Ao longo de mais de 20 anos já testámos inúmeros sapatos, inclusivé modelos específicos para o Inverno que prometiam deixar os pés secos. Poucos cumpriam o que prometiam, quer porque a água entrava pela sola (zona onde os cleats estão alojados) ou pela parte superior e a maior parte deles deixava os pés gelados nos dias mais frios.

Estes Fizik Terra Artica GTX estão numa categoria à parte, pois para além de realmente manterem os pés secos (não entra água pela sola dado que a placa de fixação dos cleats está selada nem pela parte superior graças ao material Gore Tex Koala), conseguem mantê-los quentes devido a um forro polar macio que cobre todo o interior.

Para além disso, a própria lingueta é impermeável e mais volumosa, estando cosida ao apoio sobreelevado que protege o calcanhar e o tornozelo. Na prática, é uma espécie de meia que evita por um lado que entre água e frio, mas também por outro protege esta área sensível das pancadas.
Temos de confessar que é surpreendente o seu efeito no terreno. A vontade é champinhar nas poças de água e andar nas zonas mais enlameadas, tal é o efeito "milagroso" do tecido impermeável.
No entanto, temos de ressalvar que, para garantir esta proteção térmica e impermeável, temos de manter os sapatos bem ajustados. Os Artica GTX contam com dois sistemas de aperto: um aperto Boa que permite um ajuste milimétrico (muito fácil de manobrar, mesmo com luvas) e um aperto de velcro na parte superior. Além disso, conta com um apoio em tecido na parte externa do calcanhar para facilitar o processo de calçar.

Calçar é porventura a tarefa mais complicada, dado que a "meia" que envolve a parte superior requer um pouco mais de paciência no processo de encaixar o pé no interior do sapato, mas a recompensa vale mesmo a pena. O aperto em velcro é útil para manter a lingueta o mais justa possível ao pé e canela - evitando que a água entre - mas ao mesmo tempo corta ligeiramente o movimento natural do pé, o que só se nota quando caminhamos nos trilhos.
Além disso, se não usarmos a totalidade do velcro (ou melhor, a zona onde o velcro adere), essa parte tem tendência para acumular mais sujidade, requerendo uma limpeza mais cuidada, para preservar as propriedades do material.
Notámos também que, em pés mais volumosos, ou quem calça acima do 45, pode ser necessário fazer um microajuste dos cleats dado que como o sapato tem tecido espesso e forro polar, é mais volumoso, o que pode fazer com que toque ligeiramente nos cranques ou escora quando pedalamos. Pode acontecer ou não, mas convém verificar.

Gostámos também dos logotipos refletores, tanto na lateral como na traseira e do conforto geral a pedalar.
A própria sola é de elevada qualidade, com tacos bem desenhados e fabricados num material rugoso. A secção intermédia da sola, a mais crítica (aquela onde geralmente caímos quando pisamos e escorregamos numa raíz ou num tronco húmido) também possui este composto rugoso. Não possui tacos em excesso e os existentes são sobredimensionados para garantir tração. Além do mais, podemos colocar pitons, dado que este modelo está preparado para isso.
No cômputo geral, são sem sombra de dúvida os sapatos ideais para quem quer continuar a pedalar neste tempo húmido. Cumprem aquilo que prometem e no caso desta cor preta são fáceis de limpar e voltar a usar, quer em BTT, quer em gravel ou mesmo ciclocrosse.
A sola é rígida, a palmilha é ergonómica e são indiscutivelmente dos melhores sapatos específicos de Inverno que testámos. Não são baratos (custam 259€), mas valem cada cêntimo, pelo menos essa é a nossa opinião.

Estão disponíveis do 36 ao 48 com números intermédios do 37 ao 46 e em duas cores: este preto integral e em bordeaux/rosa.
Poderás saber mais detalhes AQUI.