Bernal foi criado em Zapaquirá, no norte de Bogotá. Ali começou a treinar e a lavrar o seu talento. Na Europa está a começar a cimentar o seu mito, que começou com letras de ouro ao converter-se no primeiro colombiano que venceu a Volta a França. Com 22 anos, é o terceiro mais jovem a vencer a prova mais dura do mundo.
A história de Bernal começou a ser escrita em altitude. E, como o próprio ciclista reconhece, com curvas e contra-curvas, como se o destino tivesse sido marcado pelo médico que recebeu o parto da sua mãe, que escolheu um nome grego, Egan, o mito do fogo, a chama que se eleva no Olimpo.
Nasceu em Bogotá em 13 de janeiro de 1997 porque a clínica de Zapaquirá estava fechada. A sua infância foi vivida entre os 2.700 metros da cidade onde vivia com os seus pais, e os 3.400 onde termina o monte Pacho, o tal topo que o tornou um ciclista com raça. Desde muito jovem ficou fã das BTT, animado pelo seu pai, Germán, segurança privado, que queria que o seu filho tivesse brilhado nesse desporto. Embora tenha tido bons resultados, Egan esteve prestes a abandonar o desporto em 2013, para estudar Jornalismo. Apenas após a intervenção de um mecenas, Pablo Mazuera, ficou animado e continuou um pouco mais.
"Disse-me que se não corresse bem, ele próprio me pagaria o curso de Jornalismo", recordou em Val Thorens, vestido já com a camisola amarela. O jovem franzino, de olhar curioso, revelou-se um autêntico prodígio. A medalha de prata que conseguiu na categoria júnior nos Mundiais de Lillehammer (Noruega) em 2014 colocou-o na mira dos principais "caça-talentos".
O italiano Gianni Savio convidou-o a ir até ao Mónaco em 2015, tendo assinado um contrato de quatro anos. Nessa altura entrou em jogo Courgnè, onde se instalou e passou a conhecer o ciclismo profissional. Em 2017 impôs-se no Tour de Porvenir e todo o mundo começou a ver uma aura ao redor de Bernal.
As grandes equipas do pelotão tentaram contratá-lo, mas apostou mais forte quem tinha mais meios e mais recursos financeiros, a Ineos (antiga Sky), que procurava uma mudança geracional para substituir os trintões britânicos Geraint Thomas e Chris Froome. "Nele surpreenderam-me duas coisas. Não ser um trepador como os outros colombianos. Sabia rolar, controlar o esforço em contrarrelógio e posicionar-se bem em cima da bicicleta. Além disso, era tão maduro que apenas dizia que queria aprender", recorda Dave Brailsford, o Diretor Principal da Ineos, o qual dirigiu seis dos sete últimos vencedores do Tour.
O seu talento transbordava. No seu primeiro ano na equipa britânica ganhou a Volta à Califórnia e imediatamente colocaram-no no Tour. Para aprender, mas também para ser gregário dos veteranos chefes de fila. No segundo ano, promoveram-no a chefe de fila para a Volta a Itália. Mas, uma vez mais, o destino foi traçado por linhas tortas. Ganhou a Paris Nice, que com frequência designa o vencedor da Volta a França.
Com a clavícula partida, o seu treinador chorava enquanto lhe perguntavam se poderia estar bem fisicamente a tempo do Tour. Curou-se a tempo. Ganhou a Volta à Suíça e, novamente com as curvas e contra-curvas da vida à mistura, quis o destino que Chris Froome não pudesse estar presente no Tour a lutar pela quinta vitória, após uma queda grave no Dauphiné, que quase lhe custou a vida (Froome perdeu mais de dois litros de sangue e se não tivesse sido transportado de helicóptero para o hospital, o cenário poderia ter sido outro). Deste modo, Egan Bernal, com apenas 22 anos de idade, romou a Bruxelas como co-líder da melhor equipa do mundo.
Passou todo o Tour a esconder as suas cartas na sombra de Thomas, o líder assumido e aquele que tinha experiência suficiente para suportar a pressão de ser favorito. Mas quando as etapas do Tour ultrapassaram os 2.000 metros de altitude, emergiu o espírito de vencedor, que alguns já identificam como o "canibal", recordando o belga Eddy Merckx. O seu ataque no col de L´Iserán ficou na história do Tour.
Queres um poster de Egan Bernal? Faz como Olivier Bonamissi da Eurosport Portugal, que colocou o poster bem visível no estúdio do canal desportivo.
Poderás encontrar este poster na revista Ciclismo a fundo nº3, atualmente nas bancas. Mas despacha-te, pois já há poucos exemplares nas bancas e gasolineiras da Galp e BP.