe aceitar que as rodas sejam de alumínio, a verdade é que em andamento esse detalhe não se nota. Os pneus Maxxis garantem aderência e segurança, tal como os travóes Sram Maven, que asseguram uma potência descomunal. Aliás, convém ter alguma cautela a travar, principalmente em zonas húmidas, porque estes travões são realmente muito potentes. 

UMA EBIKE LIGEIRA

No fundo, é uma ebike leve de trail. Pesa pouco mais de 20 kg (já com pedais e bidon), tem uma boa autonomia e um motor otimizado em termos de resposta e potência. Além disso, como é pequeno e silencioso passa despercebido. Tem a potência ideal para as nossas voltas e destina-e sobretudo a quem tem o peso ideal. Quanto ao sistema de amortecimento, proporciona um andamento eficaz, não afeta a pedalada e em descidas cumpre aquilo que se pretende com aprumo. E graças às opções de configuração, podemos alterar o seu comportamento sem mudar de bicicleta. 

AJUSTE DA PROGRESSIVIDADE

As três versões Fuel+ possuem ajuste da progressividade no amortecedor traseiro, basta mudar a fixação inferior do amortecedor. Na posição mais adiantada, a traseira fica mais linear, mais confortável e absorvente graças à utilização de mais curso. Na outra posição, é mais progressiva e resiste melhor ao esgotamento do curso. 

GAMA FUEL+

A gama Fuel+ usa o mesmo triângulo dianteiro e basculante, mas pode adotar 3 atitudes diferentes em função dos links e do suporte inferior do amortecedor. 

Fuel+ EX. Opção Trail, com rodas de 29” e 145 mm de curso atrás e 150 mm à frente. Tem um amortecedor de 205 x 60 mm e o ângulo de direção é de 64.5º.

Fuel+ MX. Opção Trail mais ágil e divertida, com rodas de 29”/27,5” e suspensões de 150/160 mm. Amortecedor de 205 x 60 mm e ângulo de direção de 64º.

Fuel+ LX. Opção Trail mais agressiva, com rodas de 29” e suspensões de 170/160 mm. Tem amortecedor de mola de 205 x 656 mm, e o ângulo de direção é de 63,5º.

Todas as opções de links superiores (EX, MX e LX) e as fixações inferiores do amortecedor estão à venda em separado. 

O melhor: Leveza e comportamento em descida. Progressividade traseira regulável. Motor silencioso. Grande autonomia. Podemos escolher a montagem.

A melhorar: Se adicionares um extensor de autonomia, não poderás usar um bidon de água. 

FICHA TÉCNICA

  • QUADRO: Carbono OCLV Mountain. 145 mm de curso.
  • AMORTECEDOR: RockShox Deluxe Ultimate RC2T.
  • SUSPENSÃO: RockShox Lyrik Ultimate. 150 mm de curso.
  • MOTOR: TQ-HPR60.
  • BATERIA: TQ 580 Wh.
  • DISPLAY: TQ LED color.
  • COMANDO: TQ.
  • CRANQUES: SRAM Eagle 90. Prato 32d.
  • DESVIADOR: SRAM Eagle 90.
  • MANÍPULO: SRAM Eagle 90.
  • CASSETE: SRAM Eagle XS-1275. 10-52d. 12 vel.
  • CORRENTE: SRAM GX Eagle.
  • TRAVÕES: SRAM Maven Bronze de 4 pistões. Discos 200mm.
  • AVANÇO: Bontrager Elite. 45mm.
  • GUIADOR: Race Face Era. 800mm. Punhos Trek Line Elite.
  • SELIM: Trek Verse Short Comp.
  • ESPIGÃO DE SELIM: Bontrager Line Dropper. 170 mm.
  • RODAS: Bontrager Line Comp 30.
  • PNEUS: Maxxis Minion DHF/DHR II 3C EXO+ MAXXGRIP 29x2.5”.
  • PESO: 20,07 Kg (tamanho M, sem pedais).
  • TAMANHOS: S, M, L, XL, XXL.
  • PREÇO: 7.569€.

Poderás encontrar mais informações em www.trekbikes.com

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