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Red Bull-BORA-hansgrohe leva os testes aerodinâmicos a um novo patamar

A equipa alemã Red Bull-BORA-hansgrohe, em colaboração com a Specialized e a LaVision, usou uma tecnologia da Fórmula 1 nos testes aerodinâmicos dos seus ciclistas. Este tecnologia, denominada Velocimetria por Imagem de Partículas, permite visualizar em detalhe o movimento do ar ao redor do ciclista e da bicicleta. Neste artigo explicamos todos os detalhes. 

Ciclismo a fundo. Fotos: George Marshall / Red Bull Content Pool

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Red Bull BORA hansgrohe leva os testes aerodinâmicos a um novo patamar

A Red Bull-BORA-hansgrohe já está a preparar a nova temporada e tem trabalhado com Remco Evenepoel, Primoz Roglic e Florian Lipowitz naquilo que, na gíria, se chamam ganhos marginais, mas que, na verdade, são fatores que podem maximizar a potência, melhorar a aerodinâmica e reduzir o desgaste

Esta nova tecnologia que a equipa está a usar baseia-se na utilização de raios laser verdes num túnel de vento escuro em Catesby - uma infraestrutura ferroviária de 2.740 metros em desuso no sudoeste de Birmingham (Inglaterra), que entretanto foi remodelado e convertido numa instalação de testes aerodinâmicos de última geração -. Basicamente estes raios laser permitem ver o fluxo do ar.

Foi neste túnel de vento que os especialistas da Red Bull-Bora-hansgrohe, bem como da Specialized e da LaVision - empresa líder na tecnologia de medição por imagens - realizaram testes de Velocimetria por Imagens de Partículas, uma técnica só usada até agora na Fórmula 1. 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

Estes testes permitiram capturar em detalhe o movimento do ar ao redor do ciclista e da bicicleta utilizando milhões de microbolhas de hélio iluminadas por lasers.

Os dados obtidos permitem observar com precisão toda a dinâmica e identificar pontos de atrito do ar, validando os modelos de Dinâmica de Fluidos Computacional, ou seja, as simulações virtuais de resistência aerodinâmica. 

"Para mim, como engenheiro, isto é pura magia. Trata-se de um momento que mostra o que acontece quando a curiosidade se encontra com a tecnologia", explicou o britânico Dan Bigham, chefe de engenharia da Red Bull-Bora-hansgrohe. 

É a primeira vez que o ciclismo profissional adota esta tecnologia PIV. No fundo, a combinação de CFD, túnel de vento, testes na pista e em condições reais cria um sistema integrado que permite uma precisão sem precedentes na análise do desempenho e da posição do ciclista.

Queremos compreender o que é que realmente acontece, não só se é mais rápido ou mais lento. Com este teste PIV, finalmente conseguimos aprofundar mais em termos de aerodinâmica, mostrando aquilo que até agora estava invisível no ciclismo. Estamos a transferir a tecnologia da Fórmula 1 para as duas rodas e a gerar conhecimentos que transformam este desporto", explicou Dan Bigham. 

Os testes realizados exigiram concentração total. Foram feitas mais de 100 repetições à mesma velocidade, posição e trajetória. Este é só o início de uma nova era para o ciclismo do futuro. 

FÓRMULA 1 VOLTA A FORNECER TECNOLOGIA

Não é a primeira vez que é usada tecnologia da Fórmula 1 no ciclismo. Tivemos a oportunidade de visitar a sede da equipa de Fórmula 1 Mclaren em 2011/2012 em exclusivo nacional numa altura em que a Specialized estava a desenvolver a nova Venge, a bicicleta mais aerodinâmica fabricada nessa altura. Já em 2010, a Specialized era a única empresa no mundo do ciclismo a aperceber-se da importância da aerodinâmica na alta competição e foi a única que arriscou e investiu seriamente nesse campo.

Durante a visita, Carlos Pinto, diretor das revistas CICLISMO A FUNDO, BIKE e do site www.mountainbikes.pt apercebeu-se do elevado potencial.

"Durante a visita à sede da McLaren, apercebi-me de imediato que o potencial entre as suas partes era gigante. Por um lado, a Specialized pretendia otimizar os quadros das suas bicicletas de competição e a McLaren era a empresa ideal, dado que os seus engenheiros eram especializados em Dinâmica de Fluidos Computacional. Esse "know how" foi fundamental no desenvolvimento não só da Venge como da Tarmac e das bicicletas de contrarrelógio e triatlo que surgiram logo a seguir. Os engenheiros da marca norte-americana aprenderam a dominar esta tecnologia e passado pouco tempo construíram o seu próprio túnel de vento nas instalações da marca em Morgan Hill. O ciclismo moderno começou aí e a Specialized foi pioneira nesse aspeto. Para a McLaren esta parceria também foi positiva porque queria testar em ambiente real otimizações aerodinâmicas em materiais compósitos mais complexos e em dimensões micro, algo pouco comum nessa época. A experiência da Specialized na área do carbono e os seus contatos na indústria fizeram com que esta parceria desse dividendos para os dois lados.", referiu Carlos Pinto. 

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