A caravana da Volta a França descansou ontem em Toulouse e a partir de hoje, quarta feira, a prova entra na parte decisiva. O pelotão vai rumar aos Pireneus e a partir de quinta feira até sábado assistiremos a três etapas de montanha que podem provocar estragos na classificação geral. Os ciclistas vão ter de subir os temíveis Hautacam, Peyragudes, Tourmalet e Superbagnéres, numa semana que será mais curta do que o habitual.
O irlandês Ben Healy é o atual líder da classificação geral. O seu espírito combativo, irrequieto e ousado tem dado resultado, vencendo uma etapa na Normandia e conseguindo ficar em primeiro no Maciço Central. No lote dos favoritos, Tadej Pogacar é o melhor classificado, tem uma vantagem de um minuto sobre o belga Remco Evenepoel e de 1m17 sobre o dinamarquês Jonas Vingegaard. Aliás, tirando o péssimo contrarrelógio de Caen, Vingegaard é o único que tem conseguido aguentar os ataques do Campeão do Mundo.
A Visma-Lease a Bike vai tentar pressionar o esloveno e desgastar a UAE, ainda por cima agora que perdeu João Almeida, gegário de luxo de Pogacar. A equipa neerlandesa sabe que o Tour é uma espécie de "maratona", portanto tem a consciência de que se desgastar todos os dias o esloveno, ele poderá acabar por quebrar. Esta poderá mesmo ser a única forma de derrotar um Pogacar que tem demonstrado ser um ciclista sólido e com poucas debilidades. O facto de a UAE ter perdido João Almeida (devido a consequências de uma queda) e de Pavel Sivakov estar doente, pode complicar a estratégia da equipa dos Emirados.
A alta montanha chegou ao Tour e pela primeira vez ficarão em evidência as grandes debilidades dos líderes. Hoje, os ciclistas vão ter um dia com chegada ideal para os sprinters em Toulouse, mas amanhã começa a "batalha" pela sobrevivência, com quatro subidas e um final demolidor no Hautacam, uma subida especial de 13,5 km a 7,8% de inclinação média.
No dia seguinte, a cronoescalada de Peyragudes (8 km a 7,9%) será decisiva e a última jornada nos Pireneus será no sábado, com uma das etapas rainha deste Tour, entre Pau e Superbagnéres, em Luchon. Terá quase 5.000 metros de desnível positivo e a subida de quatro montanhas: o mítico Tourmalet, Aspin, Peyresourde, e a subida final a Superbagnéres (12,4 km a 7,3%).
AS ETAPAS DA SEGUNDA SEMANA DO TOUR
11ª etapa. Quarta feira 16. Toulouse-Toulouse. 156,8 km
12ª etapa. Quinta feira 17. Auch - Hautacam. 180,6 km
No dia seguinte será a vez da cronoescalada de Peyragudes. Os primeiros 3 km têm subidas bastante fáceis, mas depois os ciclistas vão apanhar uma subida de 8 km a 7,9%. Este crono pode implicar diferenças importantes na classificação geral.
13ª etapa. Sexta feira 18. Loudenvielle - Peyragudes. CRI 10,9 km
A passagem pelos Pireneus vai fechar em grande na subida de categoria especial de Superbagnéres (12,4 km a 7,3%). Antes de os ciclistas chegarem a esta subida terão de enfrentar o lendário Tourmalet (19 km a 7,4%), Aspin (5 km a 7,6%) e Peyresourde (7,1 km a 7,8%). Aliás, esta subida regressa ao Tour passados 36 anos (quem não se lembra da vitória de Robert Millar em 1989?).
14ª etapa. Sábado 19. Pau - Luchon Superbagnères. 182,6 km
A semana vai fechar com uma etapa em Carcasonne, numa jornada para aventureiros de 169,3 km com duas subidas de terceira e uma de segunda categoria (Pas du Sant, 2,9 km a 10,2%), a 53 km da meta. Depois, na segunda feira (dia 21), os ciclistas vão ter o segundo dia de descanso em Montpellier.
15ª etapa. Domingo 20. Muret - Carcassonne. 169,3 km