A prova começou a um ritmo infernal - superior a 50 km/h - dado que as equipas queriam deixar em dificuldades os ciclistas que estivessem mais desgastados do contrarrelógio de ontem. Uma fuga com cerca de duas dezenas de ciclistas ainda conseguiu vingar, mas à primeira passagem pela subida do Malhão foi absorvida.
Foi nessa altura que começaram as hostilidades. Como antecipámos ontem, a INEOS-Grenadier tinha de dar tudo por tudo hoje de modo a tentar eliminar mais de um minuto de diferença que Remco Evenepoel tinha, e o homem encarregue desse trabalho foi Daniel Martínez. Este ataque partiu o pelotão e na frente ficaram 15 unidades, com destaque para Tiago Antunes (Efapel Cycling), o único luso. Na parte final da subida, a INEOS voltou a colocar um numeroso grupo na frente da corrida, passando a ter três dezenas de ciclistas.
Os quilómetros finais demoravam a passar e Evenepoel mantinha a cabeça fria. No último quilómetro, só Evenepoel, Gaudu, Higuita, McNulty e Martínez conseguiam manter um ritmo elevado e nos metros finais foi a vez de McNulty tentar a sua sorte. Nessa altura, Evenepoel descolou - contudo sabia que tinha a prova ganha, pois margem era mais do que suficiente -, tendo os colombianos Higuita e Martínez disputado a etapa. Higuita (campeão nacional colombiano) foi mais forte e ganhou a jornada.
O terceiro foi McNulty. Evenepoel cortou a linha de meta no quinto posto, mas ganhou a "Algarvia" pela segunda vez (repetiu o feito de 2020). O melhor português em prova foi Frederico Figueiredo (Glassdrive-Q8-Anicolor), no oitavo posto.
“Antes de mais quero dedicar esta vitória à bisavó da minha namorada, que faleceu no dia em que caí (2ª etapa). (...) Hoje saímos para a etapa motivados para dar o melhor e conseguimos esta vitória. A equipa teve dias difíceis no Algarve, um dos nossos caiu e partiu a clavícula, outro ficou doente, mas hoje ganhámos. Evenepoel estava muito forte, impôs um ritmo que nos deixou a todos no ‘gancho’. Pensava atacar mais tarde, mas o McNulty antecipou-se e, ainda bem. Estava um vento muito forte de frente e, para não arriscar cair de novo, decidi esperar pelos últimos 100 metros para ultrapassar o Daniel Martínez. Estou feliz com esta vitória, sobretudo por consegui-la após vencer o campeonato da Colômbia que conquistei há oito dias”, afirmou Sergio Higuita.
O pódio ficou completo pela seguinte ordem: Evenepoel, Brandon McNulty em segundo (a 1m17) e Daniel Martínez em terceiro (a 1m21).
Evenepoel: “Queria voltar e fazer o mesmo que há dois anos e estou feliz por o ter conseguido. Sabia que esta semana o contrarrelógio era o mais importante. Ontem dei tudo e ainda sentia hoje nas pernas, mas quando nos aproximámos da última subida a equipa fez um grande trabalho. Ataquei, mas vi que eles ainda estavam a seguir. Percebi que não iam atacar imediatamente e decidi meter um ritmo alto até os 200 metros. Sabia que a vantagem era grande e só queria saborear os últimos metros na minha camisola amarela, por isso é que celebrei um pouco na meta”.
“O plano antes da corrida era sobreviver nas etapas de montanha e ganhar o máximo de tempo possível no contrarrelógio. Fiz também o meu trabalho na preparação dos sprints do Fabio [Jakobsen], ganhámos duas etapas”.
Quanto às restantes camisolas, Fabio Jakobsen (Quick-Step Alpha Vinyl Team) ganhou a Camisola Verde dos pontos. João Matias (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados) ficou com a Camisola Azul de melhor trepador, Remco Evenepoel juntou a Camisola Branca de melhor jovem, à Camisola Amarela e a INEOS Grenadiers venceu por equipas.
