Mathieu van der Poel alcançou um feito histórico: ganhar de forma consecutiva três edições da Paris-Roubaix, considerada a prova de um dia mais dura e imprevisível do mundo. Ao terminar a corrida, a felicidade emanava do seu rosto, como se um peso enorme tivesse saído dos seus ombros. A alegria de vencer e a resiliência demonstrada ficaram bem patentes na entrevista que deu.
"Esta vitória significa muito para mim. Foi uma prova muito dura, foi a Roubaix em que mais sofri em toda a minha carreira. Não esperava entrar na fuga tão cedo. O Tadej despistou-se numa curva e eu consegui sair ileso. As provas são assim mesmo. A partir desse momento, tive que me esforçar ao máximo, embora tenha conseguido uma vantagem confortável na reta da meta".
Após descrever o que aconteceu durante a corrida e que sensações sentiu nos mais de 250 km da prova, o ciclista da Alpecin-Deceuncink teve tempo para elogiar Pogacar.
"O Tadej é um grande campeão. Foi a sua estreia aqui, mas a sua performance não me surpreende porque tem um talento incrível. No futuro, quando terminar a sua carreira, vamos lembrarmo-nos dele como fazemos com Merckx. Se não tivesse cometido aquele erro, provavelmente teríamos chegado juntos ao velódromo. Não se trata de uma vingança após o Tour de Flandres: estou contente por voltar a ter boas pernas".
Além disso, o neerlandês relembrou o orgulho que sentiu ao vencer esta clássica francesa.
"Ganhar três vezes a Paris-Roubaix é super especial. É algo que não esperas quando começas a competir, porque é uma clássica em que as pernas contam tanto como a sorte. É excecional".
Depois, foi a vez de Tadej Pogacar ir à flash interview. O esloveno resumiu positivamente a sua primeira experiência no empedrado da Paris-Roubaix.
"Estava concentrado em seguir as motas quando caí. Não me apercebi que a curva estava tão perto e, por isso, não consegui travar a tempo para evitar a queda. São coisas que acontecem. Pensei que conseguiria voltar a juntar-me ao Mathieu, mas a diferença de tempo rondou sempre os 15s e o meu travão dianteiro tocava na roda. Isso mexeu com a minha cabeça e quebrei um pouco. Quando mudei de bicicleta, já estava sem forças e só queria chegar à meta o mais rápido possível".
O prodígio da UAE Team Emirates-XRG deixa no ar a possibilidade de participar novamente nesta prova no futuro.
"Pode ser que volte à Paris-Roubaix no próximo ano. Ainda faltam muitos objetivos esta temporada, por isso não quero começar a pensar já na próxima edição. Hoje foi uma grande corrida para a nossa equipa, com dois elementos no top5 final. Gostei do ambiente, com uma quantidade incrível de pessoas na beira da estrada. Foi um grande dia de competição".
Pogacar fez questão de elogiar o talento e as virtudes do neerlandês.
"O Mathieu e a Alpecin-Deceuninck estiveram muito fortes durante toda a prova. Também a Lidl-Trek esteve e se o Mads (Pedersen) não tivesse furado também estaria na luta pela vitória. Em todo o caso, o Mathieu foi o mais forte no empedrado. É um grande campeão e um dos melhores ciclistas do mundo. Competir contra ele é uma honra e uma grande motivação. Se eu ainda fosse uma criança, ele seria o meu ídolo".
Para terminar, Mads Pedersen (Lidl-Trek) também foi à flash interview. O ciclista queixou-se do furo que o fez perder tempo e perder a possibilidade de lutar pela vitória com Pogacar e Van der Poel.
"Tive o azar de furar numa altura crucial. Sentia-me bem, embora não sentisse que era o mais forte. A equipa fez um trabalho impressionante para me manter em prova, colocando-me na dianteira em cada setor. Tudo correu bem até esse momento. Mas é a vida".