Todos sabemos que Tadej Pogacar é humano e que nem sempre vence. Mas por vezes, parece que estamos a falar de um extraterrestre que consegue feitos inimagináveis com uma facilidade difícil de explicar. O esloveno venceu pela segunda vez na sua carreira o Tour de Flandres, após um ataque a 18 km da meta que foi difícil de replicar pelos seus rivais, principalmente Mathieu van der Poel, ciclista que o bateu na Milão-San Remo deste ano. A batalha foi dura e só na subida final do Paterberg o esloveno conseguiu deixar em dificuldades o neerlandês da Alpecin-Deceuninck.
Lembramos que esta clássica belga já vai na 109ª edição, tem 269 km e era esperada com grande expetativa, sobretudo devido ao duelo entre Pogacar e precisamente Van der Poel. A prova teve um plantel de luxo e as zonas em pavé estavam cheias de espectadores, rondando um milhão de pessoas ao longo da estrada.
A presença de Pogacar, Van der Poel ou Van Aert (Visma-Lease a Bike) adicionou emoção à prova e com o passar dos quilómetros os três favoritos foram alterando as suas posições no grupo principal. O espetáculo começou sobretudo na ligação entre os setores de Oude Kwaremont e Paterberg. A 58 km da meta, Pogacar deu uma sapatada na corrida e atacou, mas vários ciclistas seguiram na sua roda.
Este ataque foi neutralizado, mas como o andamento era muito elevado e o desgaste começava a apoderar-se de alguns ciclistas, aos poucos vários elementos foram perdendo o contacto. Ficaram cinco ciclistas neste grupo: Pogacar, Van der Poel, Mads Pedersen e Jasper Stuyven. Em Kruisberg, o esloveno atacou novamente, mas desta vez com uma potência ainda mais elevada e com um ritmo quase impossível de acompanhar.
O único que conseguiu seguir o esloveno foi Van der Poel, mas o campeão do mundo ainda tinha reservas de energia. Na subida final do Paterberg, deu a machadada final e Van der Poel já não teve capacidade para responder. Pogacar seguiu a bom ritmo até à meta, como se não sentisse qualquer desgaste e venceu com uma vantagem superior a um minuto e meio, concretizando o seu objetivo principal: a desforra.
Na luta pelo segundo lugar, Mads Pedersen acabou por ser o mais forte após um sprint explosivo. Van der Poel foi terceiro e Van Aert quarto.
ANTÓNIO MORGADO FAZ TRABALHO EXEMPLAR
Em 2024 António Morgado foi quinto classificado, um resultado impressionante, dado que foi a sua estreia nesta competição. Este ano o luso teve um trabalho de desgaste maior, em prol do seu líder, Tadej Pogacar. O português esteve vários quilómetros à frente do pelotão a imprimir um ritmo forte, tentando desgastar os adversários e o saldo é extremamente positivo, dado que o seu chefe de fila acabou por vencer a prova. O luso terminou em 90º lugar, visivelmente cansado, mas feliz pela vitória da UAE.
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