As grandes marcas de espigões telescópicos (Fox, RockShox, etc) desenvolvem os seus próprios sistemas hidráulicos. O seu funcionamento pode ser mais fiável, duradouro, suave ou ajustável, mas a manutenção é também mais dispendiosa. A verdade é que existem atualmente dezenas de marcas e modelos "clone" de espigões telescópicos, baseados no mesmo sistema, todos muito semelhantes mesmo externamente, e mais acessíveis a todos os orçamentos.
É possível até que a tua bicicleta tenha um destes, e da mesma marca que a própria bicicleta (Cannondale, Giant, etc.). Trabalham com um controlo remoto por cabo, e nas suas "entranhas" têm um simples amortecedor hidráulico, semelhante ao que se encontra no porta-bagagens de um carro. Este amortecedor tem a capacidade de abrir ou bloquear a passagem de óleo, dependendo de como pressionamos o controlo, e isto permite-nos ajustar a altura.
Em caso de falha do sistema (não desce, não sobe, não bloqueia em nenhum ponto, aparece folga vertical...) não há reparação possível, apenas um novo cartucho hidráulico pode ser utilizado. O preço destes cartuchos varia entre 30 e 80 euros, dependendo da marca e do modelo, e são muito fáceis de substituir. Usámos - como exemplo - um espigão de selim Onoff Pija, e embora o processo possa diferir ligeiramente em algumas etapas, em todas as marcas é muito semelhante: basta remover o cartucho defeituoso e inserir o novo.

FERRAMENTAS
PASSO A PASSO
PASSO 1> Nos 4 primeiros passos vamos analisar a limpeza periódica e a manutenção da lubrificação, que deve ser realizada pelo menos uma vez por mês. Desaperta o anel (à mão) para aceder ao casquilho de fricção e ao retentor.
PASSO 2> A água e a sujidade infiltram-se através do retentor do anel. Depois de o levantares, limpa-o cuidadosamente. É melhor empurrar a sujidade ou óleo contaminado na direção do casquilho de fricção e não o contrário, para evitar empurrá-la para dentro.
PASSO 3> Aplica massa lubrificante e toma nota disto: para casquilhos de fricção ou peças de contacto deslizantes, a massa lubrificante de Teflon é a melhor. O teflon é altamente escorregadio, reduz a fricção e melhora a suavidade.
PASSO 4> Certifica-te de que limpaste o interior do anel e volta a enroscá-lo. Aperta à mão com firmeza. Está feita a manutenção parcial regular. Agora vamos aceder ao interior.
PASSO 5> Retira o aperto do espigão porque por baixo, no final da barra do espigão do selim, há uma porca (passo 11) que segura o sistema hidráulico e que teremos de remover mais tarde. Mantém a posição das peças para as montar no final.
PASSO 6> Roda o espigão 180º e retira o mecanismo onde o cabo é fixado e onde encontrarás também a alavanca que atua sobre o sistema hidráulico. Neste caso, a peça é enroscada, mas noutros espigões pode ser fixada de uma forma diferente.
PASSO 7> Tem cuidado para não puxar até ao fim. Neste Onoff Pija, há dois parafusos que atuam como pinos, segurando a extremidade da haste hidráulica.
PASSO 8> Agora, levanta a peça e terás acesso ao interior do espigão de selim, mas para isso tens de soltar novamente o anel, como no passo 1, para poderes separar a bainha do tubo e aceder ao sistema de guia.
PASSO 9> Cuidadosamente, puxa a bainha e o tubo para o lado. O que aparece são os casquilhos de fricção que permitem um deslizamento suave, e os "rolos" ou guias que são 3 placas que impedem a rotação entre a bainha e o tubo.
PASSO 10> Agora roda o espigão e segura a porca de fixação superior, que deve ser completamente removida para libertar o cartucho. É possível que rodar a porca também faça girar o cartucho, pelo que terá de ser apertado com um torno.
PASSO 11> Se colocares lado a lado o cartucho e o espigão conseguirás compreender melhor como funciona o sistema. É tudo muito simples, mas altamente eficaz.
PASSO 12> Ao comprar o cartucho de substituição, certifica-te de que compras o tamanho correto. Há muitos tamanhos (100, 120, 150mm...) e todos eles têm o seu próprio cartucho. Normalmente também não são compatíveis entre marcas diferentes.
PASSO 13> Aproveita a oportunidade para fazer uma revisão geral de todo o sistema de deslizamento, que, à medida que sobe e desce, acaba por se desgastar ligeiramente e origina folgas frontais e laterais. Após a limpeza, coloca o casquilho no seu lugar.
PASSO 14> Há muitos tipos de rolos. De facto, os rolos deste espigão de selim são mais parecidos com placas do que cilindros, mas a sua forma mais comum é geralmente cilíndrica. Coloca-os nos seus entalhes correspondentes, e se vires que caem, "cola-os" com um pouco de massa.
PASSO 15> O segundo casquilho de fricção vai para a extremidade do tubo. Entre este e o primeiro casquilho, o movimento suave é assegurado sem folga lateral ou frontal. A folga rotacional ou axial é uma questão dos rolos; a folga vertical é uma questão do cartucho.
PASSO 16> Antes de voltar a montar a bainha no tubo, o interior deve ser cuidadosamente limpo. Existem ranhuras no interior onde os rolos ou placas deslizam, e é aqui que a sujidade tende a acumular-se.
PASSO 17> Com o cartucho já no lugar (seguindo os passos da sua desmontagem de trás para a frente) e o sistema de deslizamento bem lubrificado, tudo o que resta é reinserir o tubo na bainha, e depois aparafusar o anel e o mecanismo do cabo.
PASSO 18> Se tudo tiver sido corretamente montado, a folga vertical terá desaparecido. Se, com o espigão fora da bicicleta, ainda sentires folga, é porque uma das porcas não foi bem apertada e terás de a verificar novamente.