Enquanto apresentava a nova Ransom, em Santa Coloma de Farners, perto de Girona, a Scott aproveitou a ocasião para mostrar outra grande novidade para 2024. Voltage é um nome que já nos é familiar, desde os tempos das rígidas até a Voltage FR lançada para freeride em 2010. Sempre com seu caráter agressivo e para uso extremo. Muito mudou, mas o ADN permanece. Continua a ser uma máquina para quem busca sensações fortes, mas agora com uma filosofia diferente… e eletrificada!
Tal como acontece quando surgem novas tendências, primeiro é preciso testar e ouvir o mercado. As e-bikes não são exceção. E se os modelos full power (como a sua irmã Patron) continuam com o seu exército de fãs, é verdade que há uma subcategoria que ganha dimensão e que é o reflexo do que muitos desejam: uma e-bike que seja visualmente e em termos de condução muito próxima de uma bicicleta sem motor. É o caso da Specialized Levo SL ou da Orbea Rise, entre outras.

Na Scott, conseguiram um dos melhores equilíbrios com esta "e-Voltage". E é isso que vamos mostrar neste artigo.

CRIAÇÃO BEM DEFINIDA
A Scott sabia perfeitamente o que queria: uma bike de trail muito capaz, leve, rápida e silenciosa. Além disso, o objetivo era que as sensações proporcionadas não estivessem longe de uma bicicleta "normal". As linhas são muito discretas, com o amortecedor dentro do quadro, como nas suas irmãs Spark, Genius, Patron e Ransom. O motor TQ, muito pequeno, praticamente não se distingue do compartimento do amortecedor.
O sistema de amortecimento é mais simples que o de 7 pivôs da Ransom. Aqui, e para os 155 mm de curso disponibilizados, a Scott encontrou a solução com o seu 4-link system. O motor TQ de 50NM é o ninja dos motores, quase invisível e sem fazer qualquer ruído. O resultado? 17,9 kg para uma e-bike muito eficaz, natural e com uma amplitude de utilização muito ampla.

COMBINAÇÃO PERFEITA
O motor TQ HPR50 é a solução perfeita para obter uma assistência muito eficaz, ter um comportamento muito próximo de uma bicicleta sem motor, manter o conjunto leve e oferecer um funcionamento silencioso. Todos os ingredientes para que andar na Voltage seja quase como andar na Ransom. E à frente, quando falarmos da condução, verás!

A bateria interna é de 360 KWH e o Range Extender adiciona 160 KWH, totalizando 520 KWH, o que é suficiente para voltas bastante longas, com quase 70 km e um pouco mais de 1000 m de acumulado. O Extender pode ser carregado junto com todo o sistema pela tomada principal e é fixado diretamente no quadro, com um sistema de quick release que garante uma melhor fixação. Nessa mesma peça, podes fixar uma grade de bidon específica quando precisares de um bidon extra.
GEOMETRIA ATUAL
Tal como a sua irmã Ransom, esta Voltage foi projetada com uma geometria progressiva e muito atual. O ângulo de direção pode ser ajustado para 64º ou 65º rodando a caixa de direção ou fixando em 64,5 com copos diferentes. É bastante longa, um pouco mais que a Ransom: entre eixos tem 1270 mm no tamanho L, com um reach de 485 mm e tubo superior de 630 mm. O design do quadro permite o uso de um espigão telescópico de 140 mm de curso no tamanho S até 210 mm no XL. Quanto ao curso das suspensões, temos 155 mm atrás e 160 mm na frente, o que a Scott caracteriza como Trail, mas é quase uma bike de Enduro. Além disso, possui outras características que deixam isso explícito, como os pneus Maxxis Dissector 2.6 '', o guiador de 780 mm de largura ou os discos de 203 mm à frente e atrás.

SOLUÇÕES NOVAS E COMPROVADAS
Com a Voltage, a Scott utilizou algumas soluções já conhecidas, como o amortecedor interno, mas há novidades. Além de estar protegido do exterior, há também uma manga que evita que o cabo do espigão telescópico toque no amortecedor. Há também um guia para que o cabo não se danifique com o movimento do link do sistema de amortecimento.
Se, na Ransom, o amortecedor fica na horizontal, aqui foi possível mantê-lo na vertical, deixando distância suficiente para o motor TQ.

Quanto aos amortecedores e suas funções, há diferenças entre as versões da Voltage. Na 900 SL, 910 e 920, temos o sistema Twinloc, com os modos Lockout, Traction Control e Descend. O lockout praticamente fecha o circuito e bloqueia o amortecedor, funcionando apenas se houver algum impacto forte. No Traction Control, o volume da câmara de ar é reduzido e, por conseguinte, a compressão aumenta. Isso muda a geometria, pois há menos "sag" e conseguimos pedalar numa posição mais eficaz e vertical. Neste modo mantém-se alguma sensibilidade e tração conseguindo uma pedalada mais eficaz. E no Descend já sabes, tens o amortecedor a funcionar a 100% para que o aproveites ao máximo.

A versão 900 Tuned, por sua vez, vem com o Fox Float X e o sistema aqui usado não é o Twinlock mas sim o Tracloc. Em comum têm o modo Descend, mas os outros designam-se Climb e Ramp Control. Em vez de uma câmara de ar (Nude 6T) o Float X da versão 900 Tuned tem duas. No modo Descend, as duas câmaras de ar estão abertas, proporcionando funcionamento, curso e sensibilidade total. Mudando para o Ramp Control, uma das câmaras fecha, oferecendo mais progressividade. E no modo Climb, a compressão aumenta, reduzindo o sag, proporcionando uma posição melhor para pedalar. Tem mais tração do que o modo Lockout do amortecedor Nude 6T, mas nunca chega a bloquear.

SUPER NATURAL
Pilotar a Voltage é o mais próximo de uma bicicleta sem motor. Primeiro, pelo motor em si. É um autêntico ninja. Quase não o vemos ou ouvimos. Depois, são as sensações que nos trazem a geometria, baixo centro de gravidade e o peso contido da versão 900 Tuned que testámos (18.6kg). Não é a mais leve, essa seria a 900 SL (17.9kg), mas é a que tem mais opções de ajuste de suspensão e modos mais ativos de amortecedor. Leva o Float de duas câmaras, mais capaz num uso mais extremo do que o Nude 6T das outras versões. Em suma, a 900 Tuned é mais indicada para um uso mais extremo e por riders mais experientes que querem mais opções de regulação e não estão tão preocupados com a eficácia a subir, mas sim a descer.

TQ: A OPÇÃO IDEAL
A unidade responsável por “animar” a Voltage é o pequeno motor TQ HPR50. Já é bastante conhecido e tem sido quase sempre escolhido para equipar e-bikes "leves". Como já mostrámos anteriormente, este pequeno e discreto motor possui uma construção diferente, o que o torna muito silencioso e suave.
Quando integrado nesta Voltage, é simplesmente inaudível. Em qualquer modo de assistência ou cadência, não o ouves. O mesmo poderia ser dito sobre o seu funcionamento. Super natural e discreto. A subir, a arrancar desde parado, ou ao retomar a pedalada após um obstáculo ou pequena pausa, seja qual for a situação, proporciona uma assistência quase impercetível. A transição on-off é super suave, só sabes que o motor está a funcionar porque sem ele não conseguirias pedalar com tal facilidade.

Quanto à sua potência, é perfeitamente suficiente para a maioria dos utilizadores que procuram uma bicicleta capaz de levá-los encosta acima a um bom ritmo. Se queres um dragster para competir em subidas, não é a melhor opção. Mas se procuras uma bicicleta mais natural, aqui tens! Durante a apresentação, tivemos a oportunidade de fazer os mesmos percursos com a Ransom e com a Voltage. Um dos loops subia do hotel até ao início do famoso singletrack Spiderman (o Youtube está cheio de vídeos e nele treina a nata do EWS), trilho esse que nos traz de volta ao hotel. Demorei 35 minutos a subir com a Ransom e 18 com a Voltage (no modo intermédio de assistência), e com um esforço físico semelhante. Ou seja, se não precisas de ser o primeiro a chegar lá acima, estarás bem servido com esta bicicleta. Quanto à autonomia, uma carga completa da bateria interna, em média, consegue quase chegar a 50 km de percurso e quase 1000 m de subida se usares a assistência moderadamente (ou seja, entre os modos intermédio e turbo).

MUITO CAPAZ E EQUILIBRADA
Ao analisar os componentes e a geometria, chega-se à conclusão de que será certamente uma bicicleta capaz de um uso muito variado. E a verdade é que, se não fores muito exigente, a Voltage pode ser a única bicicleta de que precisas. Não pesa 10 kg como uma XC de topo de gama, mas com os 50NM do motor, sobes igualmente rápido. Além disso, a posição para pedalar é muito avançada devido à verticalidade do tubo de selim (77.1º) e, com os seus modos de amortecedor, consegues isolar a pedalada do amortecimento e subir a um bom ritmo.
Não tem 180 mm de curso para competir com as melhores bicicletas de Enduro. Mas, com os seus 64º de direção, 155 mm de curso atrás e 160 mm na frente, travões potentes, pneus 2.6 e reach de 485 mm no tamanho L, oferece muito para que possas desfrutar de quase todas as descidas sem medo!
Ou seja, seja qual for o uso, tranquilo ou agressivo, a Voltage pode adaptar-se.

QUASE NORMAL!
Um dos principais objetivos das marcas com as suas e-bikes "leves" é conseguir sensações o mais "normais" possível. E se a subir/rolar já vimos que conseguiram isso, graças a um motor silencioso e muito natural, a descer também se conseguiram aproximar bastante. O TQ não apenas entra, mas também “sai de cena” discretamente. Quando desces e não o utilizas, ou deixas de pedalar, não há resistência. Ganhas velocidade enquanto a inclinação o permitir. Não sentes atritos ou aquele momento em que desliga e parece que prende.
Com as suspensões bem ajustadas e no modo Descend, a Voltage tem uma boa leitura do solo, mesmo em impactos maiores. Apenas notámos que em certos drops o amortecedor precisaria de mais progressividade para não esgotar. A agilidade está num bom plano, com o peso passando bastante despercebido em zonas mais apertadas por estar bem distribuído e concentrado bem em baixo. Em termos de estabilidade, está ainda melhor, mantendo linhas certas e com muita sensação de segurança. Então, onde está a diferença para uma bicicleta normal? Sobretudo na travagem, que tens de antecipar.

O peso extra (em relação a uma trail/enduro sem motor) faz com que tenhas de travar alguns metros antes para não perderes a trajetória ideal nem entrares nas curvas descontroladamente. E também ao sair delas, se não estiveres com o motor nos modos médio ou alto, levarás algum tempo para retomar a velocidade. Mas isso, para quem procura uma bicicleta muito capaz, equilibrada e com muitas possibilidades de uso, é quase um detalhe.
Algo que notas se fores experiente ou tiveres outras bicicletas para comparar. Mas se estás a começar neste mundo "e-bike" e queres uma transição fácil, a Voltage será o ideal. Se já tens uma bike de Enduro analógica e precisas de uma bike com a qual consegues fazer o dobro das descidas no mesmo tempo, a Voltage é perfeita para treinares sem perderes o feeling de pilotagem de uma Enduro.
MODELOS VOLTAGE ERIDE
Com 6 versões, a Voltage está disponível apenas com quadros de carbono, 4 para homens e 2 Contessa para mulheres:
900 SL

Quadro carbono HMF; suspensão FOX 36 Float Factory Air / Kashima FIT4; amortecedor FOX NUDE 6T Factory EVOL; desviador Sram XX Transmission Eagle AXS; travões Sram Code Ultimate Stealth; discos 200mm; rodas Syncros Revelstoke 1.0S-30. Peso aproximado: 17.9kg (tubeless).
910

Quadro carbono HMF; suspensão FOX 36 Float Rhythm Air Grip; amortecedor Fox Nude 6T Evol; desviador Shimano XT; travões Shimano Deore M6120 4-Piston, discos 203mm; rodas Syncros X-30S com cubos Formula CL. Peso aproximado: 19.5kg (tubeless).
900 TUNED

Quadro carbono HMF; suspensão FOX 36 Float Factory Grip 2 Air / Kashima; amortecedor Fox FLOAT X NUDE Factory Evol Kashima; desviador Sram GX Eagle Transmission AXS; travões Code Silver Stealth 4-Piston, discos 200mm; rodas Syncros Revelstoke 1.0-30. Peso aproximado: 18.6kg (tubeless).
920

Quadro carbono HMF; suspensão Marzocchi Z2 Air Rail; amortecedor FOX Float Custom EVOL Performance; desviador Shimano XT; travões SRAM DB8 4 Piston, discos 200mm; rodas Syncros X-30S com cubos Formula CL. Peso aproximado: 19.3kg (tubeless).
Contessa 900

Quadro carbono HMF; suspensão FOX 36 Float Rhythm Air Grip; amortecedor FOX NUDE 6T EVOL; desviador Shimano XT; travões Shimano Deore M6120 4 Piston, discos 203mm; rodas Syncros X-30S com cubos Formula CL. Peso aproximado: 19.5kg (tubeless).
Contessa 910

Quadro carbono HMF; suspensão Marzocchi Z2 Air Rail; amortecedor FOX Float Custom EVOL Performance; desviador Shimano XT; travões SRAM DB8 4 Piston; discos 200mm; rodas Syncros X-30S com cubos Formula CL. Peso aproximado: n.d.