Demorou a acontecer - mais precisamente 15 dias -, mas Jasper Philipsen estreou a senda de vitórias da Alpecin-Deceuninck neste Tour ao bater ao sprint em Carcassonne Wout Van Aert (Jumbo-Visma) e Mads Pedersen (Trek-Segafredo).
Os ciclistas enfrentaram um dia muito quente e com várias quedas ao longo dos mais de 200 km que tiveram de percorrer. A mais grave foi a de Steven Kruijswijk, que teve de ser transportado para o hospital local.
Também o líder da prova, Jonas Vingegaard chegou a cair, mas aparentamente sem grandes consequências, tendo voltado à prova e, com a ajuda dos seus colegas, conseguiu reentrar no pelotão e terminar a etapa sem grandes problemas.
Contudo, o dia começou com más notícias para a Jumbo-Visma, dado que Primoz Roglic abandonou a prova devido a lesão. O ciclista esloveno já estava em grande sofrimento há vários dias, desde que caiu. Desta forma, numa questão de horas, Vingegaard perdeu dois dos seus gregários mais importantes para as etapas de montanha.
Mesmo assim, a mentalidade da equipa neerlandesa é positiva, dado que entram no dia de descanso com uma sólida vantagem de 2m22 sobre Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) e de 2m43 sobre Geraint Thomas (INEOS-Grenadiers).
A TENSÃO, O CALOR E AS QUEDAS
O pelotão estava claramente tenso. No dia de descanso serão novamente feitos testes PCR ao Covid 19 e existe algum nervosismo dado que nenhuma equipa quer perder mais elementos (lembramos que algumas equipas para além de ciclistas perderam elementos do staff e mesmo um dos diretores acusou positivo).
Logo após o tiro de partida, Wout Van Aert (Jumbo-Visma), Nils Politt (BORA-hansgrohe) e Mikkel Honoré (Quick Step Alpha Vinyl Team) entraram numa fuga.
Pouco depois, outros ciclistas tentaram também sair do pelotão, mas como a fuga não ganhava muito tempo, o diretor da Jumbo mandou Van Aert voltar ao pelotão, para não se desgastar.
Teve de ser a BikeExchange-Jayco a comandar as operações no pelotão para incrementar o ritmo, neutralizando os ataques que se iam sucedendo e trazer alguma calma ao grupo.
Apesar da curta distância face ao pelotão, os dois fugitivos continuaram a sua travessia e somente no Côte des Cammazes foram capturados.
Lá atrás, Michael Morkov (Quick Step Alpha Vinyl) sofria muito e perdia tempo. Entretanto, começaram as quedas no pelotão, com Franck Bonnamour (B&B Hotels-KTM) e Owain Doull (EF Education-EasyPost) a serem os primeiros afetados, mas sem grandes consequências.
Já a queda de Steven Kruijswijk (Jumbo-Visma) foi mais grave. Teve de ser transportado em maca para o hospital local, suspeitando-se (na altura) de fratura na clavícula.
Pouco depois, foi o próprio líder, Jonas Vingegaard, que caiu juntamente com Tiesj Bennot. Ambos tiveram de acelerar o ritmo para reentrar no pelotão.
No meio de tanta tensão, e talvez por essa mesma razão, os dois fugitivos foram neutralizados.
Pouco depois, as equipas dos sprinters mais versáteis entraram ao serviço, tentando deixar os sprinters mais pesados em maus lençóis, ficando Caleb Ewan (Lotto-Soudal), Fabio Jakobsen (Quick Step Alpha Vinyl) e Dylan Groenewegen (BikeExchange-Jayco) para trás.
O ritmo elevado não impediu Benjamin Thomas (Cofidis) e Alexis Gougeard (B&B Hotels-KTM) de formar um novo grupo na frente, enquanto metade da BikeExchange-Jayco ajudada Groenewegen a reentrar no pelotão, de modo a ainda ter capacidade de sprintar no final.
A junção dos que estavam na cauda do pelotão fez com que mais ciclistas concentrassem os seus esforços na perseguição a Gougeard e Thomas. O primeiro foi absorvido nos últimos 3 km e o segundo foi apanhado a somente 500 metros da meta.
O sprint final foi protagonizado por Pedersen, Van Aert e Philipsen, aproveitando este último para somar a sua primeira vitória neste Tour.
PRÓXIMA ETAPA
Após o dia de descanso, na quarta feira os ciclistas terão mais uma etapa montanhosa entre Carcassonne e Foix, com 178,5 km, sendo os primeiros 113 relativamente fáceis.
Nessa primeira parte mais ou menos plana, vão ter de passar o Côte de Saint Hilaire (1.5 km a 6.6%) e Col de L´Espinas (5.3 km a 5%). Depois enfrentarão o Port de Lers (11.4 km a 7%) e o Mur de Péguere (9.3 km a 7.9%).
Estas duas dificuldades nos últimos 60 km poderão implicar movimentações de Tadej Pogacar, que tem necessariamente de aproveitar todas as subidas mais duras para tentar diminuir a diferença temporal face a Vingegaard. Mas tudo dependerá da atitude do pelotão, dado que a subida final está a 20 km do final.
