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TESTE: Scott Lumen eRide 900

A Scott Lumen alterou completamente o paradigma das bicicletas elétricas, devido à leveza e integração dos componentes. Trata-se de uma bike de trail muito rápida que maximiza o conceito eMTB light.

Texto H. Ruiz. Fotos: JCD Fotografia

Testámos a Scott eRide 900
Testámos a Scott eRide 900

Quando a Scott lançou a sua Spark em 2020 e surpreendeu o mercado (depois da aquisição da marca Bold já tínhamos uma ideia do rumo da marca) não havia dúvidas de que a integração dos componentes iria assumir um papel preponderante, lançando as bases para as tendências presentes e futuras. Amortecedor oculto, cablagem muito discreta, bloqueios remotos, ferramentas escondidas em diferentes partes da bicicleta, duas grades de bidon... Tudo muito bonito, mas... será que toda esta tecnologia e ideias seriam possíveis numa bicicleta elétrica, onde tudo é muito mais complexo internamente e existem muitos mais "gadgets"?

Scott Lumen eRide 900 (2)

Era esse o desafio e, embora parecesse quase utópico, a nova Lumen chegou ao mercado e tornou-se a referência no segmento das eMTB leves. Meses após o seu lançamento, recebeu o prémio mais cobiçado atribuído pela feira Eurobike, um dos mais prestigiados reconhecimentos internacionais, no qual toda a inovação que representa foi especialmente premiada. Mas esta inovação que não se ficou por este modelo. A Scott aproveitou os ensinamentos obtidos no desenvolvimento desta Lumen para desenhar a nova Voltage eRide, o modelo com o maior curso em termos de suspensão e concebido para Enduro ou mesmo DH.

LEVEZA COM REGRAS

Para que uma eMTB transmita sensações muito próximas das de uma bicicleta não elétrica, há dois fatores muito importantes a ter em conta, para além de muitos outros secundários. Um deles é que o motor seja silencioso, que não transmita fricção ou uma sensação "motorizada" à nossa pedalada e que a forma como nos assiste seja natural, com uma aceleração linear, muito comedida e sem sobressaltos.

Scott Lumen eRide 900 (3)

E o segundo não é outro senão o peso, que deve ser o mais leve possível para reduzir a diferença em relação às bicicletas sem motor. A Lumen responde a estas duas exigências. Os pesos dos modelos da gama são impressionantes: o modelo topo de gama, a 900 SL TR, pesa 15,5 kg e esta Lumen 900 que testámos (da coleção 2023) pesa 16,55 kg no tamanho M, sem pedais. É o segundo modelo com a melhor montagem e ainda por cima está com um preço especial. O curioso é que a maior parte desta leveza se deve principalmente à construção do quadro em carbono HMX e não à utilização de componentes ultraleves, embora estes tenham sido muito calculados para manter o peso baixo.

Scott Lumen eRide 900 (10)

Quando retiramos a tampa na parte inferior da bicicleta, aquela que dá acesso parcial às entranhas e recantos do quadro, começamos a apercebermo-nos da “renda de bilros” que os engenheiros fizeram para encaixar tudo lá dentro e fazê-lo funcionar na perfeição.

Diagramas del manual del usuario donde se expone la colocación de cada cable (1)

Cada milímetro do quadro é utilizado e estudado em profundidade para passar os cabos, aparafusar os componentes do motor, bateria e os seus periféricos, já para não falar do sistema de amortecimento. Esta complexidade parece estar muito bem resolvida, especialmente ao nível da passagem de cabos no interior, onde praticamente todos têm as suas guias específicas e a sua ordem definida.

Scott Lumen eRide 900 (14)

O nível de trabalho e desenvolvimento de uma bicicleta "simples" parece ter passado para um patamar superior, apesar da maior dificuldade envolvida na execução quer de tarefas mecânicas simples, como a substituição de um cabo, quer de outras mais profundas como a substituição da bateria ou a reparação do display. 

Scott Lumen eRide 900 (1)

O curso é de 130 mm em ambos os eixos, o que pode ser rotulado como Down Country (é assim que a Scott a categoriza) ou simplesmente uma Trail ligeira, que é praticamente a mesma coisa. Claro que inclui o sistema TwinLoc 2 para controlar o amortecedor e a tecnologia NUDE, pelo que podemos jogar com dois modos de amortecimento aberto com diferentes cursos (130 e 90 mm) e comportamentos, assim como o bloqueio.

ATUALMENTE, A LUMEN É UMA DAS BICICLETAS ELÉTRICAS QUE MAIS SE APROXIMA DO COMPORTAMENTO DE UMA BICICLETA CONVENCIONAL

 

UM MOTOR MUITO NATURAL

Quanto à parte motorizada, a outra parte responsável pela sensação de leveza, confiamos no motor TQ HPR50, que até à data pode ser considerado o motor que melhor representa esta categoria de bicicletas elétricas, pela sua suavidade de pedalada e pelo seu silêncio, algo de que só o Fazua Ride 60 se aproxima muito, embora cada um brilhe em aspetos diferentes.

Scott Lumen eRide 900 (15)

E dizemos que representa muito bem esta categoria porque o TQ ajuda-nos a pedalar no sentido mais estrito do que queremos dizer com "assistência", não substitui a nossa força como faria um motor Full Power naqueles momentos em que queremos delegar-lhe quase toda a responsabilidade. Com o HPR50 raramente temos a sensação de que ele empurra com força excessiva, e se quisermos notar que o seu comportamento é mais vivo, temos de pedalar com uma cadência ligeiramente mais alta. A assistência chega pouco a pouco de uma forma muito linear e se optarmos pelo modo de assistência mais elevado, quando atinge os 50 Nm de binário, é percetível, mas não esperes uma brutalidade.

Scott Lumen eRide 900 (23)

Se enfrentamos subidas íngremes notamos como começa a vacilar, sobretudo se estamos um pouco presos na cadência, e temos de tentar acelerar para a sentir mais enérgica, como aconteceria numa bicicleta sem motor, só que com o TQ "dói" menos nas pernas. De facto, a sua potência máxima de pico é de 300 w, apenas cerca de 50 w mais do que a sua potência nominal. Tudo isto pode ser bem ou mal interpretado, dependendo das nossas expectativas e preferências. No entanto, na realidade, está feita desta forma precisamente para que seja o melhor complemento possível às nossas pernas e, portanto, com a Lumen, não temos muito aquela sensação de andar de bicicleta elétrica. Se é isto que procuras, vais gostar.

Scott Lumen eRide 900 (4)

A bateria que incorpora é própria, com uma capacidade de 360 Wh, mais uma vez não é a mais ampla em termos de autonomia, mas é muito leve para colaborar com o peso total da bicicleta (1830 gramas, cerca de 400 gramas menos que a da sua rival direta, a Fazua). E também temos a opção de adicionar um Range Extender de 160Wh (520 no total) para uma autonomia extra, que é montado no porta-bidon principal, para que possamos continuar a ter outro bidon connosco durante os percursos.

MULTIFACETADA

Em termos de geometria, é bastante equilibrada, com uma posição bastante desportiva, nem muito relaxada nem muito forçada, muito reminiscente da sua irmã Spark. Mesmo com o guiador um pouco alto, temos apoio suficiente na roda dianteira para conseguirmos lidar bem com subidas íngremes e técnicas. Apesar das escoras ligeiramente longas (450 mm), não nos sentimos desajeitados em subidas sinuosas ou íngremes, mas proporciona um pouco mais de estabilidade quando soltamos os travões numa descida.

Geometría de las Lumen eRide

Se há uma coisa que se destaca na Lumen é a sua manobrabilidade numa grande variedade de terrenos, e estamos a falar em termos gerais, tanto em subidas e terrenos ondulados, como em descidas. Por ser uma bicicleta tão leve, apesar do motor, não temos a sensação de que se agarra ao chão como outras eBikes quando puxamos o guiador para cima ou quando bombeamos a suspensão para ir saltitando entre pedras.. Neste último caso, como o conjunto motor-bateria também é mais leve do que o habitual, não nos dá a sensação de que está a puxar por baixo de nós a partir da zona do pedaleiro. Assim, temos menos equilíbrio do que o habitual, mas em contrapartida temos uma facilidade de movimento que nos lembra muito uma bicicleta sem motor.

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Graças a isto, podemos seguir melhor o terreno quando, por exemplo, descemos a alta velocidade ou por sítios muito irregulares, e é o que muitas vezes nos salva de "bater" com os aros contra o chão, porque a carcaça Schwalbe Super Race dos pneus que monta não é ideal para estas condições. É semelhante à utilizada nos seus modelos XC de competição, e apesar de ter uma boa construção, o stress numa bicicleta de 16-17kg não é o mesmo que numa de 11kg. Ainda assim, já se tornou a crítica genérica no segmento das eMTB leves, por isso não é uma surpresa.

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No entanto, pensamos que a travagem é bastante boa com o pistão duplo dos Shimano XT, pelo menos para um ciclista de 70 kg, e no geral é uma bicicleta que, apesar de ser uma eMTB leve, proporciona muita confiança para levar os seus 130 mm de curso ao limite. Se gostas de descer e queres mais, é para isso que serve a Voltage eRide, mas se o teu objetivo é fazer passeios divertidos com muita eficiência, esta Lumen é uma das melhores bicicletas deste segmento.

Scott Lumen eRide 900 (19)

O melhor: Soluções de integração. Comportamento equilibrado e manobrável. 

A melhorar: Mecânica complicada. Proteção dos pneus.

QUADRO Carbono HMF. curso 130/90 mm. MOTOR TQ HPR50 Mid. 50 Nm. BATERIA TQ 360Wh. AMORTECEDOR Fox Nude 5T EVOL. SUSPENSÃO Fox 34 Performance Elite FIT4. 130 mm. PEDALEIRA FSA Carbon. 34 d. DESVIADOR SRAM GX AXS. MANÍPULO SRAM GX AXS. CASSETE SRAM XG1275. 10-52. CORRENTE SRAM NX Eagle. TRAVÕES Shimano XT M8120. Discos MT800 CL 180 mm. DIREÇÃO Syncros.Acros. Semi-integrada. GUIADOR/AVANÇO Syncros Fraser iC SL DC Carbon. 60x760 mm. PUNHOS Syncros XC Lock-On. SELIM Syncros Tofino 1.5 Regular. ESPIGÃO DE SELIM Fox Transfer. 140 mm. RODAS Syncros Silverton 1.5-30. PNEUS Schwalbe Wicked Will 29x2.4” EVO Super Race. Addix Soft fr./Addix Speed Grip tr. PESO 16,55 kg (tamanho M sem pedais). TAMANHOS S, M, L e XL. PREÇO 7.699,90 €. +INFO www.scott-sports.com

Poderás obter mais informações em jasma.pt.

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