Dylan van Baarle (INEOS Grenadiers) ganhou a edição 119 do "Inferno do Norte" (a mais rápida da história), com um ataque imparável a cerca de 20 km da meta. O ciclista dos Países Baixos foi um dos mais ativos durante os 257 km de prova e celebrou no velódromo de Paris a sua vitória mais importante até à data. Nesta edição - que não contou com ciclistas portugueses - o segundo a cortar a meta foi Wout van Aert (Jumbo-Visma) e o terceiro Stegan Kung (Groupama-FDJ).
A equipa que mais arriscou foi sem sombra de dúvida a INEOS Grenadiers. A cerca de 210 km da meta, aproveitou os fortes ventos laterais para encetar um ritmo demoníaco que partiu o pelotão em dois blocos. No segundo grupo estavam nomes importantes como Mathieu van der Poel (Alpecin-Fenix), Wout van Aert (Jumbo-Visma), Christophe Laporte (Jumbo-Visma), Kasper Asgreen (Quick Step Alpha Vinyl Team) e Stefan Kung (Groupama-FDJ). Soaram os alarmes dentro dessas equipas, tentando recolar ao grupo da frente, numa tarefa que consumiu muita energia.
A diferença entre o primeiro e o segundo grupo chegou a ser de um minuto e meio e a Alpecin-Fenix foi obrigada a trabalhar tentando diminuir a distância. No entanto, as quedas, os furos e os ataques iam acontecendo até que Matej Mohoric (Bahrain-Victorious), a cerca de 109 km da meta, decidiu que estava na altura de tentar atacar. No seu encalce seguiu um grupo bastante interessante que rolou junto durante bastantes quilómetros.
À passagem pelo mítico bosque de Arenberg (2,3 km), um setor de pavé de cinco estrelas (categoria máxima em termos de dificuldade), os dois grupos juntaram-se e nesta fase faltavam 90 km para a meta. Pouco depois, Van Aert iniciou mais um ataque que reduziu o grupo, deixando somente os mais fortes: Mathieu van der Poel (Alpecin Fenix), Stefan Küng (Groupama FDJ), Ben Turner (INEOS Grenadiers), Dylan Van Baarle (INEOS Grenadiers), Yves Lampaert (Quick Step Alpha Vinyl Team), Florian Sénéchal (Quick Step Alpha Vinyl Team), Jasper Stuyven (Trek Segafredo) e Matteo Trentin (UAE Team Emirates).
No setor de Mons en Pévèle, Van Aert voltou a atacar, mas o grupo em vez de perder elementos ganhou mais um, Mohoric (que tinha furado). Na frente da corrida, um ciclista lutava pela vida - Tom Devriendt (Intermarché-Wanty-Gobert Matériaux) - e o desgaste acumulado começava a fazer o seu efeito. Pouco depois, Mohoric, Lampaert e Van Baarle apanharam-no e ultrapassaram-no com facilidade.
A perigosidade deste trio fez com que os restantes ciclistas que os perseguiam tentassem alcançá-los. Os primeiros foram Van Aert, Kung e Stuyven. Mathieu Van der Poel não mostrava capacidade para mais, por isso foi ficando para trás.
Dylan van Baarle mostrava uma condição física superior e mantinha-se na cabeça de corrida. No setor de Champin-en-Pévèle acelerou novamente e pouco depois deixou para trás Mohoric e Lampaert, ficando sozinho na frente.
Esta foi a vitória mais importante de Van Baarle até à data. No final, o próprio Dave Brailsford (manager da equipa britânica com um orçamento anual que ronda os 50 milhões de euros) foi abraçar pessoalmente o ciclista, numa clara demonstração de união.