Em 2011 a marca espanhola sedeada em Vitoria apresentou a Ultralight, uma bicicleta desenhada para obter o máximo desempenho nas provas mais duras do mundo. O seu quadro pesava nessa altura 750g e a forqueta 300g - no tamanho M e ambos pintados - fazendo com que uma bicicleta de série pesasse somente 4,8 kg, um valor recorde. Três anos depois foi lançada a versão EVO que era 690g ainda mais leve, convertendo-se no quadro mais leve do mercado e que com todos os componentes montados, incluindo os pedais, porta-bidon e ciclocomputador ficava bastante abaixo dos 6,8 kg.
Em 2020 a Ultralight EVO sofreu alguns retoques a nível aerodinâmico, adotando soluções tecnológicas como a cablagem totalmente oculta através do avanço e guiador - uma solução que também foi adotada na G8 entretanto descontinuada -. Apesar de incluir suportes para travões de diso - e os respetivos reforços nas zonas críticas - o peso do quadro não aumentou muito (pesa 750g no tamanho M).

A escassos dias de começar a temporada de 2023, a BH lançou a última geração Ultralight EVO com um design herdado da Aerolight, de modo a diminuir a resistência ao vento e ser ainda mais rápida em todos os terrenos, não só em subidas. As diferenças face à versão anterior são várias.
No processo de construção do quadro e da forqueta foi adotado o método Hollow Core Internal Molding que também é utilizado nos modelos de carbono mais avançados da BH. Isto permite criar um quadro sem material residual no interior e controlar a espessura do carbono com precisão em cada zona, algo imprescindível para conseguir a melhor relação rigidez/peso.
O conjunto (forqueta e quadro) tem linhas mais aerodinâmicas e modernas, com secções Kammtail visíveis tanto no tubo diagonal como no vertical, enquanto o horizontal tem uma secção mais retangular.

As escoras agora já não têm ligação direta ao cruzamento do tubo horizontal com o vertical, passando a estar localizadas mais abaixo. O objetivo é reduzir a resistência ao vento, aumentar o conforto e a rigidez da zona sem aumentar o peso.
ALTO DESEMPENHO
Na zona do pedaleiro, foi adotado o sistema BB386EVO que tem uma largura de 86,5 mm, permitindo que essa zona do quadro seja sobredimensionada sem aumentar o peso. Além disso, isto permite que o quadro não vergue quando estamos a sprintar ou a pedalar em pé nas subidas. Este conceito base - sobredimensionado - também está presente na união da forqueta com a direção e com o tubo diagonal.
A forqueta adota o design Air Blow estreado na Aerolight, que se caracteriza pela sua peculiar curvatura situada na parte superior, que melhora a absorção das irregularidades do terreno.

O espigão de selim já não é redondo. Agora tem um formato em "D", o mesmo do tubo vertical. Trata-se de um modelo exclusivo para esta Ultralight e o parafuso de aperto do espigão ao quadro fica oculto, melhorando o design e a aerodinâmica.
Além disso, embora não seja novidade, utiliza eixos passantes com alavanca oculta. Para apertar ou desapertar as rodas não precisamos de levar uma chave allen, o que é sempre uma boa notícia. Como seria de esperar, a cablagem fica escondida através do interior do avanço e da direção, de modo a reduzir a resistência ao vento e proporcionar um design mais limpo.

Quanto à estética da bicicleta, cada um pode ter uma opinião diferente, mas não podemos negar que esta nova versão tem um design muito pessoal e distinto.
TESTE
Tivemos a oportunidade de testar esta bicicleta durante alguns dias na apresentação oficial e a primeira coisa que saltou à vista foi a essência, pois permanece a mesma. Ou seja, é definitivamente uma bicicleta muito leve, rígida, para competição, mas está mais aerodinâmica. Vai ser uma das bicicletas oficiais da equipa UCI ProTeam Burgos-BH, juntamente com a Aerolight.
Se compararmos com a geração anterior, a nova Ultralight EVO mantém as mesmas dimensões, mas passa a ter escoras 8 mm maiores, bem como uma distância entre eixos 5 mm maior - no tamanho M que testámos - melhorando ligeiramente a estabilidade. O tubo da direção foi encurtado e tem agora 126 mm, enquanto a geração anterior tinha 150 mm, fazendo com que adotemos uma posição de condução mais agressiva. Por isso, aconselhamos a quem tem pouca elasticidade a deixar alguns espaçadores entre o copo superior da direção e o avanço.

Embora não a possamos considerar uma bicicleta instável, é preciso alguma experiência para retirar o máximo rendimento dela. E também não é desconfortável, apesar da rigidez extra proporcionada pelo eixo sobredimensionado, fruto das escoras, do espigão de selim e dos pneus de 28 mm.
A versão que testámos, a 9.0, inclui uma transmissão eletrónica sem fios Shimano Dura Ace Di2 e rodas de carbono EVO 38, bem como um cockpit integrado FSA Metron 4D de carbono. Na nossa balança pesou 7,3 kg - no tamanho M e sem pedais -, mas vinha de origem com pneus que não serão os de série. Ou seja, em vez dos Hutchinson Fusion 5, trazia uns Sector 28 (da mesma marca), mas bastante mais pesados e embora fossem tubeless, traziam câmara de ar. A montagem topo de gama - a 9.5, pesa menos de 7 kg, um valor que a coloca entre as mais leves à venda em Portugal.

MONTAGENS
A nova BH Ultralight EVO já está disponível em 4 versões diferentes - todas elas com o mesmo quadro e forqueta - podendo ser personalizadas no programa BH Unique.
O modelo mais barato, o 8.0, traz um grupo Shimano 105 Di2 e rodas Vision Team 35.O 8.5 inclui um Ultegra Di2, rodas Vision TC 40 de carbono e guiador EVO ACR com avanço incoporado. No segundo nível de preço, o modelo 9.0 tem como protagonista o grupo Shimano Dura Ace, rodas EVO 38 de carbono e cockpit FSA Metron. Por último, o modelo topo de gama, o 9.5, traz uma transmissão SRAM Red eTap AXS, rodas Zipp 454 e cockpit FSA Metron.
