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TESTE: Wilier Rave SLR ID2

Há uma nova geração de bicicletas de gravel destinadas a competição ou, pelo menos, a quem pretende performance. É o caso desta Wilier Rave SLR Di2 que acabámos de testar.

Jose Vicente Gisbert // FOTOS: César Cabrera

6 minutos

Testámos a Wilier Rave SLR ID2

Uma bicicleta de competição - em gravel, claro - deve ser leve, rígida, aerodinâmica, ter uma geometria agressiva, um guiador estreito e rodas de perfil alto com pneus bastante largos. 

A nova geração Rave SLR cumpre todas as características mencionadas e vai mais além, graças ao seu espetacular quadro e forqueta com design mais extremo do que o de muitos modelos aerodinâmicos de estrada. 

O quadro e a forqueta são fabricados em fibra de carbono HUS-MOD de alto módulo e LCP (Liquid Crystal Polymer). O tubo frontal e a forqueta têm uma superfície frontal mínima e uma lateral bastante ampla, para a máxima eficiência. Por sua vez, as escoras estão ligadas ao tubo de selim mais abaixo do que o habitual. Além disso, componentes como o espigão de selim e o guiador integrado são fabricados em carbono e têm um design aerodinâmico, copiando o conceito deste quadro. 

Segundo a marca, nos testes realizados no túnel de vento, a Rave SLR Di2 poupa 5,3 Watts a uma velocidade de 35 km/h em comparação com a versão anterior, o que equivale a mais de 50 segundos de poupança num percurso de 70 km a 350 watts de média. 

MONTAGEM ESCOLHIDA A DEDO

A montagem que testámos está equipada com os melhores componentes do mercado, como o grupo SRAM Red XPLR AXS - o específico da marca americana para Gravel - e as rodas Graff Aero 48 da Miche - marca comprada em 2022 pela Wilier -, ou componentes como o espigão e o cockpit integrado Wilier, e o selim Prologo Nago R4 PAS Nack, todos em carbono. 

O atual topo de gama da SRAM para gravel, o Red XPLR AXS, é o grupo mais desejado pela sua cassete de 13 carretos, que se destaca por uma desmultiplicação ampla e eficiente, mas também por uma travagem muito potente e, claro, pela ergonomia das manetes e pelo baixo peso. A cremalheira de 40 dentes, combinada com a cassete 11-46, proporciona desmultiplicações para todos os tipos de percursos. No entanto, a cremalheira poderá não ser a melhor opção para ciclistas mais competitivos, dado que 40 dentes não são suficientes para continuar a pedalar em descidas ou em zonas planas. Em todo o caso, esta configuração é bastante válida, porque permite pedalar sentado, mesmo nas subidas mais inclinadas ou longas, mantendo uma cadência estável. O desviador adota o standard Full Mount da SRAM, e está diretamente fixado à ponteira do quadro, proporcionando uma ligação muito sólida, evitando que desafine. Também possui um sistema de proteção que devolve o desviador à posição original caso sofra um impacto. 

O melhor: Quadro aerodinâmico, rígido e leve. Está equipado com a melhor transmissão para gravel. Rodas e componentes topo de gama. Geometria de competição, mas sem ser extrema. 

A sua estética não deixa ninguém indiferente. À primeira vista parece uma bicicleta de estrada aerodinâmica, mas se olharmos detalhadamente vemos que se trata realmente de uma race gravel. A sua pintura Pixel Green atrai os olhares alheios, mas confessamos que também atrai a sujidade e é difícil limpá-la facilmente. 

Tem rodas com 48 mm de perfil e pneus de 50 mm, o que aumenta o conforto. Além do mais, toda a cablagem entra diretamente pelo cockpit e tubo de direção, para melhorar a aerodinâmica e a estética. Ao contrário dos modelos mais recreativos com flare aberto, as bicicletas de competição não podem ter estas aberturas, dado que poderiam provocar quedas ou acidentes em prova (devido a toques involuntários no guiador em ultrapassagens), mas confessamos que o design do F-Bar da Wilier proporciona quase o mesmo resultado. As manetes de travão também têm um ângulo aberto para melhorar a ergonomia e isso, junto ao F-Bar, proporciona posições das mãos e pulsos menos forçadas ou incómodas, o que a longo prazo evita dores e desconforto. 

Temos de confessar que foi difícil encontrar pontos negativos nesta bicicleta, mas como temos de referir algo, destacamos a ausência de um medidor de potência. 

REFERÊNCIA

A Wilier, embora pouco conhecida em Portugal, é uma marca com mais de um século de existência. Foi criada em 1906 em Bassano di Grappa (Itália) e sempre esteve ligada à alta competição. Atualmente é a fornecedora da equipa UCI WorldTeam Groupama-FDJ. No seu departamento de investigação e desenvolvimento, chamado Wilier Triestina Innovation Lab, desenvolvem novos modelos de bicicletas, incluindo a Rave SLR Di2, que foi analisada e validada no túnel de vento e em provas de alto nível como a Unbound - disputada em Kansas, Estados Unidos -. 

A marca italiana adaptou-se às novas tendências, e neste caso do gravel competitivo, este modelo foi inspirado na Filante, a sua bicicleta de estrada mais aerodinâmica, mas com adaptações óbvias, como mais espaço para acomodar pneus de 50 mm, os quais permitem andar mais confortavelmente e em segurança sem perder velocidade. 

As rodas Miche Graff Aero têm aros em carbono de 48 mm de perfil e 27 mm de largura interna. São a base ideal para os pneus Vittoria Terreno T50 de 50 mm, embora no nosso paquímetro tenham acusado 52 mm. São uns pneus fantásticos, que absorvem muito bem, têm uma elevada aderência e tração e são uma espécie de versão híbrida entre gravel e BTT. Como pontos negativos salientamos o peso superior e o atrito em pisos muito duros. Em todo o caso, são uma escolha acertada devido às vantagens que mencionámos. 

A melhorar: Não traz medidor de potência. Copos do eixo pedaleiro Press Fit. Não inclui suporte para o ciclocomputador. 

COMPORTAMENTO

Os pneus de 50 mm da Rave SLR fazem-nos lembrar aquilo que descobrimos nos primórdios do gravel, há cerca de dez anos. Nessa altura, ao experimentarmos uns pneus de BTT de 2 polegadas (ou seja, com 50 mm), o comportamento da bicicleta mudava completamente, na nossa opinião para melhor. Mas nessa altura as marcas queriam afastar o mais possível o conceito do gravel do panorama do BTT, por isso optaram por pneus mais estreitos. Os anos passaram e as marcas reconheceram que estavam erradas e finalmente adotaram pneus de 50 mm. O mesmo está a acontecer na estrada, ou seja, as marcas estão a usar rodas mais largas e pneus de 30 ou 32 mm, dado que está provado que não são mais lentos. Em todo o caso, podes substituir por uns de 40 mm, se preferires. 

O quadro possui roscas para instalar dois porta-bidons e no caso do tubo diagonal podemos escolher duas posições distintas, mas também existem fixações na parte superior do tubo horizontal, junto à direção, para fixar uma bolsa (esta opção é a melhor, dado que as bolsas com velcro costumam danificar a pintura do quadro). Também é possível instalar um terceiro porta-bidon na zona inferior do tubo diagonal, próximo do pedaleiro, embora fique mais exposto ao pó e lama. Em todo o caso, devido ao seu carácter mais desportivo, não tem fixações para alforges e bolsas na forqueta e quadro. Nem sequer para guarda-lamas. 

O objetivo da Rave SLR Di2 é claro: poupar peso, prescindindo daquilo que não vamos precisar em provas de gravel. Em provas mais longas (vários dias), a única opção é levar uma bolsa fixada ao espigão de selim, outra debaixo do cockpit e eventualmente uma terceira no triângulo interno do quadro. 

FICHA TÉCNICA

  • QUADRO: Carbon Monocoque HUS MOD + Liquid Crystal Polymer.
  • TAMANHOS: XS, S, M, L, XL, XXL.
  • CORES: Negro, verde, roxo, creme.
  • CRANQUES: SRAM RED XPLR, 40 dentes.
  • DESVIADOR: SRAM RED XPLR AXS.
  • MANÍPULOS: SRAM RED AXS HRD.
  • CORRENTE: SRAM RED Flattop.
  • RODAS: Miche Graff Aero 48.
  • CASSETE: SRAM RED XPLR, 10-46, 13v.
  • PNEUS: Vittoria Terreno T50, 50 mm.
  • TRAVÕES: SRAM RED, discos de 160 mm.
  • AVANÇO E GUIADOR: Wilier F-Bar.
  • ESPIGÃO DE SELIM: Wilier Filante.
  • SELIM: Prologo Nago R4 PAS Nack.
  • PREÇO: 9.900 €.
  • PESO: 7,92 kg (tamanho M, sem pedais).

GEOMETRIA

A segunda geração da Race SLR mantém os ângulos e medidas da versão original, mas introduz alterações subtis para otimizar o seu comportamento. No tamanho M - o que testámos - tem um reach e um tubo horizontal maior para facilitar uma posição mais aerodinâmica. Face a outros modelos de gravel para competição não há grandes diferenças, embora esta Wilier tenha um ângulo de direção ligeiramente mais aberto para maior estabilidade. Se quiseres uma posição de condução mais baixa (no guiador), podes retirar os espaçadores situados entre a direção e o avanço. 

Poderás encontrar mais informações em Wilier Triestina. 

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