Embora os quadros em carbono sejam a escolha da maioria dos consumidores, a verdade é que o preço dos bens de consumo e o aumento das taxas de juro fez com que a maioria dos portugueses perdesse poder de compra e numa aquisição de um bem “supérfluo”, a escolha recaia para o modelo mais barato. Muitos portugueses, embora o IVA das bicicletas tenha descido para os 6%, adiaram as suas compras, com receio de não ter capacidade de honrar os seus compromissos financeiros. Muitos nem ponderaram comprar uma bicicleta em alumínio, mesmo sendo provavelmente a melhor opção. Sejamos realistas: não somos todos ciclistas profissionais, e para quem só consegue andar ao fim de semana, uma bicicleta mais barata pode ser a compra ideal.
Esta Trek Émonda que testámos enquadra-se neste segmento. Custa pouco mais de 2.000 euros e na produção do quadro foi usado o melhor alumínio, o Alpha 300 com soldas invisíveis, sobretudo na parte dianteira. A forqueta é em carbono e a geometria é a mesma dos modelos de competição da marca: o H1.5. Não te assustes, pois apesar do nome, não é desconfortável. É uma geometria em que o corpo adota uma posição de condução não agressiva, mas aerodinâmica. O quadro tem tubos com um formato Kammtail, ou seja, ajudam a manter a velocidade elevada, com ganhos aerodinâmicos. Isso é visível sobretudo no triângulo dianteiro. Mas há mais detalhes que nos surpreenderam nesta bicicleta, como o facto de incluir cablagem interna a partir da zona da direção. Assim, o quadro tem um aspeto hi-tech – quase semelhante a um de carbono – muito limpo, sem cabos à mistura e com uma decoração elegante, mas sem nos deixar com a carteira vazia.
AVALIAÇÃO: 8,2
- Quadro: 8
- Forqueta: 9
- Transmissão: 8
- Componentes: 8
- Rodas: 8

MONTAGEM CUIDADA
Obviamente para manter um preço acessível este modelo vem equipado com componentes que se enquadram com a sua faixa de preço. A transmissão é a fiável Shimano 105, com o ADN dos grupos topo de gama Dura-Ace e Ultegra, incluindo os travões de disco hidráulicos, para a máxima segurança em qualquer condição climatérica. As rodas são tubeless ready, portanto basta colocar as válvulas e líquido selante para podermos usufruir de todas as vantagens deste sistema. Curiosamente traz pneus de dimensões diferentes à frente e atrás. Por exemplo, na dianteira traz um pneu Bontrager R1 25c enquanto atrás inclui um de 32C. No site da marca não está mencionada esta diferença no tamanho dos pneus, portanto não sabemos se foi algo pontual ou se todas as bicicletas são vendidas assim, em todo o caso a consequência é um aumento de conforto na parte traseira, mais aderência (por haver uma maior superfície do pneu em contato com o solo) e mais velocidade.
Os restantes periféricos são de alumínio da Bontrager (rodas Paradigm SL, espigão Comp, avanço Elite e guiador Comp VRC.). O selim é o Bontrager Verse Comp, uma versão barata com carris em aço, mas extremamente confortável e com um almofadado generoso.
A transmissão tem um rácio homogéneo, que se enquadra no público-alvo a que se destina (cremalheiras 34/50 e carretos 11/30), tendo desmultiplicações suficientes para a grande maioria das situações.

COMPORTAMENTO
É na estrada que conseguimos realmente validar se aquilo que a marca promete é conseguido. Embora seja verdade que o quadro é leve, a montagem tem o seu peso, o que faz com que este modelo no tamanho 58 pese 9,02 kg. Em retas não notamos lastro e a bicicleta comporta-se como qualquer outra, inclusive de carbono, conseguindo manter velocidades elevadas quando estamos em pelotão. Em descidas, mesmo naquelas mais técnicas que exigem curvar com mais convicção ou que possuem mudanças rápidas de direção consegue desenvencilhar-se com aprumo e não fica nada atrás de modelos que custam o dobro ou o triplo.
É, inclusive, mais confortável do que muitas bicicletas topo de gama extremamente rígidas que já testámos no passado. No entanto, quando temos de fazer mudanças de velocidade (sprint) ou em subida notamos o peso extra. Não é que se torne penoso, mas o peso obriga-nos a gastar mais energia e obviamente numa subida longa a velocidade média baixa. Experimentámos esta bicicleta em várias estradas, em vários tipos de piso, incluindo Oeiras, Cascais, Sintra e na Serra da Estrela, onde aproveitámos para testar a Émonda na subida das Penhas Douradas. O resultado foi óbvio: mais conforto do que com outras bicicletas que já testámos, mais confiança nas descidas, desmultiplicação coerente com aquilo que se pretende e o expectável peso extra a baixar a velocidade média.
Em todo o caso, temos de ser coerentes. Nas nossas voltas não passamos a maior parte do tempo a subir, portanto o peso é algo relativo quando o conforto, o preço e o tipo de utilização são características muito mais importantes.

GEOMETRIA
O quadro é bastante compacto, permitindo-nos adotar várias posições em cima da bicicleta, umas mais neutras (por exemplo, com as mãos em cima do guiador, para subidas), ou mais aerodinâmicas, com as mãos nos drops e nunca sentimos desconforto.
- Tamanh:o 58
- Tubo horizontal: 574 mm
- Reach: 396 mm
- Tubo vertical: 553 mm
- Ângulo do tubo vertical: 73º
- Ângulo de direção: 73,8º
- Distância entre eixos: 992 mm
- Escoras: 411 mm
- Stack: 581 mm
DETALHES
CABOS OCULTOS
A cablagem interna é encaminhada através da direção, deixando um aspeto mais limpo, homogéneo e profissional.

SOLDAS PERFEITAS
Nesta bicicleta, quase nem notamos que estamos perante um quadro em alumínio. As soldas estão tão bem feitas e aplanadas que é preciso olhar cuidadosamente para conseguir distinguir.

COMPACTA
Para além das dimensões compactas do quadro (basta ver na ficha técnica o comprimento entre eixos), tanto o avanço como o guiador têm dimensões reduzidas para uma posição de condução confortável, mas sem ser relaxada. É, para nós, a posição ideal.

TRANSMISSÃO
A Trek escolheu o grupo mecânico Shimano 105 de 11 velocidades para esta Émonda em alumínio. Tem um rácio adequado para o tipo de utilizador a que se destina (50/34 à frente e 11/30 atrás).

O VEREDITO
Se procuras uma bicicleta eficiente, que não custe uma fortuna e que garanta estabilidade, conforto e fiabilidade, esta Trek Émonda ALR pode ser a melhor opção para ti. Mais ainda se nem sequer queres ouvir falar em fibra de carbono e epóxi. Garantimos que não te vais arrepender.
BALANÇO FINAL
A pintura divide opiniões, mas a verdade é que esteticamente esta nova Madone ALR é a prova de que os quadros em alumínio podem ter um look cuidado, muito semelhante aos em carbono. Em termos de conforto, preferimos os quadros em carbono, mas este ALR não fica muito atrás.
PONTUAÇÃO: 8,5
- Estabilidade: 9,5
- Travagem: 9
- Conforto: 9
- Cicloturismo: 9
- Competição: 6
FICHA TÉCNICA
QUADRO
Quadro: Alumínio Alpha 300
Forqueta: Émonda ALR em carbono
Tamanhos: 47 a 62
Cores: preto e bluelight pink
TRANSMISSÃO
Pedaleiro: Shimano 105 R7000 50/34
Desviador dianteiro: Shimano 105
Desviador traseiro: Shimano 105
Manípulos: Shimano 105 R7020
Corrente: Shimano 105
RODAS
Rodas: Bontrager Paradigm SL TLR
Cassete: Shimano 105 R7000, 11/30
Pneus: Bontrager R1 700x25 e 700x32
Travões: Shimano 105
COMPONENTES
Guiador: Bontrager Comp VR-C, alumínio
Avanço: Bontrager Elite, 31,8 mm, 100 mm, 7 graus
Espigão: Bontrager Comp, alumínio, 27,2 mm
Selim: Bontrager Verse Comp, 145 mm
VALORES
Peso: 9,02 kg (tam. 58)
Preço: 2.050,68€
Distribuidor: Trek Bikes
Site: www.trekbikes.com