Rui Costa (Intermarché) está a ter um início de época fenomenal. Na última etapa da Volta à Comunidade Valenciana (entre Paterna e Valencia) esteve fortíssimo na parte final e ganhou a jornada, bem como a classificação geral.
O luso aproveitou a marcação cerrada que os principais favoritos faziam entre si e a dois quilómetros da meta atacou, dado que só 15 segundos o separavam da camisola amarela.
O italiano Giulio Ciccone, sempre de olho em Pello Bilbao (Bahrain) e Tao Geoghegan (INEOS) reagiu tarede e Rui Costa, fazendo uso da sua leitura de corrida, aproveitou o momento para atacar, batendo ao sprint Thymen Arensman (INEOS). O português sabia que a bonificação da vitória na jornada poderia ser decisiva, daí a sua tentativa e no final acabou com 21 segundos de vantagem sobre Ciccone, o que garantiu a sua vitória na geral final.
O "FILME" DA JORNADA
As hostilidades começaram logo desde o início da etapa, com vários ciclistas italianos a darem nas vistas. Samuele Batistela (Astana) foi o primeiro a saltar do pelotão e pouco depois foi a vez dos seus compatriotas Davide Gabburo (Green Project) e Alessandro Di Marchi (Jayco), que chegaram a ter uma vantagem de dois minutos e meio sobre o pelotão nas imediações da subida de Oronet (uma subida de segunda categoria).
O trio que liderava a jornada manteve a sua vantagem até ao início da subida ao alto de La Frontera (de primeira categoria), com uma percentagem média de 9% de inclinação. A equipa BORA começou a puxar na dianteira do pelotão e impôs um ritmo alto, o que obviamente deixou vários ciclistas em dificuldades.
O russo Aleksandr Vlasov, vencedor da Volta à Comunidade Valenciana em 2022 e que na etapa de sábado ficou fora do pódio a somente 8 segundos da camisola amarela, aproveitou o trabalho realizado pelos seus colegas de equipa e lançou um ataque que foi imediatamente respondido pelo líder da geral nessa altura, Ciccone (Trek), seguido de Tao Geoghegan Hart. Pouco depois foram acompanhados por Pello Bilbao e Marc Soler (UAE Emirates). Ou seja, os quatro primeiros da classificação geral entraram no grupo.
Antes de chegar ao topo da subida de La Frontera, o grupo dos favoritos tudo fez para apanhar os fugitivos. A partir dessa fase, as bonificações da meta volante em Albotraya entravam na equação, dado que os quatro primeiros tinham uma diferença temporal muito ténue entre si.
A cerca de 20 km e com um percurso totalmente plano, os nove fugitivos mantinham uma vantagem de 25 segundos sobre o grupo perseguidor, comandado nesta fase pela equipa Bahrain, com vários ciclistas a tentar dar um apoio maior ao seu líder (Pello Bilbao), além de terem o intuito de tentar ganhar a etapa.
Na meta volante os favoritos protagonizaram um apertado sprint em busca de pontos de bonificação que poderiam ser cruciais para a classificação geral, e Ciccone foi o primeiro a atacar, embora tenha sido ultrapassado por Bilbao e Hart. Deste modo, ambos passaram a ficar mais perto de ganhar a prova se ganhassem a última jornada (o britânico ficou a 3 segundos e o espanhol a 5).
A 2 km da meta, Arensman saltou do grupo, mas pouco depois foi apanhado por Rui Costa, que soube manter a cabeça fria e surpreender tudo e todos, ganhando a etapa.

No pódio, Rui Costa foi ladeado por Giulio Ciccone (segundo classificado) e por Tao Geoghegan Hart (terceiro classificado).

Depois da vitória de Rúben Guerreiro na Volta à Arábia Saudita, este início de época está a ser soberbo para os ciclistas portugueses, com este triunfo de Rui Costa numa das provas mais relevantes da temporada.