Os 202 km desta etapa entre Salò e Aprica foram apenas um aperitivo para os ciclistas, dado que as reais dificuldades foram provocadas pelo acumulado de subida. Pelo caminho, os ciclistas tiveram que enfrentar três subidas de montanha de 1.ª categoria: Goletto di Cadino (1938m), Passo del Mortirolo (1854m) e Valico di Santa Cristina (1448m).
Jan Hirt (Intermarché-Wanty-Gobert Matériaux) foi o mais forte, atacou e conseguiu ganhar a etapa em grande sofrimento. Thymen Arensman (Team DSM) e Jai Hindley (Bora-Hansgrohe) foram o segundo e terceiro, respetivamente.
No momento da verdade, já nos quilómetros finais ficaram somente Mikel Landa, Richard Carapaz, Jai Hindley e João Almeida no grupo principal, tendo Landa sido o primeiro a atacar. João Almeida descolou nessa altura e seguiu ao seu ritmo, aproximando-se aos poucos do trio, contudo Jai Hindley aproveitou essa fase para deixar novamente o luso em dificuldades quando o terreno ficou mais íngreme. Seguindo o seu próprio ritmo, Almeida conseguia recuperar e encontrava-se a cerca de 9 segundos desse grupo e foi nessa altura que Carapaz acelerou novamente.
Na descida final em direção à meta, a estrada estava molhada e Jan Hirt quase caiu. Atrás, o trio apanhou Valverde (que estava isolado). João Almeida não perdeu muito tempo na descida, mas também nenhum dos elementos do grupo dos favoritos arriscou.
Feitas as contas, na classificação geral Carapaz continua a liderar, Jai Hindley está agora a somente 3 segundos e João Almeida passa a estar a 44 segundos. Almeida continuar a liderar a classificação da juventude.
Jan Hirt referiu no final: ": “Tive alguns problemas durante a etapa. A corrente saía constantamente e na descida tive câibras... mas nunca baixei os braços. Estou muito feliz por ter aguentado sozinho. Sempre disse que o meu maior sonho era ganhar uma etapa da Volta a Itália e agora que já o concretizei, não vou ficar por aqui."
Por sua vez, Richard Carapaz, líder da classificação geral, salientou: "Foi uma etapa muito dura e agora que já acabou estou muito feliz. Ainda pensei que conseguisse ganhar o sprint na luta pelo terceiro lugar, não o consegui, mas mesmo assim foi um dia positivo para mim. Perdi alguns segundos para o Hindley, mas ganhei tempo ao João Almeida, por isso o balanço é positivo".
Amanhã o pelotão terá pela frente mais dois colossos: o Passo del Vetriolo (1383m) e o Monterovere (1261m).
E quanto a João Almeida? Carapaz e Jai Hindley parecem ser os mais fortes deste Giro nesta fase, mas tudo pode acontecer. Uma má alimentação, uma queda, uma má colocação podem fazer perder tempo. O luso tem a desvantagem de não ser um ciclista explosivo e de não conseguir responder a ataques na alta montanha, mas os seus rivais não vão conseguir atacar sempre. Se João Almeida conseguir fazer o que fez hoje, limitando o prejuízo, o pódio ainda pode estar ao seu alcance. Landa está na luta também e é um ciclista a ter em conta.