A SRAM renovou o seu grupo Force AXS há dois anos, dotando-o de tecnologias herdadas do topo de gama Red AXS. No entanto, o terceiro grupo da marca, o Rival AXS, já não sofria modificações há algum tempo. A marca americana apresentou de uma só vez um facelift completo destes dois grupos, bem como o lançamento de versões XPLR de 13 velocidades específicas para gravel.
12 velocidades para estrada, 13 para gravel
Nos últimos anos, a SRAM massificou as transmissões eletrónicas sem fios, bem como os medidores de potência para BTT, estrada e gravel. Mas durante algum tempo, a eficácia do seu sistema de travagem, ou a passagem da corrente entre as cremalheiras foi dando algumas dores de cabeça aos engenheiros da marca e só após o lançamento do novo Red essas falhas ficaram corrigidas. Agora, os novos SRAM Force e Rival AXS incluem as melhorias implementadas no SRAM Red AXS, bem como mais algumas novidades...
Passam a ser mais eficazes, ergonómicos, precisos, potentes e leves. Aliás, a SRAM anuncia que são os grupos mais leves no mercado dentro da sua faixa de preço. Incluem comunicação encriptada AXS, conetividade ANT+ e Bluetooth, que permite emparelhar com vários dispositivos, incluindo o novo Hammerhead Karoo de edição limitada incluído na compra do renovado Force AXS.
MANETES
As manetes são completamente novas e idênticas às SRAM Red, excepto pequenos detalhes. A ergonomia é similar, adaptando-se a uma maior variedade de mãos e com mais espaço para os dedos. O corpo possui uma leve inclinação para o interior, para que as mãos fiquem numa posição neutra e as manetes de carbono adotam uma posição mais virada para o exterior, de modo a facilitar o alcance e o acionamento. Além disso, a forma dos botões é mais nítida, evitando que cliquemos por engano.
As manetes Force (que custam 760€ o par incluindo as pinças e as mangueiras), utilizam o mesmo molde do Red, mas as borrachas têm um padrão diferente. Na parte interna de cada manete Force AXS há um botão adicional que possui, curiosamente, a mesma textura dos botões do ciclocomputador Hammerhead Karoo (que pertence à SRAM), oferecendo uma maior superfície de contato e ficando mais exposto do que o encontrado nas manetes do Red. Estes botões estão pré-programados para funcionar tal como os botões das mudanças, e através da app SRAM AXS, é possível configurar para que executem outras funções, como navegar através dos menús dos ciclocomputadores com emparelhamento ANT+.
Pela primeira vez, as manetes Rival AXS (custam 560€ o par com pinças e mangueiras) partilham o mesmo design com os grupos superiores e são fabricadas em carbono, mas não incliuem os botões extra. São ligeiramente mais pequenas, embora a marca afirme que possuem as mesmas medidas.
Outro ponto de diferenciação reside nos botões de alteração de mudanças que, embora estruturalmente sejam iguais nos três modelos, cada um possui uma superfície distinta. Seguem a lógica de acionamento eTap, ou seja, o botão direito coloca mudanças mais altas, deslocando a corrente para fora (carretos mais pequenos), enquanto o botão da mante esquerda coloca mudanças mais baixas, deslocando a corrente para dentro (carretos maiores), e se clicarmos nos dois simultaneamente, a corrente muda de prato.
TRAVÕES
Os travões HDR são muito mais potentes, permitindo travar em seco apenas com um dedo. Tanto as manetes como as pinças de travão sofreram alterações estruturais que também são herdadas do SRAM Red AXS. Nas manetes, o pistão principal foi relocalizado, atuando agora em paralelo ao corpo da manete, de forma mais direta.
Tanto as manetes de travão do Force como do Rival podem ser aproximadas ao guiador utilizando uma chave hexagonal de 2,5 mm. No entanto, ao contrário do Red, estas manetes não permitem ajustar o curso ou o ponto de contato, embora graças à tecnologia Bleeding Edge (disponível no Force, mas não no Rival), seja possível através do sangramento do circuito hidráulico dosear um pouco. As mangueiras e as pinças possuem óleo sintético DOT, tal como todos os travões de disco hidráulicos da SRAM para ciclismo (ao contrário da nova coleção de travões de BTT).
As pinças, tal como no Red, são fabricadas em duas partes (sendo mais rígidas) e os pistões foram deslocados para o lado externo, fazendo com que o ponto de pressão das pastilhas contra o disco fique um pouco mais afastado. O objetivo é que se aplique menos esforço, mas sejam mais potentes. A SRAM estima que seja necessário exercer menos 80% de força para travar. Os discos Paceline, disponíveis em 140 e 160 mm (custam 60€ cada), têm uma aranha de alumínio nova que suporta a superfície de travagem de aço, baixando o peso 20g por unidade.
DESVIADOR TRASEIRO
O desviador SRAM Force AXS (370€ sem a bateria) é 12g mais leve e o Rival AXS (320 € sem a bateria) é 20g mais ligeiro do que a versão anterior. Ambos têm um design diferente e só existe um único desviador para todas as combinações de cassete disponíveis.
A caixa das roldanas do desviador Force é toda em carbono, enquanto a do Rival tem uma placa externa de carbono e interna de alumínio. A caixa de roldanas mantém a corrente em tensão graças a uma articulação helicoidal. A roldana inferior tem 13 dentes e a superior 12 e funcionam com rolamentos selados.
DESVIADOR DIANTEIRO
Os desviadores dianteiros Force e Rival são completamente novos (custam 265 e 190€, respetivamente) e adotam todas as tecnologias e características do RED. A jaula é mais estreita, para que a passagem da corrente entre os pratos seja mais instantânea e precisa, ao requerer menos movimento lateral. Além disso, agora tem auto-alinhamento, deslocando-se milimetricamente para evitar roçar quando a corente cruza em excesso.
Ambos os modelos estão disponíveis numa única versão Yaw para os pratos X-Range e possuem orifícios que os permitem fixar numa posição mais alta ou baixa. Os seus parafusos de ajuste possuem as letras H (high speed, alta velocidade) para calibrar o prato grande e L (low speed, baixa velocidade) para o pequeno. Este detalhe não existe no desviador RED.
CASSETE
O SRAM Force tem 4 cassetes (215€) de 12 velocidades e o Rival AXS (132€) duas, todas elas compatíveis com cepos XDR. O primeiro carreto da cassete XG-1270 (Force) é de alumínio e oferece quatro combinações: 10-28, 10-30, 10-33 e 10-36, enquanto a XG-1250 (Rival) só dispõe da 10-33 e 10-36. Tanto as cassetes Force como Rival adotam a tecnologia Full Pin e tratamento Hard Chrome para prolongar a durabilidade.
CORRENTE
O característico design assimétrico da corrente Flattop (com elos planos na parte externa e curvos na interna), permite realizar perfurações sem perder resistência, já que o material necessário é colocado na parte externa.
A corrente SRAM Force Flattop (65€), agora tem elos internos e externos perfurados, sendo 12g mais leve, enquanto a Rival (50€) só tem perfurações nos elos externos, o que significa uma poupança de 10g. Os elos e os pinos possuem um revestimento Hard Chrome para reduzir o seu desgaste.
As correntes Flattop RED, Force e Rival são compatíveis com cassetes de 12 e 13 velocidades, desenhadas para bicicletas de estrada ou gravel, independentemente do modelo ou número de dentes.
CRANQUES
Os cranques do SRAM Force e Rival são completamente novos (455 e 220€, respetivamente, com pratos). São mais atrativos e no caso do Force são em carbono de 160 a 175 mm de comprimento, além de serem 33g mais leves do que os anteriores. No caso da Rival, são de alumínio e o peso reduziu 50g.
Ambos têm um eixo sobredimensionado DUB disponível para duas linhas de corrente, 45 e 47,5 mm (mais comum em gravel), o que significa que a separação entre os cranques (ou seja, o Q-Factor) seja de 145 ou 150 mm, respetivamente. Também partilham o interface de 8 parafusos Direct Mount para um ou dois pratos, permitindo alterar consoante o gosto pessoal.
Existem três combinações de pratos: 33/46, 35/48 e 37/50. Se quiseres uma opção maior, podes recorrer a pratos Red, com o correspondente desviador. O conjunto de cranques e pratos SRAM Force é 92g mais leve. No caso do grupo Rival, só há duas opções: 33/46 e 35/48.
Para estrada, a configuração mais usada será a 2x12, mas a SRAM também possui uma opção monoprato de 38 a 46 dentes ou aerodinâmico de 44 a 50 dentes.
MEDIDOR DE POTÊNCIA
O SRAM Force AXS dá prioridade ao medidor de potência com aranha (855€, incluindo os pratos), permitindo separar o bloco dos pratos do medidor de potência, ao contrário do que acontece no Red, em que os pratos e o potenciómetro de aranha fazem uma peça. A vantagem do potenciómetro Force AXS para prato duplo face ao Red é que os seus pratos Thread Mount, ficam enroscados ao medidor de potência, sendo possível separá-los para substituir os pratos. Isto requer uma chave específica nova, similar à que é utilizada nos cranques Red XPLR ou medidores de potência para BTT.
O Rival AXS inclui medidor de potência no eixo DUB, alojado no cranque esquerdo (190€ sem pratos, 380€ com pratos), e é mais barato. Fica mais protegido, mas os dados que emite são menos precisos. Este sistema utiliza pilhas AAA em vez de CR2032. O Force também possui um medidor assim, mas para eixo Wide ou XPLR, pensado mais para gravel do que para estrada (240€ sem os pratos).
Os cranques Force e Rival também podem ser complementados com um prato aerodinâmico com potenciómetro integrado, cuja novidade é que agora estão disponíveis de 44 e 46 dentes (antes só havia a partir de 48) e vão até aos 68 dentes!
GRUPO
O Force e o Rival oferecem o mesmo comportamento que o Red, mas com um detalhes menos sofisticados, o que se repercute na estética e no peso. O Sram Red AXS pesa 2.496 gramas e os renovados Force e Rival AXS 2.776 e 2.993g, respetivamente.
O peso do novo Rival é significativamente mais leve (213g), pesando quase o mesmo que o o Force atual (D2). A nova versão do Force é 183g mais leve do que a anterior e pesa mais 280g do que o Red.
A nova geração Force AXS custa 2.823€ com potenciómetro e 2.423€ sem potenciómetro. Quanto ao Rival AXS, custa 1.925€ com potenciómetro e 1.765€ sem este aparelho.
Quem comprar um grupo completo Sram Force AXS (2.099€) receberá um ciclocomputador Hammerhead Karoo.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
A SRAM pretende proporcionar as vantagens dos grupos eletrónicos sem fios a cada vez mais pessoas. E se até agora só quem tinha a carteira recheada podia comprar o grupo topo de gama, agora, com a chegada das tecnologias do Red AXS a estes modelos, é mais barato ter acesso às melhores tecnologias.
As possibilidades do protocolo de comunicação AXS são inúmeras, permitindo emparelhar vários componentes e dispositivos de maneira fácil e intuitiva. A nova versão do Force e do Rival pretende facilitar a passagem das mudanças, auto-corrigindo o alinhamento e isso significa menos esforço.
Já rolámos mais de 500 km com o novo Force AXS e podemos afirmar que é muito parecido ao Red, usado pelos profissionais. E os botões extra são mais fáceis de atuar do que os do grupo topo de gama, especialmente com luvas de inverno.
A travagem é muito potente e basta usar um dedo. Isto faz-nos gastar menos energia e ganhar confiança em descidas e curvas.
A passagem das mudanças foi melhorada consideravelmente graças ao mecanismo de auto-correção, evitando que a corrente roce, sobretudo quando está cruzada.
Todas as alterações feitas fazem com a intenção de que mais ciclistas tenham acesso às melhores tecnologias e a preços mais acessíveis, embora com acabamentos mais modestos.